Justiça proíbe que Ducci distribua panfleto que liga mensalão a Fruet em Curitiba

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

A Justiça Eleitoral proibiu a campanha do prefeito de Curitiba e candidato a reeleição, Luciano Ducci (PSB), de distribuir panfletos que ligam o adversário Gustavo Fruet (PDT) ao mensalão.

Em caso de descumprimento, a juíza Adriana Ayres Ferreira estabeleceu multa diária de R$ 1.000. A vice na chapa de Fruet, Miriam Gonçalves, é do PT, partido acusado de orquestrar o mensalão.

Segundo a magistrada, o panfleto tem “frases atribuídas ao candidato Gustavo Fruet dissociadas do contexto em que foram ditas, (…) de tal forma que podem levar o leitor a associar a imagem do candidato às pessoas apontadas como participantes do chamado mensalão”.

A coligação “Curitiba sempre na frente”, que apoia Ducci, admitiu que é autora do panfleto, mas disse que não iria comentar a decisão da Justiça Eleitoral.

Ducci e Fruet aparecem empatados na última pesquisa do Datafolha com 23% em segundo lugar. Os dois também estão tecnicamente empatados com Ratinho Junior (PSC), com 27%.

O caso do mensalão, denunciado em 2005, foi o maior escândalo do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O processo, que começou a ser julgado na semana passada, tem 38 réus, incluindo membros da alta cúpula do PT, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). No total, são acusados 14 políticos, entre ex-ministros, dirigentes de partido e antigos e atuais deputados federais.

Fruet usou mensalão contra PT

Fruet foi peça-chave da CPI dos Correios, que investigou em 2005 o escândalo do mensalão. À época deputado federal pelo PSDB, Fruet foi sub-relator da comissão e crítico contumaz do governo do agora aliado Lula.

Em parte graças à popularidade que obteve como crítico do governo do PT, Fruet quase se elegeu senador em 2010. Em Curitiba, ele chegou a ser o candidato mais votado, com pouco mais de 650 mil votos, na frente de Roberto Requião (PMDB) e da atual ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT), que acabaram eleitos.

O resultado deu a Fruet cacife para pleitear a disputa pela Prefeitura de Curitiba. O governador Beto Richa (PSDB), apesar de ter sido apoiado por Fruet em 2010, preferiu pavimentar o caminho para a reeleição de Ducci, seu ex-vice-prefeito e aliado fiel.

Sem espaço no PSDB, Fruet filiou-se ao PDT, e teve o apoio do PT costurado pelo casal de ministros Paulo Bernardo (Comunicações) e Gleisi Hoffmann.

A “mudança de lado” de Fruet é explorada por adversários desde o início da campanha. Ao lançar sua candidatura, Ducci falou em “coerência” --embora não hesite em falar que mantém “bom relacionamento” com a presidente Dilma Rousseff (PT).

O panfleto distribuído pelos partidários do prefeito também se vale da tendência conservadora do eleitor curitibano. O PT jamais elegeu um prefeito em Curitiba. E, mesmo nas eleições vencidas por Lula e Dilma em 2002, 2006 e 2010, candidatos do PSDB foram os mais votados na cidade.

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