Pré-candidatos assumem metas para zerar deficit de vagas em escolas e para ampliar corredores de ônibus em São Paulo

Thomaz Molina

Do UOL, em São Paulo

Quatro pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo assinaram um documento nesta quinta-feira (28) com metas estabelecidas pela ONG (organização não-governamental) Rede Nossa São Paulo para todos os setores da administração pública. Eles se comprometeram, por exemplo, a acabar com a demanda por vagas nas pré-escolas municipais e construir corredores de ônibus em avenidas com três faixas de tráfego por sentido.

Em debate realizado no Sesc Consolação, região central de São Paulo, Fernando Haddad (PT), Gabriel Chalita (PMDB), Soninha Francine (PPS) e Carlos Gianazzi (PSOL) se comprometeram a apresentar números de uma futura gestão uma vez por ano.

ALGUMAS METAS PARA 2016

PROBLEMA COMO É OBJETIVO
Corredores exclusivos de ônibus 126 km de corredores exclusivos (0,73% do total de vias) Implantar corredores exclusivos de ônibus, no mínimo, nas avenidas com três ou mais faixas de tráfego por sentido
Unidades Básicas de Saúde 448 UBS - 0,40 unidades por dez mil habitantes Uma UBS para cada dez mil habitantes
Vagas em pré-escolas municipais 185.134 matrículas - 95,63% 100% da demanda atendida até 2016
Orçamento participativo 0% Implantar o Orçamento Participativo, publicar em formato aberto e atualizar constantemente os dados
Desemprego 12,08% 0%

O transporte coletivo foi tratado como o principal problema. De acordo com o levantamento feito pela Rede Nossa São Paulo, existem apenas 126 quilômetros de corredores exclusivos na cidade, 0,73% do total.

Uma das metas estabelecidas para os próximos quatro anos é implantar corredores de ônibus, no mínimo, nas avenidas com três ou mais faixas de tráfego por sentido.

A ONG divulgou um balanço das metas estabelecidas por Gilberto Kassab (PSD) no primeiro ano do seu mandato que aponta o cumprimento de apenas 81 dos 223 objetivos estabelecidos em 2009 e publicou um plano de metas a serem cumpridas até 2016 por quem vencer as eleições municipais na capital paulista.

Entre as principais metas, além do aumento dos investimentos em corredores de ônibus, estão garantir uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para cada dez mil habitantes por distrito e eleições diretas para subprefeito.

Haddad disse que o seu plano de governo tem quatro eixos: moradia, saúde, educação e transporte público.

“O conceito é de um tempo novo para São Paulo. O tempo hoje é o bem mais escasso para o paulistano. O cidadão precisa morar mais próximo do emprego, passar menos tempo em fila do SUS, menos tempo em transporte coletivo. Assim, terá como melhorar o acesso a educação.”

Ele ainda comentou uma das metas não cumpridas por Kassab, que foi a construção de três novos hospitais, que estão em fase de licitação e a prefeitura classifica como metas em andamento que devem ficar prontas na próxima gestão.  “É piada dizer que a meta da construção dos hospitais está parcialmente cumprida.”, afirmou o petista

No momento em que Haddad concluiu a frase, Soninha Francine se manifestou no twitter sobre o assunto:

Depois, no momento de sua fala, a pré-candidata do PPS disse que a cidade de São Paulo precisa se preocupar com outros indicadores não apontados no plano de metas, como o controle de ruído.

“Existem ruas onde as pessoas não querem mais morar porque estão incomodadas com o barulho dos ônibus, das obras, que estão autorizadas a começar a partir das sete horas da manhã, casas noturnas e muitas vezes, um carro com aparelho de som porta-malas tocando músicas de gosto duvidoso.”

Soninha afirmou ainda que, se for eleita prefeita, vai fazer prestação de contas a cada três meses e prometeu estabelecer metas também de arborização e impermeabilização do solo.

Kassab não cumpriu nem metade do prometido

O peemedebista Chalita se mostrou preocupado com a questão da saúde.

“São Paulo é uma cidade rica e não precisa ter dinheiro em cofre, precisa investir. É assustador uma pessoa demorar três meses para agendar um exame.”

Chalita também disse que vai ampliar o número de creches e reduzir a máquina administrativa. “Tem muita secretaria na prefeitura. Para a gestão ser mais eficiente, tem que enxugar o número de secretarias e melhorar as subprefeituras.”

O pré-candidato do PSOL, Carlos Gianazzi, afirmou que pretende estimular a ampliação do transporte público sobre trilhos com o apoio dos governos estadual e federal.

“São Paulo não avançou nisso. As cidades de Xangai e Pequim começaram a construir sua malha metroviária nos anos 1990 e atualmente possuem o triplo.”

O pré-candidato do PSOL encerrou sua fala desafiando os outros candidatos a não aceitar financiamento de campanha oferecido por empreiteiras.

Segundo ele, essas empresas se aproveitam do contato com os candidatos para darem sugestões do próprio interesse.

Críticas a Kassab

Os quatro pré-candidatos presentes no evento da Rede Nossa São Paulo aproveitaram o evento para criticar a gestão de Kassab.

Haddad disse que sentiu falta dos adversários na eleição e também do prefeito.

“Lamento a ausência de quem não veio, sobretudo da atual administração. Me comprometo a prestar contas todos os anos para honrar o compromisso público, coisa que essa administração não está fazendo.”, disse.

Haddad também foi o único a criticar diretamente o pré-candidato tucano José Serra.

http://eleicoes.uol.com.br/2012/album/2012/06/19/imagens-da-disputa-eleitoral-pela-prefeitura-de-sao-paulo.htm

“O autoproclamado melhor ministro da Saúde do mundo prometeu dar um jeito em 2004. Hoje, o setor mais problemático para a população é o da saúde. São Paulo não precisa de prefeitos de meio mandato e meio expediente."

Chalita criticou não só a ausência de Kassab, mas também dos pré-candidatos do PSDB, José Serra, e do PRB, Celso Russomanno.

“O atual prefeito não comparecer aqui é um sinal de desprezo com a cidade. E os outros candidatos, ao se ausentarem, também dão uma demonstração de que desprezam o eleitor”, disse Chalita, após o evento.

Soninha afirmou que os serviços oferecidos pela prefeitura são muito precários.

“O site tem informação, mas é de uma navegação muito complicada. E, pelo telefone, é quase impossível. Hoje, por exemplo, eu tentei falar com o serviço do 156 para agendar uma consulta em Parelheiros e a atendente me passou dois telefones nos quais ninguém atendeu.", disse.

Gianazzi também criticou as ações da gestão de Kassab em outros setores. “Vivemos uma grande crise em São Paulo. A atual administração não cumpriu sequer 40% das metas. Merece nota zero. Falta interesse pela educação e pela saúde.”

Kassab faz balanço ao mesmo tempo

Enquanto a Rede Nossa São Paulo fazia sua análise das metas da atual administração municipal, o prefeito Gilberto Kassab concedeu uma entrevista coletiva para fazer o penúltimo balanço do Plano de Metas da Prefeitura de São Paulo. Há seis meses do fim de seu segundo mandato, Kassab ainda não conseguiu concluir 62% dos compromissos que assumiu na Agenda 2012, o plano de metas de sua gestão.

Segundo ele, das 223 metas propostas, 138 estão em andamento e outras 84 já foram concluídas e apenas uma não é tocada, que é a do investimento de R$ 300 milhões para o Rodoanel.

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