Marcelo Gutierres
Da Redação, em São Paulo
Eleito governador do Rio Grande do Norte para dois mandatos, que se iniciaram em 1995 e em 2003, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB) conta com o apoio de um partido antes opositor, o PFL, para derrotar a governadora Wilma de Faria (PSB). Juntos, PMDB e PFL estiveram à frente do governo potiguar por 16 anos.
Garibaldi acusa a governadora, que concorre à reeleição, de utilizar a máquina pública para conquistar o segundo mandato. "Wilma de Faria troca o Cheque Reforma por votos", ele afirma. Trata-se de um programa de auxílio a famílias carentes para construir ou reforma a moradia. Wilma nega.
Isolado em relação à disputa presidencial (Wilma de Faria tem o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e o PSDB de Geraldo Alckmin faz oposição ao PMDB no Estado), o senador diz não temer as complicações da falta de apoio, caso conquiste o terceiro mandato.
Em entrevista ao UOL, ele rebate a acusação da governadora de que a venda da Companhia Energética do Rio Grande do Norte teria trazido prejuízo ao Estado. "A empresa dava um prejuízo de R$ 50 milhões por ano. Agora, só de ICMS ela arrecada cerca de R$ 150 milhões por mês."
A eleição potiguar é uma das mais disputadas do segundo turno de 2006. A diferença entre Garibaldi e Wilma foi de 0,97 ponto percentual no primeiro turno. Na segunda etapa, Wilma lidera. Nesse contexto acirrado, partidários de Garibaldi já declaram apoio à governadora. A seguir, os principais trechos:
UOL - Numa disputa voto a voto, como é concorrer com alguém que detém a máquina pública?
Garibaldi Alves Filho - É muito difícil. A governadora está utilizando programas oficiais para conquistar votos. Um deles é o Cheque Reforma [programa de distribuição de renda estadual]. O programa está sendo trocado por votos. Isso é um absurdo.
UOL - Como o sr. avalia a ida da governadora para o segundo turno?
Garibaldi - Olha, geralmente um governador consegue se reeleger já no primeiro turno. E isso não aconteceu com a minha adversária. Para mim, isso demonstra que ela tem uma administração frágil, que não foi aprovada pela população.
UOL - A disputa no primeiro turno foi acirrada. No segundo turno, a governadora conseguiu abrir mais de oito pontos de vantagem, segundo as pesquisas. Há tempo para a virada?
Garibaldi - Eu não acredito nessa pesquisa porque no primeiro turno a diferença entre mim e a minha adversária foi de apenas 0,9%. Não aconteceu nada nessas duas semanas que pudesse alterar significativamente esse quadro. Portanto, eu não acredito nessa pesquisa. Tenho certeza de que vou vencer essas eleições.
UOL - Membros do seu partido já anunciaram apoio à sua adversária. Isso atrapalhou sua campanha?
Garibaldi - Não, não atrapalhou. Estamos conseguindo muitos apoios. Um exemplo é o atual vice-governador, Antônio Jácome (PMN), que já anunciou apoio à nossa candidatura, o que demonstra que há muita gente descontente com a administração e que estamos conseguindo mais e mais apoios.
UOL - A sua adversária diz que foi prejudicial para o Estado a venda da Companhia Energética do Rio Grande do Norte. Ela tem razão?
Garibaldi - Não, ela não tem razão no que diz. A empresa dava um prejuízo de R$ 50 milhões por ano. Agora, só de ICMS ela arrecada cerca de R$ 150 milhões por mês.
UOL - Qual é sua estratégia para conquistar apoios?
Garibaldi - Estamos conversando com os descontentes em relação à administração da governadora. Tanto os que conseguiram se eleger como os que não tiveram sucesso. Nosso objetivo é reunir o máximo de pessoas insatisfeitas com a atual administração.
UOL - Caso eleito, o sr. terá minoria na Assembléia. Isso é um problema?
Garibaldi - Não. Nós já conseguimos empatar o número de deputados. Temos 12 a nosso favor e 12 contrários.
UOL - O sr. acha que Lula se reelege? Como será sua relação com ele?
Garibaldi - Pelo que apontam as pesquisas, sim. Sobre minha relação com o presidente, acredito que será a melhor possível. Eu não acredito que o presidente tenha algo contra o povo do Rio Grande do Norte. Eu preferi ficar neutro com relação a apoiar qualquer um dos presidenciáveis, mesmo porque a PSDB é oposição a mim aqui no Rio Grande do Norte.
UOL - O sr. teme ficar isolado caso Geraldo Alckmin vença?
Garibaldi - Não. Nenhum presidente quer ver o povo do Rio Grande do Norte sofrer.
Nome completo:
Garibaldi Alves Filho
Local de nascimento:
Natal (RN)
4 de fevereiro de 1947
Profissão: advogado e jornalista
Partido: PMDB
"Geralmente um governador consegue se reeleger já no primeiro turno. E isso não aconteceu com a minha adversária".
Garibaldi Alves Filho, sobre a ida de Wilma de Faria para o segundo turno
"Estamos conseguindo muitos apoios. Um exemplo é o atual vice-governador, Antônio Jácome (PMN),que já anunciou apoio à nossa candidatura"