Após discutir com repórter, Serra acusa PT de enviar jornalista para "tumultuar" coletiva

Do UOL, em São Paulo*

Após José Serra, candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, discutir com um repórter da Rede Brasil Atual --ligada à CUT-- durante ato de campanha nesta sexta-feira (28), a assessoria de imprensa do tucano encaminhou nota em que afirma que o jornalista "foi enviado pelo PT para tumultuar" a agenda do tucano.

“O PT deu início, nesta sexta-feira (28), a uma nova e lamentável estratégia eleitoral em São Paulo. Enviou um repórter da Rede Brasil Atual, grupo de comunicação mantido por sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), para tumultuar a coletiva de imprensa do candidato José Serra, no bairro da Mooca, zona leste da cidade”, diz a nota.

JOSÉ SERRA CHAMA REPÓRTER DE "SEM-VERGONHA"; ASSISTA

A nota enviada pela campanha de Serra omite o fato de o repórter ter sido agredido verbalmente pelo tucano, que o chamou de "sem-vergonha".

Após caminhada por ruas da Mooca, Serra prometeu investir em cursos técnicos profissionalizantes. “O ensino que vira emprego. Essa é a minha ideia, é o que me veio agora à cabeça vindo aqui à Mooca, me lembrando da minha infância e da minha juventude aqui", disse Serra.

Após a declaração, o repórter da Rede Brasil Atual perguntou a Serra: "[Essa proposta] veio à sua cabeça agora ou está no seu plano de governo?” O candidato, então, perguntou em qual veículo o jornalista trabalhava e, diante da recusa do repórter em se identificar, não respondeu.

Ao final da entrevista, enquanto Serra caminhava em direção a seu carro, o repórter da Rede Brasil Atual voltou a questionar o candidato: "Você só responde pergunta que te favorece?" Serra, então, respondeu: “Eu não respondo pergunta de sem vergonha.”

A assessoria do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, informou que a Rede Brasil Atual não tem ligação com a campanha do ex-ministro, nem com o partido.

Já o diretor da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, disse que Serra é autoritário e negou que o repórter tenha xingado Serra, como afirma a nota enviada pelo PSDB (leia a íntegra abaixo).

"O repórter não ofendeu ninguém. Pelo contrário, foi ofendido (...) Serra tem o hábito de responder apenas ao que lhe agrada, mas parece ter dificuldade de lidar com a liberdade de imprensa. É uma postura autoritária. Se é despreparado para ouvir críticas, revela nessas situações seu desapreço pela democracia e pela liberdade de imprensa", escreveu Salvador em nota publicada no site da Rede Brasil Atual.

Leia a íntegra da nota enviada pela campanha de Serra:

PT envia repórter para tumultuar coletiva de Serra

O PT deu início, nesta sexta-feira (28), a uma nova, e lamentável, estratégia eleitoral em São Paulo. Enviou um repórter da Rede Brasil Atual, grupo de comunicação mantido por sindicatos filiados à CUT (Central Única dos Trabalhadores), para tumultuar a coletiva de imprensa do candidato José Serra, no Bairro da Mooca, zona Leste da cidade.

Após o candidato detalhar sua proposta de ampliar as vagas de ensino técnico na capital, o repórter o questionou em tom agressivo: “Veio agora à cabeça ou é seu projeto de governo?”
Serra quis saber em qual veículo o repórter trabalhava, mas a resposta foi: “Não interessa. O senhor vai responder a minha pergunta ou não?”.

Após insistência do candidato, ele admitiu ser funcionário da Rede Brasil Atual, ligada à CUT e ao PT. Serra prosseguiu com a coletiva e já se dirigia ao carro que o levaria embora quando o mesmo repórter o abordou, novamente de forma provocadora: “Você só responde pergunta favorável?”. Antes de entrar no carro, o candidato ainda foi xingado pelo jornalista da CUT.

O uso de supostos repórteres para provocar adversários ou, por outro lado, tentar promover o candidato Fernando Haddad não é inédito nesta eleição. Na última quarta-feira (26), após caminhada de Haddad por Santana, na zona Norte, um rapaz a serviço do PT se misturou aos jornalistas presentes e passou a simular perguntas claramente favoráveis ao candidato. O episódio risível foi registrado pela imprensa.

A Rede Brasil Atual é um órgão de propaganda sindical e partidária, criada em conjunto pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e pelo Sindicatos dos Bancários de São Paulo. Outros sindicatos menores aderiram. Segundo a própria Rede Brasil Atual, em vídeo que pode ser visto no YouTube, trata-se de um órgão de propaganda controlado por “58 entidades sindicais parceiras”.

A diretora responsável pela publicação é Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de SP e filiada ao PT. O outro responsável é Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A diretora financeira é Ivone Maria da Silva, secretária de Estudos Sócio-Econômicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo. A rede foi criada dentro de um esforço concentrado do PT para tentar impor sua própria visão de mundo aos meios de comunicação reais. Na época, o PT, sob inspiração de José Dirceu, sonhava criar uma estrutura de imprensa sindical que lhes desse suporte político e eleitoral.

A Rede Brasil Atual, que é mantida pelos sindicatos com o dinheiro dos trabalhadores, poderia, por exemplo, esclarecer o que aconteceu no escândalo CUT-Ministério da Educação. Segundo noticias veiculadas hoje pela imprensa, a CUT recebeu 24 milhões de reais do Ministério da Educação (MEC) durante a gestão Fernando Haddad para oferecer cursos de alfabetização que jamais foram realizados, segundo ficou comprovado por uma auditoria do TCU.

A Central Sindical – que é ligada ao PT e controla a rede Brasil Atual – já foi obrigada a devolver 4,5 milhões de reais aos cofres públicos e, pela decisão, terá que devolver o restante. Além do MEC, a CUT também recebeu valores da Petrobras para o mesmo fim – neste caso, mais 26 milhões de reais. Como também não há nenhuma prova de que os recursos tenham sido empregados em cursos de alfabetização, a CUT também terá de devolver os valores.

Os cursos de alfabetização que a CUT deveria ter feito com o dinheiro público nunca foram vistos por ninguém. A Rede Brasil Atual está aí. Só não vê quem não quer.

* Com reportagem de Débora Melo

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