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18/10/2006 - 18h22

Tarso: declaração de Alckmin mostra seu lado Pinochet e Opus Dei

Por Ricardo Amaral

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, comparou nesta quarta-feira o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet e tentou associar o tucano à organização conservadora católica Opus Dei.

Tarso Genro atacou Alckmin reagindo a uma declaração do tucano, que no final da manhã havia dito que, se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva for reeleito, o segundo governo "acaba antes de começar; já começa (o mandato) discutindo 2010."

"No debate da TV Bandeirantes, ele (Alckmin) demonstrou seu lado vendedor; agora demonstra um outro lado, que é mais perigoso, que é o lado Pinochet", disse o ministro a jornalistas, mencionando o general que chegou ao poder no Chile com um sangrento golpe militar em 1973 e foi ditador ate 1990.

"Essa ameaça de dizer que um governo não vai começar, um governo que será eleito democraticamente pela população, revela mais um lado Opus Dei que um lado republicano", prosseguiu Tarso.

O ministro não quis responder se considera negativo alguém pertencer à organização religiosa, embora a pergunta tenha sido feita três vezes.

"Nós achamos que quem quer que seja eleito vai governar. É assim que se comporta numa república e na democracia e não fazendo ameaças e bravatas em relação às instituições", prosseguiu o ministro, encerrando a entrevista depois de solenidade no Palácio do Planalto.

O Opus Dei foi fundado em 1923 na Espanha por Josemaria Esquivá, canonizado (declarado santo na fé católica) em 2002, no pontificado do papa João Paulo II. Juridicamente, Opus Dei é uma "prelazia pessoal."

De acordo com a página do Opus Dei na internet, 85 mil católicos de 63 países pertencem à prelazia, "geralmente homens e mulheres casados, para quem a santificação dos deveres familiares é parte primordial da sua vida cristã."

Por ter crescido e se organizado na Espanha nos anos da ditadura de Francisco Franco, o Opus Dei é associado na política a conservadores e à direita ideológica de maneira geral.

Em entrevista publicada nesta quarta pelo jornal "O Globo," Alckmin negou ser filiado à prelazia.

"Tenho fé, sou católico, mas não tenho vínculo dentro da Igreja; se tivesse, diria", afirmou o tucano ao jornal. "Querer tirar proveito disso é lamentável."