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02/08/2006 - 19h54

Lula promete pedir a constituinte, se a sociedade reivindicar

Da Redação
Em São Paulo
Em entrevista transmitida ao vivo diretamente do Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ao "SBT Brasil" que vê com simpatia a idéia de realizar a reforma política por meio da convocação de uma Assembléia Constituinte exclusiva.

"Vejo com simpatia. Tenho dúvidas se o Congresso conseguiria aprovar a reforma política dos anseios da sociedade. Normalmente, o Congresso vai atender aos seus próprios interesses. A idéia da constituinte não pode ser iniciativa do governo, mas da sociedade. Precisamos discutir a reforma assim que terminar a eleição. Se a sociedade puder reivindicar, eu encaminharei a proposta ao Congresso".

O presidente também respondeu a perguntas da apresentadora Ana Paula Padrão sobre punição de petistas, CPIs, participação em debates na campanha presidencial e obras do governo.

Lula afirmou ser favorável a um "aperfeiçoamento" das CPIs. "A CPI pode ser livre, mas não pode ser uma salada de frutas", disse, criticando a exposição para a mídia dos parlamentares. Segundo o presidente, ao invés de investigar, os congressistas querem aparecer e criam confusão. "A investigação precisa punir. Se utiliza a CPI para fazer merchandising pessoal, complica a seriedade da apuração".

Indagado sobre a punição dos petistas envolvidos em escândalos de corrupção, Lula ressaltou a importância do direito de defesa dos acusados.

"Há a denúncia, a investigação e o processo. A sugestão que dei ao PT é que, provada a culpabilidade, a pessoa saia do partido. É uma forma de fazer depuração na política brasileira. Temos interesse em apurar e punir, dando o direito de defesa."

Lula evitou falar sobre uma aproximação, para o segundo turno, com os parlamentares expulsos do PT que hoje estão no PSOL. "Só discuto segundo turno depois de primeiro de outubro. Trato todos os candidatos com respeito. Vamos aguardar resultado eleitoral e conversar com quem precisarmos. Alguns estão mais nervosos, outros mais raivosos, dizendo coisas insensatas."

O presidente insistiu em ressaltar as obras de seu mandato. "Vou mostrar o que eu fiz e foi muita coisa. O povo está comendo melhor, está trabalhando mais, a economia está crescendo". Segundo ele, os eixos de um segundo mandato seriam desenvolvimento, distribuição de renda e "muito investimento em educação, que é o que vai mudar a cara do Brasil."

Ana Paula Padrão pediu ao presidente que citasse o que deixou de fazer, desde a posse. Lula respondeu que, em primeiro lugar, gostaria de citar o que fez.

"Os preços baixaram. O salário mínimo aumentou. Estou frustrado em não concluir o processo de votação do Fundeb."

Indagado sobre a ausência do prometido "espetáculo de crescimento", Lula fez uma provocação. "A gente esquece das coisas. Quando a gente acha que crescimento de 3,5% ou 4% é pequeno, a gente esquece de duas décadas de estagnação na economia brasileira. Nós consertamos esse país. O alicerce está sólido, agora podemos fazer o madeiramento e o telhado, e o povo brasileiro pode morar tranqüilo".

"Antigamente, os EUA espirravam e nós pegávamos pneumonia. Hoje a economia brasileira está sólida e nós não vamos sofrer percalços. Contruímos a solidez."

Novamente, Lula evitou confirmar a sua participação nos debates do primeiro turno. "Vai depender de como vai ser o debate. O presidente da República é uma instituição. Quais as regras? As pessoas agem com uma certa insanidade. Algumas perguntas nem são pertinentes a uma campanha eleitoral. Se tem coisa que eu gosto é ser provocado em debate. Mas não estou lá como Lula candidato, preciso preservar a instituição".

A entrevista foi anunciada pela apresentadora Ana Paula Padrão como a primeira do presidente Lula à TV brasileira na condição de candidato à reeleição.

Segundo pesquisa Datafolha de meados de julho, Lula tem 44% das intenções de voto, ou 16 pontos percentuais à frente de Alckmin, o segundo colocado, com 28%. O presidente mantém esses índices de preferência do eleitorado (pouco mais de 40%) desde abril.

A série de entrevistas ao vivo com presidenciáveis no jornal "SBT Brasil" teve início na segunda-feira, com Geraldo Alckmin, que esteve no estúdio em São Paulo. Na quinta-feira (3/8), será a vez de Cristovam Buarque (PDT). Na sexta, Heloísa Helena (PSOL) será entrevistada por Ana Paula Padrão.

Na próxima semana, o "SBT Brasil" apresentará reportagens e entrevistas com os candidatos Luciano Bivar (PSL), Rui Pimenta (PCO) e José Maria Eymael (PSDC).

Lula volta a ser entrevistado ao vivo em telejornal na próxima semana, desta vez no "Jornal Nacional", no dia 10 de agosto. A série da Rede Globo com presidenciáveis se inicia na segunda-feira, dia 7 de agosto, com Alckmin.