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'Vejo debate de ideias', diz Castro sobre ataques de Bolsonaro à democracia

Colaboração para o UOL

20/05/2022 16h12Atualizada em 20/05/2022 18h05

Pré-candidato à reeleição no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) disse, durante sabatina UOL/Folha realizada hoje, que não vê tentativas de golpe no Brasil, mas apenas um "debate de ideias".

"Não enxergo nenhum elemento de golpe, não vi nenhum ato que sugerisse golpe. O que vejo é debate de ideias. A questão da urna eletrônica, eu mesmo fui candidato, e já perdi, venci, nunca questionei a urna. Agora, qualquer trabalho que possa ser feito no sentido de melhorar a segurança, entendo que é um trabalho positivo."

Castro também disse não querer jogar "lenha na fogueira". "Acho que essas brigas todas fazem mal à democracia, ao país. A mim, como governador, tenho que ser um apaziguador, mediador, não acho que colocar lenha na fogueira na briga de ninguém seja papel de governador do estado. O Rio de Janeiro tem se notabilizado por voltar a ser um estado de diálogo", afirmou. "Tento agir como apaziguador e mediador. Não cabe a mim ser comentarista."

Ele opinou que Bolsonaro "merece" um segundo mandato e culpou a situação do estado por "anos sem investimento", tanto na área de saúde quanto na de segurança pública.

"Acho que o presidente Bolsonaro merece um segundo mandato, até para essa arrumação toda que eles estão fazendo, colher os frutos disso", afirmou.

Castro disse que o governo Bolsonaro foi o que mais sofreu desde a redemocratização. "Ninguém passou as dificuldades que ele [Bolsonaro] passou. Dois anos de pandemia, crise de commodities, guerra. Nenhum outro presidente desde a redemocratização passou por tantos percalços como ele passou", disse.

"Na questão econômica, muitas coisas concordo com ele, muitas coisas mesmo. Acho que eles prepararam o país para crescer. Tive muitas reuniões com o ministro Tarcísio [Gomes de Freitas, da Infraestrutura], é impressionante o conhecimento que eles têm sobre infraestrutura do país."

Caso Marielle

O governador disse que o caso Marielle Franco —em que a vereadora carioca foi assassinada com o motorista Anderson Gomes há quatro anos— é complexo e, por isso, ainda não foi elucidado. Além disso, o chefe do Executivo estadual justifica a demora dizendo que a polícia estava sucateada quando assumiu o mandato, após a cassação de Wilson Witzel (PSC).

"Tenho muito interesse em solucionar esse caso. Quando peguei a polícia, ela estava sucateada. Como você tem quantidade de elucidação de crimes com polícia sem um computador decente? Temos trabalhado para recuperar a Polícia Civil. Esse caso será elucidado, sim, como vários outros. É um caso muito complexo", afirmou.

"Qualquer promessa que eu faça aqui será eleitoreira. Em quatro anos, [sou o] terceiro governador [à frente do Rio neste caso]. Não é culpa do governador, o caso é que é extremamente complexo."

Concorrentes

Castro criticou seu principal opositor, Marcelo Freixo (PSB), chamando o deputado de "defensor de bandido". "Já eu defendo a polícia", afirmou.

Também rebateu declaração de Freixo de que ele "serve à máfia". "Acusado [na Operação Lava Jato] todo mundo é. Pior é o marqueteiro do meu adversário, que é delator. É ele a mente que botou a máfia no poder, a máfia de que meu antecessor falou mais cedo escolheu ele como sucessor", afirmou após uma pergunta sobre Paulo Vasconcelos, citado três vezes na Lava Jato sob acusação de receber por caixa dois quando trabalhou para o PSDB.

Já o publicitário de Marcelo Freixo é Renato Pereira, delator de fraudes em licitações durante o governo de Sérgio Cabral, atualmente cumprindo pena na prisão.

"Ele é o candidato da máfia, que quebrou o estado do Rio de Janeiro e escolheu um candidato a voltar ao poder, que é o senhor Marcelo Freixo, defensor de bandido."

"Não sou salvador da pátria. Freixo diz que ia diminuir o valor da passagem e ajustar o trem. Só se ele for o gênio da lâmpada. Não consigo imaginar como ele vai diminuir a passagem e ajeitar o trem. Uma situação com essa é uma situação clara de quem não conhece a máquina, porque nunca trabalhou."

Também disse que o União Brasil faz parte de seu palanque, por isso Anthony Garotinho não deve ser candidato ao governo do Rio, apesar de ter dito o contrário disso na sabatina UOL/Folha. Castro também afirmou que o ex-governador não pediu cargos a ele.

"Hoje, eu nem considero, sinceramente, o ex-governador [Garotinho] como pré-candidato, porque o partido tem aliança comigo a ser formalizada na convenção partidária."

Propina na mochila

Além disso, rebateu outra delação premiada que o acusa de andar com uma mochila cheia de propina. "Eu ando de mochila há quatro anos, isso não é crime algum. Tenho um amigo pessoal que tinha chegado dos EUA. Ele é fornecedor de uma instituição com autonomia política-financeira, que não tem nenhum ato meu."

Também considerou a delação ilegal, porque foi lida. "O pacote anticrime é claro sobre delação não poder ser lida", disse. O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro julga na próxima segunda-feira (23) a validade dessa delação premiada.

Pesquisa Datafolha

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em abril, há um empate técnico na liderança entre o deputado federal Marcelo Freixo e o atual governador, Cláudio Castro (PL).

O terceiro lugar traz oito candidatos tecnicamente empatados: Anthony Garotinho (União Brasil), com 7%; Rodrigo Neves (PDT), com 5%; Eduardo Serra (PCB), com 4%; General Santos Cruz (Podemos), também com 4%; Cyro Garcia (PSTU), com 3%; André Ceciliano (PT), com 2%; Felipe Santa Cruz (PSD), com 2%; e Paulo Ganime (Novo), que tem 1% das intenções de voto.

A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Os entrevistadores são os colunistas Kennedy Alencar e Chico Alves, do UOL, e Italo Nogueira, repórter da Folha.

Nas próximas semanas, também serão feitas sabatinas com candidatos ao governo do Paraná, Pernambuco, Ceará, Bahia e Rio Grande do Sul.