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11/10/2006 - 20h16

PF quer ouvir Mercadante sobre dossiê contra tucanos

Por Áureo Germano

André Porto/Folha Imagem 01.out.2006
O candidato derrotado ao governo de São Paulo pelo PT, Aloizio Mercadante
BRASÍLIA (Reuters) - A Polícia Federal pretende ouvir o depoimento do senador Aloizio Mercadante, candidato do PT derrotado ao governo de São Paulo, nas investigações sobre a tentativa de negociação do dossiê contra políticos tucanos.

Uma fonte ligada à investigação afirmou à Reuters, sob a condição de anonimato, que a partir da descoberta de fortes indícios da participação de seu ex-coordenador de campanha Hamilton Lacerda na tentativa de aquisição dos documentos, os investigadores se convenceram da necessidade de ouvir o parlamentar sobre o suposto envolvimento de seu comitê eleitoral no caso.

"É preciso saber até onde vai o conhecimento do senador a respeito do envolvimento de seu (ex-)coordenador no caso", explicou a fonte.

Hamilton foi flagrado pelo sistema de vídeo de um hotel de São Paulo transportando uma bolsa na qual a PF suspeita que estaria parte dos cerca de 1,7 milhão de reais --apreendidos com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, ligados ao PT-- que seriam utilizados na aquisição do dossiê.

O ex-coordenador afirmou em depoimento ao órgão que o volume transportado por na bolsa era material de campanha.

Antes de ouvir Mercadante, entretanto, a PF espera reunir mais elementos para questioná-lo sobre a suposta participação de seu ex-auxiliar.

Para isso, a PF vai aguardar o depoimento do presidente licenciado do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), agendado, segundo o órgão, para a próxima sexta-feira.

Berzoini afirmou à Reuters, por meio de sua assessoria de imprensa, que só deverá prestar depoimento à PF na terça-feira, na Superintendência Regional do órgão na capital paulista, em horário ainda não acertado.

Por ser parlamentar, Berzoini goza de foro privilegiado, o que lhe garante o direito de agendar dia, hora e local do depoimento.

A PF quer saber do parlamentar se ele tem algum tipo de conhecimento sobre a fonte dos cerca de 1,7 milhão de reais que foram apreendidos com duas pessoas ligadas ao PT em um hotel, em São Paulo, no dia 15 do mês passado.

Os recursos seriam usados na compra de documentos reunidos pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, acusado de ser o chefe da chamada máfia da ambulâncias.

Berzoini deverá ser ouvido pelo delegado Diógenes Curado, responsável pela investigação da origem do dinheiro destinado à compra do dossiê.

Já o empresário Abel Pereira, suspeito de envolvimento em irregularidades no Ministério da Saúde durante o governo Fernando Henrique Cardoso, foi convocado a depor na sexta-feira, segundo informou uma fonte da PF à Reuters, sob a condição de anonimato.

Abel foi acusado por Vedoin de intermediar a liberação de verbas do Ministério da Saúde para a compra de ambulâncias superfaturadas durante as gestões de Serra e de seu sucessor na pasta, Barjas Negri.

Procurado pela Reuters, Mercadante não havia sido localizado, até as 20h, para comentar o possível depoimento na PF.