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'Tempo novo' de Marconi envelheceu, diz Maguito Vilela, candidato em Goiás

Larissa Morais
Da Redação, em São Paulo

O senador e ex-governador Maguito Vilela (PMDB) liderou as pesquisas para o governo de Goiás durante praticamente toda a campanha. O governador Alcides Rodrigues (PP), que assumiu o cargo há pouco mais de seis meses, era pouco conhecido mas cresceu durante a campanha e ficou na frente no primeiro turno, com 48,22% dos votos válidos. O peemedebista obteve 41,17%.

Maguito atribui o crescimento de Alcides ao uso da máquina pública e ao apoio do senador eleito Marconi Perillo (PSDB), que governou o Estado de 1999 a março deste ano. "O povo votou em Alcides pensando que quem vai governar será Marconi Perillo, um ledo engano", diz.

O senador licenciado diz acreditar na vitória, apesar de as pesquisas indicarem folgada vantagem de Alcides. Para isso, conta com maior tempo de propaganda na TV e no rádio, além dos apoios do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde 1998, quando o jovem Marconi venceu Iris Rezende (PMDB), os aliados do agora senador eleito dividiram a política goiana em "panela velha" (os peemedebistas) e "tempo novo" (PSDB, PP e demais partidos). "Com as práticas políticas carcomidas e ultrapassadas, o 'tempo novo' envelheceu", diz Maguito.

Maguito começou na política como vereador de Jataí. Na década de 80, foi deputado estadual e deputado federal constituinte pelo PMDB. Em 1990, foi eleito vice-governador e, quatro anos depois, ganhou a eleição para o governo no segundo turno. A vitória consolidou Maguito como o maior herdeiro político de Iris Rezende, a maior liderança política do Estado até então. Em 1998, deixou de disputar a reeleição para ceder lugar ao ex-governador Iris Rezende, e foi eleito senador.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:




UOL - Alcides era relativamente pouco conhecido entre os eleitores goianos até assumir o cargo de governador em abril. Em seis meses, cresceu nas pesquisas e chegou ao segundo turno em primeiro lugar. A que o senhor atribui esse desempenho?



Maguito - Ao uso da máquina pública. Utilizando o cargo de governador é fácil. Nunca se viu tanto abuso do poder público como nesta campanha eleitoral. Fui caluniado pelos adversários e, como tinha pouco tempo na televisão e no rádio no primeiro turno, não tive condições de me defender de forma adequada. Agora, no segundo turno, estou ocupando o espaço na propaganda eleitoral para fazer os esclarecimentos e mostrar que o governo estadual utiliza-se de meios inadequados e ilegais para realizar a campanha do governador.



UOL - O apoio de Marconi não influenciou nesse crescimento?



Maguito - Alcides Rodrigues é uma sombra do ex-governador Marconi Perillo. Realiza, nesses seis meses, um governo pífio. As obras - reforma de escolas, pavimentação de estradas, construção de hospitais - estão paralisadas, por falta de pagamento a prestadores de serviços. Os fornecedores também não recebem, os aposentados não recebem. Há um caos na administração estadual. Nos hospitais, faltam médicos, remédios, equipamentos. O povo votou em Alcides pensando que quem vai governar será Marconi Perillo. Um ledo engano. Na televisão e no rádio, tenho dito: Marconi foi eleito senador. Agora, quero fazer a comparação entre a minha candidatura, o meu passado, a minha história e a de Alcides Rodrigues. O eleitor vai decidir se prefere um governador honesto, equilibrado, competente, experiente ou se vai mergulhar na aventura de eleger um governo fraco, sombra do ex-governador e que já demonstrou ser incompetente para gerir a administração pública.



UOL - A pesquisa Serpes indicou uma vantagem de 23 pontos para Alcides. O senhor acha que ainda é possível reverter essa tendência?



Maguito - Claro. Essa pesquisa não pegou os efeitos da propaganda na televisão e no rádio, em que estou com mais tempo, as atividades de campanha, o impacto dos novos apoios. As nossas pesquisas internas mostram que a diferença diminui a cada dia. O apoio do PT e PC do B, do presidente Lula, neste segundo turno, está fazendo a diferença. Há um ambiente de muita empolgação na militância dos seis partidos que nos apóiam. O PMDB e os partidos aliados estão motivados e o jogo está mudando. A presença de Lula no comício de Valparaíso e a aparição do presidente nos programas eleitorais tem contribuído com o quadro eleitoral no nosso Estado.



UOL - Quais foram as estratégias de sua campanha neste segundo turno?



Maguito - Com maior tempo na televisão e no rádio, estamos tendo a oportunidade de defender com maior profundidade as nossas propostas de governo e, ao mesmo tempo, mostrar a diferença entre o nosso projeto administrativo e o do governador. O PMDB e os aliados têm compromissos com a inclusão social, garantindo os programas em curso, e também com o processo de desenvolvimento econômico do Estado, como a política de atração de indústrias para a geração de empregos. Vamos criar a Escola do Trabalho, para qualificar a mão-de-obra dos jovens e dos adultos. Chega de importarmos mão-de-obra qualificada de outros estados. Agora é a nossa vez. Estamos aproveitando o espaço na propaganda eleitoral para mostrar que o PP e o PSDB não realizaram o governo que tentam apresentar à população. Os impostos e o analfabetismo aumentaram, as estradas estão destruídas, os hospitais estão sem equipamentos e remédios. Neste segundo turno, estamos mostrando à população que Goiás regrediu durante os últimos oito anos.



