Às vésperas das eleições do segundo turno, institutos de pesquisa apontam um grande número de eleitores indecisos no Rio, demonstrando um quadro eleitoral ainda indefinido entre os candidatos Fernando Gabeira (PV) e Eduardo Paes (PMDB). Segundo o Ibope, 15% dos entrevistados na terça (21) e quarta-feira (22) afirmaram que sua escolha não é definitiva. Já o Datafolha, que fez levantamento nos mesmos dias, indica que 10% admitem mudar de voto.
O Datafolha aponta que 6% dos eleitores de Paes disseram que não estão totalmente decididos. Já 5% dos entrevistados que confirmaram preferir Gabeira ainda podem mudar de posição. A pesquisa mostra que, pelo menos, o nível de decisão está equilibrado: 90% dos eleitores de Gabeira não mudariam e 89% dos que preferem Paes não deixariam de votar nele.
O Ibope afirma que 91% dos eleitores do candidato do PV estão totalmente decididos, contra 84% de Paes. Ainda segundo o instituto, os entrevistados com formação entre 5ª e 8ª série do ensino fundamental são aqueles que têm a maior probabilidade de alterar sua decisão, 20%. O Datafolha também aponta os eleitores de ensino fundamental com a maior possibilidade de mudança, 12%.
No levantamento do Datafolha, Paes aparece com 44% dos votos contra 41% de Gabeira. O Ibope, no entanto, aponta 43% para cada candidato.
Nas duas pesquisas os candidatos que disputam o segundo turno estão empatados. A soma dos nulos, brancos e de eleitores indecisos no Datafolha alcança 15%, e no Ibope, 13%.
Favelados decidem
A corrida eleitoral no segundo turno fez os candidatos buscarem votos nas regiões onde eles tiveram o índice mais baixo nas urnas, mas tanto Paes quanto Gabeira focaram a campanha na zona oeste, onde fica o maior eleitorado da cidade. Segundo especialistas, a zona oeste também tem o maior número de indecisos, assim como as favelas da zona norte, onde pode ser decidida a eleição. O professor do Departamento de Sociologia da UFRJ, Paulo Baía, disse acreditar que a classe baixa vai definir a disputa.
"Os candidatos são muito semelhantes e as suas propostas são exatamente iguais. Não há grande diferença na performance deles, tanto que os dois têm excelente performance na zona sul clássica do Rio e o maior foco de indefinição e volatilidade das opiniões está nas favelas e na zona oeste da cidade. Por tanto, quem vai decidir a eleição são os favelados do Rio e todos os moradores da zona oeste não nobre", afirmou Baía.
O sociólogo também apontou o último debate, que acontece na noite desta sexta-feira (24) na TV Globo, como de grande importância para concretizar a decisão dos eleitores. Para ele, a maior parte da classe baixa não deverá assistir o programa de hoje por causa do horário, mas Baía disse que o que pode ajudar é a repercussão do encontro dos dois candidatos nos meios de comunicação.
"O horário é muito tarde e por isso não atinge o grupo que está indefinido, mas é evidente que o debate tem um desdobramento nas diversas mídias que vai repercutir em todo o eleitorado da cidade, porque com o debate você pauta a rádio, a rádio comunitária, os jornais impressos, as discussões que vão acontecer a partir dele. O debate na televisão tem sempre grande repercussão da mesma maneira que o programa eleitoral", garantiu o sociólogo.
Datafolha aponta distinção por classes
A pesquisa Datafolha ainda mostrou que existe uma distinção por classes entre os eleitores dos candidatos Eduardo Paes (PMDB) e Fernando Gabeira (PV). O peemedebista tem a preferência das classes mais populares e o candidato do PV, da classe média e alta.
Segundo o instituto, os 56% de votos que Paes recebeu são de pessoas que ganham até dois salários mínimos. Já Gabeira aparece com o apoio da classe alta, com 67% de votos de quem recebe mais de dez salários mínimos.
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