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08/10/2006 - 22h28

No terceiro bloco, candidatos questionam programas e ações de governo

Cris Gutkoski
Da Redação, em São Paulo
Os temas da corrupção e da ética saíram provisoriamente de cena no terceiro bloco do debate dos presidenciáveis na TV Bandeirantes, na noite deste domingo. Os adversários Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB) trocaram perguntas sobre administração pública, nos temas da segurança, transportes, geração de energia, entre outros.

Primeiro a perguntar, por sorteio, Lula questionou o candidato tucano sobre o calcanhar-de-aquiles de sua campanha, o caos na segurança pública em São Paulo, deflagrado em maio com os atentados atribuídos ao PCC (Primeiro Comando da Capital). O presidente afirmou que, depois de 12 anos de governo do PSDB e PFL, os secretários de segurança e administração penitenciária não se entendiam e "o PCC tomou conta do país".

Alckmin retomou alguns números exibidos anteriormente em sua propaganda eleitoral. Disse que seu governo retirou das ruas 90 mil bandidos, reduziu em 50% os homicídios em São Paulo e construiu 75 unidades prisionais. "O governo Lula só fez uma (cadeia)", provocou o tucano, para quem a polícia de fronteira prometida pelo governo federal "não aconteceu", permitindo o tráfico de drogas e armas no país.

"Fizemos a nossa parte. E o candidato Lula?", indagou Alckmin. Segundo o tucano, o governo federal liberou apenas uma pequena parte, 9%, das verbas do sistema único de segurança pública e ainda cortou verbas do setor na maioria dos Estados.

Lula acusou o adversário, quando governador, de cortar 15% do orçamento da segurança pública e R$ 67 milhões no setor da inteligência. "Há contradição entre os números que você decorou e a realidade da segurança em São Paulo", afirmou o petista.

Na hora de perguntar, Alckmin fez críticas à política externa brasileira, ressaltando o que considera a submissão do país em relação à Bolívia e também a invasão dos produtos chineses no mercado. "Com a Bolívia o Brasil foi humilhado", disse.

Para Lula, "a política externa brasileira é ousada". O presidente citou o aumento expressivo nas exportações no seu governo e disse que a América Latina é hoje o maior comprador do Brasil. "Nos abrimos para a África, para quem os defensores da tua política externa viraram as costas", afirmou Lula.

"Esse país conquistou autoridade moral. A Bolívia fez com o gás dela o que todos os países fizeram com o petróleo. O Brasil tem que ser justo com a Bolívia na negociação. Já houve tempo em que a bravata com os países pobres predominava, agora não, agora é parceria".

Lula citou o presidente norte-americano George Bush e disse que Alckmin "pensa ainda que estamos na Guerra Fria". "Se o Bush tivesse o bom senso que eu tenho, não teria a guerra do Iraque. Ele foi avisado. Ele pensava que nem você, Alckmin, e fez uma barbárie dessas".

Ao fazer a pergunta para o adversário, Lula chamou o candidato a vice-presidente de Alckmin de "rei do apagão" e perguntou qual a sua proposta para a questão energética brasileira.

Em vez de desenvolver seu programa de governo na área, Alckmin fez críticas ao governo Lula. "O Brasil não cresceu, perdeu oportunidades. O Brasil não tem investimento em geração de energia importante. O Brasil está parado na área de energia. As hidrelétricas do Norte não saíram do papel". As críticas foram rebatidas pelo presidente, que citou a auto-suficiência da Petrobras, comemorada em abril deste ano, e a criação de projetos como H-Bio e biodiesel.

Alckmin perguntou sobre a ausência de investimentos nas estradas e disse que apenas no quarto ano do governo Lula houve a operação tapa-buracos, sem concorrência pública. Lula respondeu que o seu governo está restaurando 26 mil quilômetros de estradas e fazendo obras em aeroportos como o de Congonhas, em São Paulo.

"Veja o aeroporto de Congonhas, você poderia me agradecer", afirmou. "Fazemos isso porque o Brasil precisa disso. Quando vocês governaram o Brasil, vocês não acreditavam que o país poderia crescer. Vocês pensavam pequeno, pensavam o Brasil apenas exportando para os Estados Unidos e para a União Européia. E eu quero o Brasil exportando para o mundo inteiro".

Para Alckmin, "o mundo do candidato Lula é o mundo virtual. Ele anda de Aerolula, eu fui ver as estradas brasileiras", lembrou. No final do bloco, o presidente e candidato à reeleição pediu ao adversário que reconhecesse os avanços promovidos desde a sua posse, em 2003. "O fato concreto e objetivo é que o Brasil melhorou. Reconheça pelo menos uma vez. As pessoas estão comendo mais, construindo mais".