Alvos de protestos de junho de 2013 conseguem vitória nas eleições

Do UOL, em São Paulo

As manifestações de junho do ano passado e o clamor por mudanças pouco se refletiram no resultado das urnas das eleições deste ano.

No plano federal, a candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) terminou o primeiro turno na liderança, à frente de Aécio Neves (PSDB), com quem disputará a Presidência da República no próximo dia 26.

A candidata Marina Silva (PSB), que passou a campanha criticando a velha forma de fazer política, uma das principais queixas das ruas, perdeu terreno nas últimas semanas e acabou fora do segundo turno.

Marina, que assumiu a cabeça de chapa após a morte de Eduardo Campos, era a candidata que mais defendia algumas das bandeiras dos protestos, como passe livre para estudantes, alianças programáticas (e não políticas), combate à corrupção, financiamento público de campanhas.

A chamada "voz das ruas" também não levou para as urnas o maior descontentamento com o governo Dilma. Logo após os protestos de junho, despencou o índice de brasileiros que avaliaram o governo como ótimo ou bom: de cerca de 60% para 30%. Os bons índices de antes dos protestos nunca mais se repetiram. Em pesquisa da semana passada, 37% dos eleitores avaliaram a gestão como ótima ou boa.

Nem mesmo a piora da avaliação impediu que a presidente tivesse uma campanha tranquila, sem jamais ser ameaçada na briga por uma vaga no segundo turno. O pior índice de intenção de voto em Dilma foi de 34% - no final de agosto, logo após a morte de Eduardo Campos.

Os números deste domingo também mostram que os gritos de "sem partido" dos protestos de 2013 não tiveram reflexo nas urnas. Ao menos é o que mostram os percentuais de votos brancos e nulos, pouco acima dos das últimas eleições.

Nesta eleição, optaram por nenhum candidato cerca de 10% dos eleitores – sendo 4% os votos em branco, e 6% os votos nulos -, percentual semelhante ao da eleição de 2010, quando 7% votaram em branco ao anularam o voto.

O nível de abstenções também mostrou-se praticamente estável antes as últimas eleições. Neste ano, 19% dos eleitores aptos a votar não compareceram às urnas.
Em 1994 e nas três últimas eleições, o nível de abstenção variou entre 17% e 18%. Já em 2010 houve um número recorde de não comparecimento: 21%.

Protestos pelo Brasil
Protestos pelo Brasil

Disputas estaduais

A desilusão com a política e a necessidade de renovação, tão apregoadas em junho passado, também não se refletiram nos Estados, e os principais alvos dos manifestantes tiveram importantes vitórias políticas.

No Rio de Janeiro, Pezão (PMDB), sucessor de Sérgio Cabral, conseguiu uma vaga no segundo turno das eleições. A disputa será contra Crivella (PRB), outro veterano na política carioca.

Cabral sofreu um enorme desgaste com os protestos, e viu sua popularidade despencar. Em agosto do ano passado, pessoas chegaram a acampar por 36 dias na rua de Cabral, no Leblon.

Uma das principais reivindicações era pela localização do pedreiro Amarildo, que desapareceu após uma operação policial na favela da Rocinha.

Já em São Paulo, os discursos pedindo renovação também não saíram do papel. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi reeleito já no primeiro turno, com expressiva votação. Os tucanos estão no comando paulista desde 1994.

Outros políticos contestados pelos manifestantes também conseguiram bons resultados neste domingo. Renan Calheiros (PMDB) e Henrique Eduardo Alves (PMDB), respectivamente presidentes do Senado e da Câmara quando dos protestos, tiveram vitórias eleitorais.

No Rio Grande do Norte, Alves foi vai disputar o segundo turno, e em Alagoas, Renan Filho conseguiu se eleger logo na primeira rodada das eleições. Neste mesmo Estado, o ex-presidente Fernando Collor (PTB) foi reeleito para a disputa pelo Senado.

No entanto, no Maranhão e no Amapá, a família Sarney não conseguiu eleger seus candidatos. No Maranhão, Flávio Dino (PcdoB), adversário de Sarney, foi eleito governador. E, no Amapá, o candidato apoiado pelo político foi para o segundo turno.

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