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07/11/2006 - 16h34

Desempenho do PPS foi insuficiente, diz Freire

Larissa Morais
Da Redação, em São Paulo
Apesar de ter eleito dois governadores - Blairo Maggi, em Mato Grosso, e Ivo Cassol, em Rondônia -, o Partido Popular Socialista não conseguiu superar a cláusula de barreira. Para o deputado Roberto Freire, presidente nacional do PPS, o desempenho da legenda nestas eleições foi melhor do que o de 2002, mas insuficiente. "Não cumprimos a meta que havíamos fixado", diz.

Há quatro anos, o PPS elegeu também dois governadores - Maggi e Eduardo Braga, no Amazonas - e 15 deputados federais. Em 2006, foram 22 deputados.

Para escapar das limitações impostas aos partidos que não superaram a cláusula de barreira, o PPS aprovou uma fusão com o PMN e PHS para formar uma nova legenda, com possível nome de Partido da Mobilização Democrática (PMD).

Segundo Freire, essa fusão significará o surgimento de um "novo operador político", definido por ele como um partido "democrático de esquerda". "Será uma alternativa para os setores do PMDB insatisfeitos com o adesismo a Lula, por exemplo", afirma o deputado.

Mato Grosso

O PPS pode perder o governador eleito mais rico do país. Blairo Maggi, o maior produtor individual de soja do mundo, elegeu-se e foi reeleito pelo partido, mas a direção da sigla abriu processo de expulsão contra ele no dia 31 de outubro. A razão foi o apoio de Maggi à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Nestas eleições, o PPS apoiou informalmente Geraldo Alckmin (PSDB).

Roberto Freire diz que a declaração de apoio foi "abjeta", e que Maggi foi comprado. Após a aliança, o governo federal liberou R$ 1 bilhão para os produtores de soja.

Blairo Maggi declarou patrimônio de R$ 33.444.394,07 ao Tribunal Superior Eleitoral. Segundo Freire, para o PPS é irrelevante se o candidato é rico ou pobre - "o que importa é o caráter".

Em setembro de 2005, o PPS ficou apenas com um governador, quando Eduardo Braga deixou o partido e filiou-se ao PMDB. Agora, a legenda pode ficar órfã de seu segundo governador antes da posse. Freire não lamenta: "o PPS prefere isso a ter governadores e parlamentares que o desrespeitem".

Rondônia

O governador reeleito Ivo Cassol é novo no PPS. Elegeu-se em 2002 pelo PSDB, mas migrou em 2005 para o partido de Roberto Freire para evitar que fosse expulso da sigla. Cassol é acusado de fraudes em licitações quando era prefeito de Rolim de Moura.

O recém-filiado é o segundo governador eleito com maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral. Entre cotas do capital social de empresas, moto aquática e fazendas, Cassol tem R$ 15.407.510,4. É dono do grupo Cassol, que explora madeira e usinas de eletricidade de pequeno porte.

História

O PPS surgiu do antigo Partido Comunista do Brasil (PCB), criado em 1922. A sigla prega um novo tipo de socialismo "humanista" por dentro do capitalismo e que nega a experiência soviética.

Além do presidente Roberto Freire, outras importantes lideranças do PPS são os deputados Denise Frossard (RJ), Raul Jungmann (PE) e Dimas Ramalho (SP).

O PPS concorreu às eleições para presidente de 1998 e 2002 com o candidato Ciro Gomes, hoje deputado federal eleito pelo PSB. Os socialistas estiveram na base aliada de Lula até o fim do segundo ano de governo.