No Rio, Paes aposta na autoestima dos cariocas, e Freixo tenta "esticar" horário da TV na internet

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

Na estreia do horário político na TV para os concorrentes à Prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB) manteve a estratégia adotada desde que o seu nome foi confirmado como candidato à reeleição: enaltecer o "orgulho dos cariocas". O atual prefeito da capital fluminense conta com 16m17s de tempo na TV -- tempo mais de 3 minutos maior do que a soma de todos os candidatos.

PAES APOSTA EM ORGULHO, E FREIXO USA A INTERNET. VEJA ÍNTEGRA

Os principais adversários do peemedebista na corrida eleitoral, Marcelo Freixo (PSOL) e Rodrigo Maia (DEM), não partiram diretamente para o ataque contra a atual gestão. Ambos optaram por uma apresentação centralizada em suas respectivas trajetórias políticas, o que incluiu depoimentos de familiares e personalidades -- a exemplo do cantor Chico Buarque, que faz campanha para Freixo.

Paes destaca "autoestima" em alta com Copa e Olimpíada

O principal mote da longa propaganda eleitoral do atual prefeito --que equivale a quase metade de um capítulo de novela-- foi criar a ideia de que a população carioca "voltou a sentir orgulho" de morar na cidade, que receberá a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016. Os eventos esportivos, no entanto, não foram citados.

Foram exibidos vários depoimentos de cariocas que retornaram ao Rio de Janeiro após deixar a capital fluminense em busca de oportunidades em outros Estados. São proferidas frases como "voltei porque o Rio melhorou", "crescemos tanto em tão pouco tempo", "ver o Rio do passado ficando para trás", "hoje as oportunidades estão aqui", entre outras.

No contexto publicitário da campanha, o peemedebista exibe uma série de entrevistas --em uma delas, o próprio Paes vira o entrevistador in loco-- com pessoas que foram supostamente beneficiadas por programas desenvolvidos na atual gestão, tais como o Cegonha Carioca e o Bairro Carioca.

Todos os projetos mostrados --tais como o Parque de Madureira, a praça do Conhecimento, o Morar Carioca-- beneficiam principalmente moradores das zonas norte e oeste, ou de favelas como a Babilônia, por exemplo, na zona sul. Esse fato indica que a campanha de Paes busca se aproximar da população mais pobre, criando assim a imagem de um "candidato popular".

"O prefeito veio aqui no morro, viu o que estava acontecendo e afirmou que iria tirar todas as pessoas daqui... E está tirando", afirma um morador da comunidade Parque João Paulo II, beneficiado pelo projeto "Bairro Carioca".

Tempo curto na TV faz Freixo apostar na internet

O pouco tempo de TV designado para a campanha do candidato do PSOL (1m22s) levou Freixo a adotar uma estratégia simples de campanha neste primeiro dia de horário político. Sem ataques mais elaborados à atual gestão, ele se limitou a uma apresentação curricular e de sua família.

Uma alternativa encontrada pela campanha de Marcelo Freixo é a extensão do programa de TV para a internet, através de um bate-papo diário com eleitores e internautas --sempre após a propaganda na TV. O candidato também utiliza com bastante frequência as redes sociais para divulgar as suas ideias.

Ao falar de seus dois mandatos como deputado estadual, Freixo citou a CPI das Milícias, da qual foi presidente, realizada na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em 2008. O tema é fundamental para Freixo, que ganhou visibilidade a partir das investigação sobre a máfia do poder paralelo.

A campanha do concorrente do PSOL já confirmou que serão utilizadas nos próximos programas na TV imagens do filme Tropa de Elite 2, cujo personagem Diogo Fraga, o deputado que luta contra milicianos, foi inspirado na atuação de Freixo na Alerj.

Rodrigo Maia se apresenta como oposição a Paes, Cabral, Lula e Dilma

Maia foi o único candidato a citar o caso do mensalão na tentativa de atribuir a ele, então líder do extinto PFL e atual DEM, méritos por conta do trabalho realizado pela CPI que investigou o caso, instalada em julho de 2005.

"E quando veio o assunto do mensalão, a maioria da oposição não acreditava que nós tivéssemos condições, número, para conseguir instalar a CPI. Como líder de um partido de oposição, o PFL, eu cumpri o meu papel. E hoje a gente está vendo a importância que foi a instalação daquela CPI depois de todo o trabalho que nós realizamos", disse.

O filho do ex-prefeito César Maia citou ainda o fim da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos), imposto que foi extinto em janeiro de 2008, também no sentido de atribuir méritos ao seu desempenho como parlamentar.

"O governo dizia: se acabar a CMPF, o Brasil vai quebrar. Depois que acabou a CPMF foi o período onde o Brasil cresceu mais. E nós temos que pensar que se, de fato, todos os tributos que nós cobramos dos cariocas são adequados", afirmou.

A estratégia do candidato do DEM, considerando o tom de sua campanha até aqui, é a de fazer com que possíveis polêmicas relacionadas aos governos federal e estadual reflitam na imagem do candidato à reeleição, que possui larga vantagem nas pesquisas feitas desde o início do processo eleitoral. Já Eduardo Paes vem utilizando em seu favor, há muito tempo, justamente a parceria com as demais esferas governamentais.

Enquanto o concorrente do DEM tenta inseri-lo em um contexto de escândalos, a abertura de seu primeiro programa na TV, por exemplo, se deu com um depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já havia afirmado --na inauguração do Ligeirão Transoeste, na zona oeste do Rio-- que pediria votos para o peemedebista. Ambos foram punidos pelo discurso de Lula, já que ainda estavam na pré-campanha.

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