Em 1º discurso após prévias, Serra sobe tom e convoca militância para enfrentar PT

Mário Rossit

Do UOL, em São Paulo

Em seu primeiro discurso após o anúncio da vitória nas prévias tucanas, José Serra, agora candidato a prefeito da capital paulista, subiu o tom contra o PT e convocou a militância do PSDB a enfrentar seus adversários.

“Eles [o PT] se especializam na gritaria, na conversa mole, na cooptação, no uso da máquina pública para interesses privados. Nós nos especializamos no entendimento e atendimento do interesse público”, afirmou Serra.

O ex-governador bateu o secretário do Estado de Energia, José Aníbal, 59, e o deputado federal Ricardo Tripoli, 59. No total, 6.229 filiados tucanos votaram. Serra teve 52% (3.176) dos votos, contra 31,2% (1.902) de Aníbal e 16,7% (1.018) de Tripoli.

 “Temos que trabalhar muito na internet, porque o PSDB é muito pouco organizado nesse trabalho; temos que trabalhar também na televisão; mas, o mais importante, temos que trabalhar no boca-a-boca, dizer a todos que a nossa forma de governar não é a mesma dos nossos adversários”, afirmou o ex-governador.

Até então, Serra havia evitado ataques diretos ao PT, embora tenha feito críticas indireta a Fernando Haddad, candidato petista no pleito paulistano, ao criticar a política educacional do governo federal e citar as falhas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) –Haddad era ministro da Educação.

O governador Geraldo Alckmin, que discursou depois de Serra, também cutucou o PT, ao falar do processo de prévias tucanas. “O PSDB não tem democracia só no nome, não tem candidato laboratório, o candidato do PSDB sai da base”, disse, referindo-se à escolha Haddad.

O PT não realizou prévias e optou pelo ex-ministro após acordo entre as principais lideranças. Desde que foi fundado, em 1988, o PSDB nunca havia realizado prévias na capital paulista.

Entenda o processo

A entrada de Serra na disputa ocorreu de última hora, em 27 de fevereiro. O processo interno de escolha do candidato paulistano começou em outubro do ano passado, após pressão de Aníbal, Tripoli e dos secretários estaduais Bruno Covas (Meio Ambiente) e Andrea Matarazzo (Cultura) --que disputavam a indicação do partido.

A legenda organizou debates entre os quatro. O primeiro ocorreu em outubro de 2011, com abertura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, na FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).

Assim que Serra entrou nas prévias, Covas e Matarazzo deixaram a disputa e Serra herdou a maioria dos votos dos dois secretários. As prévias estavam marcadas para 4 de março, foram adiadas para este domingo (25), a pedido do grupo do ex-governador, que temia perder a indicação por ter entrado tarde na disputa interna.

Quando anunciou o ingresso na disputa interna do PSDB, Serra afirmou que sua intenção como candidato era conter o avanço do PT no país. Desde o começo, ele adotou a estratégia de discutir temas nacionais, em detrimento dos assuntos diretamente relacionados à capital. Fez, inclusive, ataques, por meio de artigo publicado no jornal "O Estado de S.Paulo", ao candidato do PT, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad e à poítica educacional do governo federal.

Para cientista político Valeriano Costa, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a escolha do ex-governador é "a esperança de sobrevida" para o PSDB, em São Paulo. "Serra não queria ser o candidato. Esperava ser candidato à Presidência, em 2014, mas o PSDB não tinha escolha, pois poderia perder as eleições em São Paulo e correria risco de perder também, em 2014, para governador", afirma.

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