Haddad cita "mensalão do PSDB" em entrevista no SP TV

Do UOL, em São Paulo

O candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, citou o chamado “mensalão do PSDB” em entrevista ao jornal “SP TV”, da Rede Globo, neste sábado (22), quando questionado pelo apresentador César Tralli sobre se o julgamento do mensalão do PT pelo STF (Supremo Tribunal Federal) “põe em xeque” o discurso ético da candidatura petista.

“[O mensalão] constrange a classe política de uma maneira geral porque políticos de todos os partidos estão respondendo a processos. O mensalão do PSDB é muito anterior, é de 1998. Desde que todos sejam julgados  (...) e punidos de acordo com o que fizeram, penso que as instituições saem fortalecidas. Agora se a Justiça se fizer pra uns, e não se fizer pra outros, penso que a democracia sai enfraquecida”, afirmou Haddad, que participou da série de entrevistas feitas pela emissora com os candidatos.

O chamado “mensalão tucano”, citado por Haddad, diz respeito ao julgamento pelo STF do suposto financiamento ilegal da campanha para o governo de Minas Gerais do hoje deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB-MG). O caso também ficou conhecido como “valerioduto mineiro” pois, assim como no processo petista, as denúncias também envolvem o publicitário Marcos Valério.

A pergunta de Tralli sobre o mensalão abriu a entrevista e, após a resposta de Haddad, o apresentador voltou ao tema, questionando se o petista concordava com a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o mensalão não teria existido.

“Penso que o presidente Lula está fazendo referência a um aspecto que é a questão da coalizão da base aliada. Porque na visão dele não é razoável imaginar que um parlamentar do PT precisasse receber recursos para votar com o governo”, afirmou Haddad.

Após as duas perguntas sobre o mensalão, o petista foi questionado ainda sobre temas de grande repercussão durante sua gestão como Ministro da Educação, como a distribuição do kit anti-homofobia - que ficou conhecido como "kit-gay" - e o vazamento das provas do Enem, que levou ao adiamento do exame.

As três últimas perguntas foram reservadas às propostas do candidato para São Paulo, quando Haddad afirmou que pretende investir em corredores de ônibus, no metrô e na regularização de camelôs.

"Kit-gay" e Enem

Sobre a não distribuição do kit anti-homofobia, depois de já elaborado, aos alunos da rede pública, Haddad afirmou que esta foi a “decisão correta” tomada por ele e pela presidente Dilma Rousseff (PT), pois ambos julgaram o material “inapropriado para distribuição”, e preferiram o destinar para a formação de professores.

Perguntado sobre se o vazamento das provas do ENEM comprometeria sua imagem como administrador, Haddad afirmou que foi o ministro que mais expandiu o ensino superior, as escolas técnicas e a qualidade do ensino fundamental, e terminou citando, como forma de atacar o candidato adversário José Serra (PSDB), o acidente na construção da linha quatro do metrô, que em 2007 abriu uma cratera e matou sete pessoas em São Paulo.

“[O vazamento no Enem] foi um crime, não foi uma fraude. O criminoso foi identificado e punido. Eu gostaria que a oposição, ao invés de me criticar, se solidarizasse comigo. Imagina na cratera do metrô, se fosse identificado um sabotador. Nós iríamos nos solidarizar com o José Serra,  governador à época. Mas não. O que aconteceu lá [no metrô] foi um erro, um homicídio culposo, não foi o caso do que aconteceu  com o Enem”, disse Haddad.

Corredores de ônibus

O candidato do PT afirmou ainda que sua proposta de construir 150 Km de corredores de ônibus será feita com a segregação de pistas para carros para os corredores. “30% da população se desloca para o trabalho de carro, e 70% de ônibus, trem e metrô. Não é razoável você não segregar uma faixa para quem se desloca de ônibus. Nós entendemos que a única maneira de recuperar qualquer viabilidade de se deslocar por São Paulo é o transporte público”, afirmou Haddad.

Para o metrô, o petista defendeu o repactuamento com o governo do Estado dos prazos e investimentos para a expansão do metrô, e rebateu a afirmação do entrevistador César Tralli de que a gestão de Marta Suplicy (PT) na prefeitura não teria “investido um único centavo no metrô”.

“Não é bem verdade isso. Nós fomos ao governo do Estado e oferecemos recursos da operação Faria Lima em troca de algumas estações, e o governo recusou a oferta. Nós não queremos repassar recursos, para o metrô aplicar no sistema financeiro. Nós queremos aplicar do jeito que a Marta estava prevendo: dinheiro novo, cronograma novo e estações novas”, disse o candidato do PT, que prometeu ainda investimentos do governo federal no metrô.

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