CPI do Cachoeira

Caso Delta-Cachoeira estremece aliança PT-PMDB em Goiânia

Rafhael Borges

Do UOL, em Goiânia

Um encontro realizado pelo PT no domingo (10) expôs a fragilidade da união entre a legenda e seu principal aliado em Goiás, o PMDB. O motivo do desentendimento é a falta de respaldo que uma sigla tem dado à outra nos escândalos que envolvem o bicheiro Carlinhos Cachoeira e nos supostos favorecimentos à empreiteira Delta Construções.

A Prefeitura de Goiânia suspendeu, em abril deste ano, os 12 contratos que mantinha com a empresa, citada em telefonemas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apura a atuação da máfia dos caça-níqueis, principalmente em Goiás. O prefeito Paulo Garcia (PT) foi firme ao dizer que não via irregularidades nos contratos. O PMDB, que o levou ao Paço Municipal (Garcia era vice de Iris Rezende, que renunciou para concorrer ao governo do Estado, em 2010), não se posicionou, mesmo tendo sido o autor da maioria dos acordos.

Depois foi a vez do próprio Iris Rezende, maior líder do PMDB goiano, ex-governador e ex-prefeito da capital, ter o nome envolvido em suposto esquema de propinas com a Delta, enquanto ficou à frente da prefeitura de Goiânia, entre 2005 e 2010. Rezende diz que “a Delta era uma empresa idônea, venceu licitações, e fez as obras.” Ele ainda afirma que pediu para abrir os contratos a fim de verificar possíveis fraudes.

Para o ex-prefeito, não existe esta animosidade entre os partidos, mas nos bastidores, principalmente da Câmara dos Vereadores da capital goiana, esses seriam os motivos para a ala majoritária do PT querer abrir espaço negociar alianças com outras siglas e não amarrar o partido para as eleições de 2014 (exigência do PMDB para apoiar a reeleição de Paulo Garcia em Goiânia). O atual prefeito e a cúpula petista preferem discutir o assunto depois de confirmar Garcia no cargo.

O PT, por enquanto, parece fortalecido após o escândalo da Operação Monte Carlo, e já fala em vitória de Paulo Garcia ainda no primeiro turno. O motivo é o envolvimento de quatro pré-candidatos à prefeitura de Goiânia com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Leonardo Vilela (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Sandes Júnior (PP) e Elias Vaz (PSOL) aparecem nas escutas telefônicas.

Eleições proporcionais também causam atritos

Além da falta de solidariedade mútua no caso Delta-Cachoeira, a coligação proporcional entre PT e PMDB é vista como problema e resultou numa divisão interna entre os petistas. Em uma prévia, 240 dos 300 delegados disseram preferir uma chapa mais abrangente, com vários partidos, e uma minoria defende a união apenas com o PMDB. 

Luís César Bueno, presidente metropolitano do PT, é da ala que defende a união de várias legendas. “Nosso partido segue firme para reeleger o prefeito e um número significativo de vereadores”. Do outro lado, o vereador Djalma Araújo (PT) defende que o PMDB iria com um “cheque em branco” nesta chapa mais abrangente, e que a eleição dos candidatos petistas seria colocada em risco.

A decisão só deve sair no último dia das convenções partidárias, em 30 de junho, quando serão confirmados os candidatos a vereadores, vice-prefeito e as coligações.
 

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