Quem fala em matar é quem defende a tortura, diz Dilma em ato pró-Lula

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Curitiba

  • Heuler Andrey/AFP

    Ao lado de Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff discursa em ato final da caravana

    Ao lado de Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff discursa em ato final da caravana

Em ato da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba nesta quarta-feira (28), a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) disse, sem se referir nominalmente a Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que quem apoia o presidenciável defende "uma política que não gosta do diálogo, do debate, da democracia. Gosta da raiva, do ódio, só fala em matar como nós ouvimos aqui o líder deles".

"O que faz alguém que pretende ser presidente do Brasil começar sua fala falando em morte, em matar? Quem faz isso é uma pessoa que defende a tortura como método", afirmou Dilma. Mais cedo, também em Curitiba, Bolsonaro disse que a polícia tem que "atirar para matar".

Ainda segundo Dilma, grupos de oposição ao PT, como o MBL, tiveram apoio de setores da polícia e do Ministério Público.

Quero polícia que atire para matar, diz Bolsonaro

A ex-presidente criticou declarações do governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e da senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) sobre ataques sofridos pela caravana de Lula.

"Nós sabemos que o que eles pensam e o que eles sentem é o que eles falaram na primeira vez."

Já o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad (PT) lembrou que o primeiro comício das Diretas Já, em 1984, foi na capital paranaense, e disse que hoje a cidade foi mais uma vez "a capital da democracia".

"Eu não me sinto hoje no fim da caravana sul do presidente Lula, mas quem sabe no início de uma nova caravana, uma nova campanha para derrotar os fascistas que estão se expressando nesse país", afirmou.

Haddad citou também o assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL no Rio, e disse que ela defendia causas comuns à esquerda, como acesso à educação e a defesa de mais oportunidades para a população negra.

Antes de Haddad falar, o presidente do PSOL, Juliano de Medeiros, também discursou. "O essencial é dizer para esses canalhas, para o psicopata do Bolsonaro que acha que pode convocar um ato a um quilômetro daqui e que vai intimidar a militância de esquerda. Dizer para esses psicopatas: não deterão a esquerda no Brasil", declarou.

Simpatizantes de Bolsonaro marcaram um ato também em Curitiba a cerca de um quilômetro de onde Lula discursaria. Até o início da noite, não houve registro de conflitos.

O pré-candidato do PSOL a presidente, Guilherme Boulos, também atacou Bolsonaro e o responsabilizou pelo ataque à caravana de Lula.

"Nós não sabemos quem foi o fulano que apertou o gatilho. Mas sabemos quem de fato quem apertou esse gatilho", disse. "Nós temos que responsabilizar o senhor Jair Bolsonaro por isso. Bandido, criminoso, sem vergonha."

"Ele [Bolsonaro] tem que ser responsabilizado por isso. Mas isso não é um caso isolado. Hoje faz duas semanas do assassinato covarde e cruel da Marielle Franco, mulher negra lutadora e que foi assassinada por um crime político", declarou, puxando o grito de "Marielle Franco, presente".

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) chamou a atenção para o caráter pluripartidário do ato, que classificou como um evento "contra a violência, contra a intolerância, em defesa do Estado de direito". "A luta e a nossa causa do nosso povo é mais forte do que o ódio que nos destinam", disse.

Stedile e Pimenta criticam Sergio Moro

João Pedro Stédile, coordenador nacional do MST, cobrou da militância presente o compromisso de "não deixar que a burguesia prenda o Lula."

Stédile incentivou a pichação em muros pelo país a frase "Lula inocente, Lula presidente" como forma de defender o petista, e fez uma crítica à atuação política da esquerda.

"Nós viramos bundões e esquecemos de falar com o povo", disse. "Nós só sabemos discursar. Nós temos que convencer o povo."

"A campanha eleitoral é uma luta de classes. Nós queremos o conflito? Não. A burguesia tem o projeto deles e não tem candidato. Estamos construindo um projeto e temos Lula como candidato."

Stédile também pediu aos militantes que, antes de irem embora, cuspissem em uma faixa que chamava o juiz Sergio Moro de "porco imperialista".

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), disse que o juiz Sergio Moro "ainda sentará no banco dos réus".

Ataques a tiros

O ato de Lula ocorre um dia depois que dois ônibus da caravana que circula pelos estados sulistas foram atacados por tiros.

O ônibus que transporta parte da imprensa que acompanha a viagem foi o atingido por três disparos, dois do lado direito e um do lado esquerdo. Neste, um dos vidros foi atingido por um objeto que deixou uma marca arredondada. O ex-presidente estava em um terceiro veículo, que não foi atingido. Ninguém ficou ferido.

A caravana de Lula pelo Sul, que se encerra nesta quarta (28) em Curitiba, foi alvo de protestos em quase todas as cidades pelas quais passou. Em algumas situações, a comitiva foi alvo de pedras e ovos atirados por militantes antipetistas. Em Cruz Alta (RS), quatro mulheres apoiadoras do PT foram atacadas por opositores. Na segunda (26), um segurança da caravana agrediu um repórter que cobria os eventos.

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