UOL - A falta do apoio de Barbosa Neto (ex-candidato ao governo pelo PSB, com apoio do PT, apóia Alcides no segundo turno) fez diferença?



Maguito - Não faz diferença, porque quem sustentava a candidatura dele era o PT. E o PT está conosco no segundo turno, assim como outros partidos importantes, como PC do B e PDT. Até os prefeitos que apoiavam o deputado Barbosa Neto estão conosco neste segundo turno. O presidente Lula deu um puxão de orelhas em Barbosa Neto, durante comício em Valparaíso, dizendo que pedia desculpas aos goianos por ter ido a Goiânia pedir votos para o Barbosa durante comício. Segundo ele, Barbosa não poderia aliar-se ao PP e ao PSDB, legendas que "desgraçaram" o Brasil durante o governo FHC.



UOL - O ex-governador Marconi Perillo já está há oito anos entre as maiores lideranças do Estado. O senhor acha que o discurso de renovação, responsável por sua vitória em 1998, tende a se desgastar com o tempo? O grupo de Marconi pode também se tornar "panela velha"?



Maguito - Eles já se tornaram panela velha, já vivem um desgaste. O povo goiano está percebendo que o "tempo novo" não trouxe nada de bom. Com as práticas políticas carcomidas e ultrapassadas, o "tempo novo" envelheceu. Goiás vive um período de estagnação. A novidade de 1998 agora é comida requentada.



UOL - Apesar das derrotas em 1998 e 2002, o PMDB ganhou uma sobrevida com a vitória de Iris Rezende em Goiânia, há dois anos. Como o senhor enxerga o futuro do partido?



Maguito - O PMDB é um partido com forte tradição em Goiás, que recuperou seu prestígio com o excelente trabalho que Iris tem feito em Goiânia. A população da capital sabe disso, tanto que esperamos bons resultados neste segundo turno. O PMDB seguirá comprometido com os interesses do povo goiano. O PMDB tem em Goiás uma expressiva base política no interior do Estado, com prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e diretórios nos 246 municípios goianos. Temos também cinco deputados federais de uma bancada de 17 e dez deputados estaduais de uma bancada de 41. O partido, portanto, tem um núcleo político com forte densidade eleitoral no Estado.



UOL - Por que o presidente Lula, seu aliado, teve menos votos em Goiás do que Geraldo Alckmin no primeiro turno?



Maguito - Acredito que muitos goianos acharam que o governo Lula foi culpado pelos resultados da agricultura, mas neste segundo turno estão percebendo que isso se deve a uma conjuntura econômica. O presidente Lula vem tirando a diferença e vai vencer as eleições em Goiás. Os produtores rurais estão sendo informados de que o presidente Fernando Henrique os chamou de "caloteiros e gigolôs de vaca". Os problemas da agricultura são cíclicos, pois vivem ao sabor do clima e das intempéries. O presidente Lula tem se esforçado no sentido de implementar uma política agrícola que contribua para o aumento de plantio, com seguro rural, zoneamento agrícola e mais crédito para o produtor rural.



UOL - O senhor acredita que a ampliação da vantagem de Lula em nível nacional pode beneficiar sua candidatura?



Maguito - Sim. O presidente Lula já esteve aqui em Goiás pessoalmente para declarar seu apoio, o vice-presidente José Alencar esteve em um comício da nossa candidatura em Goiânia. Vamos nos beneficiar com o crescimento da candidatura Lula no Estado e no país. Apóio o Lula desde a campanha de 2002, quando estive com ele desde o primeiro turno. No Senado, durante os quatro anos, dei apoio aos projetos que o presidente encaminhou ao Congresso Nacional, exatamente por entender que ele governa melhor do que Fernando Henrique e os tucanos, que só pensam em privatizar e sumir com o dinheiro do povo. Lula, como eu, governa para os pobres. Isso mostra a diferença entre nós e o PP e o PSDB de Fernando Henrique, Marconi Perillo e Alcides Rodrigues.



Reportagem publicada em 27.out.2006.

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Nome Completo:
Luiz Alberto Maguito Vilela

Local de nascimento:
Jataí (GO)

Data de nascimento:
24 de janeiro de 1949

Profissão: Advogado

Partido: PMDB

"A novidade de 1998 agora é comida requentada "

Maguito Vilela, sobre a vitória de Marconi Perillo (PSDB) em 1998 e o fato de os tucanos dizerem que o PMDB é "panela velha".

REFORÇO BAIANO

O governador eleito Jaques Wagner (PT) participou de comício com Maguito na cidade de Posse, divisa de Goiás com o Estado baiano