Prefeito de Londrina (PR) é acusado de usar vigilantes públicos em rádio da família e será investigado pela Câmara

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

  • Valter Campanato/ABr

    Homero Barbosa Neto (PDT), prefeito de Londrina

    Homero Barbosa Neto (PDT), prefeito de Londrina

A Câmara de Vereadores de Londrina (379 km de Curitiba) decidiu instalar na tarde desta quinta-feira (26), por unanimidade, uma Comissão Processante contra o prefeito da cidade, Homero Barbosa Neto (PDT). Pré-candidato à reeleição, ele chegou a tentar acompanhar a sessão, agora à tarde, no prédio da Câmara, mas saiu diante do início de uma confusão nas galerias, tomadas por manifestantes.

Os 18 vereadores presentes à sessão votaram pela abertura da CP, inclusive os sete parlamentares dos partidos da base que apoia Barbosa Neto. Apenas um vereador, Jacks Dias, do PT, se ausentou da sessão. Os trabalhos chegaram a ser suspensos por 20 minutos diante da presença do prefeito no local e do acirramento dos ânimos de cidadãos que acompanhavam a votação das galerias, lotadas. O pedetista
decidiu sair, e a sessão foi retomada.

O prefeito será investigado pelo Legislativo pelo suposto uso de seguranças terceirizados, pagos com recursos da Prefeitura, para serviços de vigilância em uma rádio de propriedade de sua família.

Segundo a Câmara, o uso indevido dos funcionários pagos com recursos públicos ficou comprovado após a análise de três meses feita por uma CEI (Comissão Especial de Investigação) e na qual 19 pessoas foram ouvidas.

Entre os depoentes, estavam os dois funcionários, os quais confirmaram que, apesar de receberem pela empresa Centronic Segurança e Vigilância Ltda, dona de contrato com o município, também trabalharam como vigias na rádio Brasil Sul, em turnos de 12 horas, de junho de 2009 a junho de 2010.

O caso também é investigado pelo Ministério Público Estadual, que já ingressou ação de improbidade administrativa contra o prefeito. À Câmara, a denúncia foi apresentada pelo ex-secretário de Defesa Social do município, Benjamin Zanlorenci, hoje presidente do diretório local do PMN.

O Legislativo em Londrina possui 19 vereadores, sete deles, integrantes da base aliada ao prefeito. Eram necessários 13 votos para que a CP fosse instalada.

No final da sessão, policiais do Gaeco foram à Câmara intimar outros 11 vereadores para o inquérito que apura se o Executivo comprou votos de parlamentares --a mesma investigação pela qual foram presos o empresário e o ex-secretário. Os nomes dos intimados não foram divulgados.

Prisões

Além da discussão parlamentar, a possibilidade de uma CP contra o chefe do Executivo municipal alimentou também o noticiário policial da cidade esta semana. Na terça (24), foram presos um empresário e o ex-secretário de Gestão Pública e atual coordenador da campanha do prefeito, Marco Antonio Cito, acusados pelo MP de oferta de R$ 80 mil em propina ao vereador Amauri Cardoso (PSDB), da oposição, para que ele votasse contra a instalação da CP.

Cardoso denunciou o caso ao MP e ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que efetuou as prisões em flagrante. Ontem, a Justiça decretou a prisão preventiva de ambos. A defesa do empresário e do ex-secretário aguardam julgamento de pedido de habeas corpus.

Em entrevista coletiva ontem, o prefeito se disse vítima de um “golpe” e de “armação” do vereador. Ele ainda negou participação dele ou de secretários em tentativas de compra de voto de parlamentares.

UOL Cursos Online

Todos os cursos