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Lula diz que 'pacote do desespero' é como sorvete: 'chupou, acabou'

Lucas Borges Teixeira, Camila Turtelli e Alexandre Santos

Do UOL em Salvador, Brasília e São Paulo

02/07/2022 14h57

O presidenciável do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, minimizou os efeitos eleitorais do chamado "pacote do desespero" aprovado pelo Senado nesta semana, durante discurso em Salvador, neste sábado (2).

"Bolsonaro aprova suas leis, porque vamos pegar todo o dinheiro que você mandar, mas não vamos votar em você, vamos votar em outras pessoas", disse Lula aos seus apoiadores na arena do estádio Fonte Nova, na capital baiana. "É como se fosse um sorvete, chupou, acabou, fica com o palito na mão", falou se referindo à PEC (Proposta de Emenda à Constituição).

Na quinta-feira (30), o Senado aprovou a instituição de um estado de emergência para permitir que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fure o teto de gastos. As medidas terão um custo total de R$ 41,25 bilhões. Todos os senadores do PT que votaram foram favoráveis à medida. A PEC amplia benefícios sociais e prevê um aumento do Auxílio Brasil para R$ 600 e a criação de uma Bolsa Caminhoneiro de R$ 1 mil.

Assédio na Caixa

Ainda durante a fala, Lula mudou seu discurso sobre as denúncias de assédio envolvendo o ex-presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães.

"É preciso que essa gente seja julgada e que essa gente depois de apurado e julgado, seja condenada. Senão a gente não vai construir nunca nem um novo homem nem uma nova mulher. Isso nós temos de ser mais duro e no julgamento dessas pessoas. É mais do que urgente construirmos a igualdade de direitos de mulheres e homens", disse Lula.

Ao longo da semana, ao ser questionado sobre o caso Pedro Guimarães, Lula havia dito que não era procurador ou policial para comentar as acusações.

Militares

Lula também cobrou que militares estejam comprometidos com democracia. "Cabe às Forças Armadas atuar na defesa do território nacional, do espaço aéreo e do mar territorial, cumprindo estritamente o que está definido pela Constituição. É necessário superar o autoritarismo e as ameaças antidemocráticas. Não toleraremos qualquer espécie de ameaça ou tutela sobre as instituições representativas do voto popular", disse.

O ex-presidente afirmou que para sair da crise e voltar a crescer e se desenvolver, o Brasil precisa de normalidade e respeito institucional, com observância integral à Constituição. "E eu tenho certeza de que as Forças Armadas estarão ao lado do povo brasileiro nessa luta pela nova independência, como estiveram em momentos importantes da nossa história", disse.

Pré-campanha

Salvador foi neste sábado (2) palco da guerra entre narrativas das pré-campanhas do presidente Jair Bolsonaro (PL) e Lula. Com atos marcados durante a festa de independência da Bahia, os grupos enxergavam o "encontro" com preocupação por questões de segurança e possível comparação entre os eventos.

Além deles, participam das cerimônias de 2 de Julho na cidade os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

Lula, Ciro e Tebet participam de cortejo na BA e Bolsonaro, de motociata

Essa foi a primeira vez que os quatro participam de eventos públicos na mesma cidade no mesmo dia. Apesar de três deles participarem do mesmo ato, um trajeto entre o Largo da Lapinha e a Praça Thomé de Souza, só Ciro e Tebet se encontraram.

Após participar do cortejo, Lula participou de um evento no estacionamento da Arena Fonte Nova, a céu aberto, junto ao governador Rui Costa (PT), o ex-secretário Jerônimo Rodrigues (PT), pré-candidato ao governo do estado, e o senador Otto Alencar (PSD-BA), que busca a reeleição.