Partidos governistas lançam mais candidatos a prefeito; oposição tem menos candidaturas

Débora Melo e Cíntia Baio

Do UOL, em São Paulo

Levantamento feito pelo UOL com base nos dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) neste domingo (15) mostra que dois importantes partidos da base do governo Dilma Rousseff (PT) --o PT e PSB-- aumentaram o número de candidaturas a prefeito nas eleições deste ano, na comparação com a disputa de 2008, enquanto os dois principais partidos da oposição --PSDB e DEM-- lançaram menos candidatos a chefes do Executivo municipal.

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O PMDB, com 2.292 nomes, continua sendo o partido com mais candidatos a prefeito no país. Os dados divulgados pelo TSE foram fornecidos pelos próprios candidatos.

O PT terá nas eleições de outubro um total 1.789 candidatos a prefeito, contra 1.675 em 2008, o que representa aumento de 6,8% --ou 114 candidaturas a mais. Já o PSB ganhou 111 candidaturas, passando de 933 para 1.044 --aumento de 11,8%.

Para David Fleischer, cientista político da UnB (Universidade de Brasília), esse aumento está ligado à alta popularidade da gestão da presidente Dilma Rousseff. “Acredito que esses partidos estejam pegando carona no governo Dilma, aproveitando a aprovação favorável do governo para lançar seus candidatos a prefeito”, diz Fleischer.

Leonardo Barreto, também cientista político da UnB, afirma que esse movimento não é de hoje. “A expansão dos partidos dentro do governo federal começou com a ascensão de Lula ao poder. O interessante é que isso acontece em quase todos os ciclos. Quando o PSDB assumiu o governo federal, por exemplo, o número de prefeitos do partido quase dobrou”, diz.

O PSDB, que em 2008 lançou 1.870 candidatos a prefeito, terá neste ano 1.638 (queda de 12,4%). O DEM, que viu políticos migrarem para o recém-criado PSD, do prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, terá 739 nomes na corrida pelas prefeituras, contra 1.299 em 2008, o que indica uma queda de 43,11%.

Fleischer, no entanto, afirma que essa redução no número de candidaturas do DEM não é novidade desta eleição. “O número de candidatos a prefeito lançados pelo DEM começou a diminuir mesmo antes da ‘facada’ do PSD, por ser um partido de oposição. O movimento também ocorre no PSDB, mas é menor.”

Citando levantamento feito nas 81 maiores cidades do país que mostra que, das 10 que mais receberam recursos de Dilma desde janeiro de 2011, seis são governadas pelo PT, Leonardo Barreto afirma que a diferença no tratamento que o governo federal dispensa aos municípios administrados por partidos da oposição pode explicar o movimento de redução de candidaturas. “As prefeituras desses dois partidos ficam desabastecidas, o que acaba estimulando novas candidaturas. Da mesma forma, políticos que até então eram do PSDB e do DEM ficam estimulados a trocar de partido.”

PMDB

O PMDB, que também compõe a base do governo, é o partido com mais candidatos a prefeito (2.292), embora o número tenha caído 17,5% desde 2008, quando foram lançadas 2.779 candidaturas.

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“O PMDB pode ter menos candidatos neste ano porque está com foco em coligação, para eleger mais vereadores, e lançando candidatos a vice-prefeito de olho nas eleições de 2014. Se o prefeito for bem avaliado na cidade, em 2014 o partido tem a opção de lançar o vice como candidato a deputado federal”, analisa Fleischer.

De acordo com Fleischer, essa é uma tendência histórica que começou na década de 90. “A ligação entre as eleições municipais com as candidaturas para deputado é muito forte. E depois tem o movimento inverso também, com muitos deputados federais se candidatando a prefeito”, afirma.

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