Aliado admite preferência de Beto Richa por Ratinho Junior em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

O deputado federal Fernando Francischini (ex-PSDB, atualmente no nanico PEN) disse nesta quarta-feira (24) que seu apoio a Ratinho Junior (PSC), candidato à Prefeitura de Curitiba, teve a anuência do governador Beto Richa (PSDB).

“Comuniquei ao governador que apresentaria meu projeto aos dois candidatos e ele preferiu que eu apoiasse o Ratinho Júnior”, afirmou, em entrevista coletiva que convocou para rebater acusações de Gustavo Fruet (PDT), adversário de Ratinho na disputa pela prefeitura, relata o site “Vanguarda Política”.

A declaração de Francischini é a primeira admissão pública da preferência de Richa por Ratinho. Oficialmente, o governador declarou neutralidade após o primeiro turno, quando seu pupilo, o prefeito Luciano Ducci (PSB), perdeu a vaga no segundo turno para Fruet por uma diferença de apenas 4.402 votos (ou 0,45% dos votos válidos).

Francischini mantém relação próxima com Richa. Foi secretário municipal antidrogas à época em que o governador ocupava a prefeitura. Eleito deputado federal pelo PSDB com 130 mil votos (63 mil dos quais em Curitiba), chegou a ser cotado para candidato a vice na chapa de Ducci. Perdeu a indicação para o também deputado federal Rubens Bueno (PPS).

Por isso, resolveu deixar o PSDB – mas aguardou anuência de Richa para ingressar no novíssimo PEN, criado pela igreja evangélica Assembleia de Deus. Uma vez no partido, que passou a presidir no Paraná, anunciou apoio da legenda ao governador tucano.

Reeleição em 2014 move preferência de Richa

Nos bastidores, especula-se o apoio velado governador pela eleição de Ratinho desde que se anunciou a derrota de Ducci. O motivo – apoiado pelo PT, Fruet, se eleito, garantiria um considerável palanque em Curitiba para a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), provável candidata do PT ao governo do estado em 2014, quando Richa deverá buscar a reeleição.

Outro ingrediente explica a preferência do governador por Ratinho: Fruet, até o ano passado, era filiado ao PSDB, mas deixou o partido dizendo-se sem espaço para disputar a prefeitura. Richa e líderes tucanos locais acusaram o agora pedetista de “traição” e “incoerência”.

Em 7 de outubro, ao votar, Richa disse ao UOL que Fruet jamais o procurou para manifestar o desejo de concorrer à prefeitura. Entretanto, outro líder tucano no Paraná, o senador Alvaro Dias, classificou a versão do governador de “risível”.

Antes do primeiro turno, o cientista político Adriano Codato, professor-adjunto da UFPR (Universidade Federal do Paraná), avaliou que Richa tentara uma “jogada ousada” ao apostar todas as fichas na reeleição de Ducci.

Caso o prefeito conseguisse a reeleição, o governador se consolidaria como maior liderança tucana no estado, e de quebra teria tirado do caminho um potencial adversário interno, Fruet. Além disso, derrotaria Gleisi, que, com o marido, o também ministro Paulo Bernardo (Comunicações), foi a principal avalista da aliança do PT com Fruet.

A reportagem procurou Francischini e a assessoria de Beto Richa para que comentassem o caso, mas não houve retorno às ligações.

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