O candidato do PSC à Prefeitura de Curitiba, Ratinho Junior, afirmou nesta sexta-feira (26) que a "demora em desconstruir" seu adversário, Gustavo Fruet (PDT), custou à própria campanha a perda de votos de eleitores do PT e do candidato derrotado à reeleição, Luciano Ducci (PSB), ao pedetista. Ele disse ainda que o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não ter feito campanha na capital do Paraná foi boa para sua campanha. "A ausência do Lula me ajudou", disse.

Ratinho Junior conversou com a reportagem do UOL pouco depois de ele ter publicado na página oficial de sua campanha no Facebook uma mensagem dizendo que continua na disputa, em reação à repercussão negativa para sua candidatura de uma declaração que havia dado ao jornal “Gazeta do Povo” na quinta-feira (25). O candidato afirmara ao jornal que os votos de Ducci, terceiro colocado no primeiro turno, migraram para Fruet, seu adversário no segundo turno da disputa.

O candidato do PSC fez um balanço da campanha de segundo turno, apontou falhas que, segundo ele, o deixaram atrás de Fruet nas pesquisas mais recentes de intenção de voto, mas negou que a desvantagem seja irreversível. "Trabalhamos internamente com uma margem de diferença de oito pontos percentuais [atrás de Fruet; o último Datafolha deu 17 pontos]. Dá tempo de mudar isso, sim".

Na avaliação do candidato, a estratégia adotada de relacionar Fruet ao PT, da forma como adotada por sua campanha, falhou. O PSC associou o PT, coligado de Fruet, ao julgamento do mensalão e a figuras como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, réu no processo. Ambos os candidatos são de partidos da base aliada do governo federal.

"Há um ano e meio atrás, o Gustavo chamava o PT de facção. Ele mesmo já chamou a Dilma de mentirosa, já chamou o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] de estelionato... demoramos demais a desconstruir esse posicionamento político dele dentro das próprias bases do PT", admitiu, para completar: "Se o tivéssemos desqualificado, teria mostrado que eu era o candidato legítimo do governo federal."

Para Ratinho Junior, falhou também a não desconstrução de Fruet como "novidade", qualidade que ambos atribuem às suas candidaturas --em uma prefeitura gerida há 23 anos pelo mesmo grupo político.

"O eleitor do Ducci é mais conservador, é mais difícil conquistar o voto dele. Creio que a grande maioria desses votos foi para o Gustavo, que fazia parte do grupo do Ducci até pouco tempo atrás", disse, referindo-se ao fato de Fruet ter se desfiliado do PSDB do governador Beto Richa, que apoiou o prefeito, há cerca de um ano.

"Demoramos a mostrar essa incoerência. Se o eleitor do Ducci começa a ver que o Gustavo está em um grupo adversário, pode ser ser que ainda migre para nós --em parte".

"Ausência de Lula me ajudou"

Apesar da distância nas pesquisas em relação ao adversário, Ratinho Junior avaliou como “positiva” para a própria campanha a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque curitibano. Dilma também não veio, apesar de ter comparecido a palanques de Salvador e São Paulo neste segundo turno.

Mesmo que seu pai, o empresário Carlos Massa, seja amigo pessoal do ex-presidente, o candidato do PSC defendeu o petista de ter que atuar pedindo votos a ele: “Ele [Lula] nunca passaria por cima de seu partido, que está com meu adversário. No fim, a ausência do Lula me ajudou --imagina se ele tivesse pedido votos para o Gustavo?”, indagou.

Manifestação do Facebook

Mais cedo, o candidato do PSC usou a página oficial de sua campanha no Facebook para dizer que continua na disputa. A declaração é uma resposta à repercussão ruim para sua campanha provocada pelo conteúdo publicado pela "Gazeta do Povo", que foi interpretada como um reconhecimento da derrota. Nela, Ratinho admite que os votos do terceiro colocado na disputa, o prefeito Luciano Ducci (PSB), migraram para seu adversário no segundo turno da disputa, Gustavo Fruet (PDT).

"Talvez a gente tenha deixado escapar que os eleitores do [prefeito Luciano] Ducci (PSB) migraram todos muito rápido para o Gustavo Fruet. Há uma identificação dele com este eleitor, pois ele fazia parte deste grupo político. O eleitor do Ducci acabou vendo nele [Fruet], sua segunda opção”, publicou o jornal.

A manifestação de Ratinho Junior na rede social também fez referência à reportagem publicada hoje pela Folha de S.Paulo, segundo a qual a admissão dos erros na própria campanha sinalizaram um discurso de derrota

Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quarta-feira (24), Fruet manteve a vantagem folgada sobre Ratinho Junior. De acordo com o levantamento, feito em parceria com a "RPC TV", Fruet tem 52% das intenções de voto, contra 35% de Ratinho.

A diferença entre os dois em relação à última pesquisa, da semana passada, oscilou um ponto percentual, de 16 para 17.

Candidato à reeleição, Ducci ficou em terceiro lugar e não passou ao segundo turno por uma diferença de pouco mais de 4.000 votos para Fruet.

Na página da campanha da rede social, Ratinho Junior classificou afirmou que “as eleições só terminam no domingo e até lá, vou trabalhar muito, não desisto fácil”.

Em texto semelhante ao que ele disse no último programa vespertino do horário eleitoral na TV, hoje, Ratinho Junior pediu que cada eleitor dele o ajude “a conquistar mais um, dois ou três votos” pela vitória.

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