"Vou ligar para ele. Tem que ver se ele acordou." A risada de aliados e imprensa presente foi geral, afinal, a frase de Gilberto Kassab às 9h deste domingo, explicava que votaria no mesmo horário e local com o notívago governador José Serra (PSDB), conhecido por trabalhar pelas madrugadas e dormir pelas manhãs.

Mas o humor também foi garantido nesse domingo de segundo turno pelos programas de TV Pânico e CQC, que perseguiram o atual prefeito paulistano e candidato do DEM que é, segundo as pesquisas de opinião, favorito à reeleição.

O programa da Rede TV! levou uma atriz vestida de noiva para brincar com o político solteiro. Ela e os apresentadores Vesgo e Ceará se esconderam durante a chegada de Kassab e Serra ao colégio Santa Cruz, local de votação de ambos no bairro Alto de Pinheiros. Mas na saída atuaram.


A noiva fictícia foi colocada no teto e na frente do carro do prefeito, enquanto ele dava uma curta declaração à imprensa. Kassab entrou no veículo sem interagir com os humoristas, que reclamaram do tratamento proporcionado pelos seguranças. "Ele me empurrou", reclamou a noiva de ocasião. Ceará não perdeu a tirada: "O Kassab não empurra nada."

Já o peemedebista Orestes Quércia respondeu aos humoristas. "Pela aparência dela eu casaria", disse o aliado do atual prefeito.

O CQC alvejou Kassab na entrevista coletiva que o político concedeu em um café da manhã para a imprensa antes de votar. O repórter perguntou sobre a declaração do prefeito de que não concorria ao cargo de governador em 2010 e deixaria a prefeitura para Alda Marco Antônio, do PMDB.

"O senhor que foi vice e assumiu tem medo de seu vice?", questionou o repórter Rafinha Bastos. O demista lidou bem com a situação. "Cumprimento pela pergunta, mas tenho orgulho da minha vice", driblou.

A quercista Alda retribuiu a gentileza: "Kassab fez uma campanha elegante. Ele é finíssimo." Já seu mentor preferiu falar sobre que a aliança deste segundo turno paulistano, com DEM, PMDB e PSDB, poderia se repetir nas eleições gerais de 2010. "Vamos lutar para o PMDB apoiar o Serra para presidente", decretou Quércia - o PMDB é atualmente da base governista do governo Lula.

Outro animado com o cenário de vitória e alianças era Walter Feldman, que foi rotulado como "tucano kassabista" após de rebelar contra a candidatura própria do PSDB com Geraldo Alckmin, terceiro colocado no segundo turno. "Tudo pavimentado para 2010. Estão curadas as cicatrizes e preenchidas as arestas que ficaram do primeiro turno", disse o político conhecido por participar das fileiras serristas.

Já Serra foi o mais comedido com cenários futuros. Na frente do local de votação e ao lado de Kassab, ele desconversou. "Estou preocupado com a administração de São Paulo. A eleição para presidente está muito longe", disse o governador e presidenciável.

Tanto Serra quanto Kassab votaram cercados por crianças, netos e sobrinhos deles e de aliados. Desde cedo no comitê central de campanha, situado no centro da cidade, a criançada dava um ar família. O demista Guilherme Afif Domingos levou vários netos para lá, brincando com o boneco kassabinho. "Não consigo ver nada", reclamou um deles antes de ser alçado em meio a aglomeração.

Kassab chegou às 9h em seu comitê central na avenida Nove de Julho, distribuindo tapas nas costas de aliados e piscadelas para os presentes. Cumprimentou e posou para fotos também com as chamadas "kassabetes", recepcionistas do local.

Maquiadas, bronzeadas, cinturas de fora e decotes chamativos, elas chamavam a atenção no ato político que precedeu a votação do político do DEM.

Na coletiva de imprensa, Kassab destacou o apoio do governador Serra, que lhe cedeu a prefeitura ao concorrer às eleições de 2004 pelo Estado. "Ele apoiou no primeiro turno o candidato dele, mas está do nosso lado agora porque é o grande líder da aliança na cidade e no Estado", disse Kassab sobre o polêmico racha tucano no primeiro turno.

Sinal disso foi que, no primeiro turno, Serra, mesmo votando no mesmo colégio de Kassab, evitou encontrá-lo por lá (voltou no final do dia) e dar declarações. Mas nesse segundo turno esteve lado a lado com o político do DEM.

A base aliada de vereadores também escoltou neste domingo o candidato, fazendo coro dos jingles de campanha de Kassab tanto no comitê quanto no local de votação.

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