"Vergonha nacional", gritam manifestantes após decisão do STF sobre Lula

Gustavo Maia e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

  • Mateus Bonomi/Folhapress

    Manifestantes contra o ex-presidente Lula na Praça dos Três Poderes, em Brasília, criticam o STF

    Manifestantes contra o ex-presidente Lula na Praça dos Três Poderes, em Brasília, criticam o STF

"Supremo Tribunal, vergonha nacional". Repetido inúmeras vezes por manifestantes que estavam do lado de fora do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta quinta-feira (22), o grito de guerra sintetizou a contrariedade do grupo à determinação da maioria dos ministros para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não seja preso até pelo menos o próximo dia 4, quando a Corte deverá retomar o julgamento de um habeas corpus preventivo do petista. 

Ao fim da sessão, suspensa por conta do horário, por volta das 19h, um pequeno grupo de manifestantes gritava em uma caixa de som contra os ministros, classificados como "aves de rapina", e chamavam a Corte de "venezuelana". "Vocês são juizecos, se ajoelharam diante do crime organizado", bradava um homem no microfone.

Apoiadores do petista, por sua vez, comemoravam discretamente.

Durante a tarde, dois grupos – um a favor e outro contra a liberdade provisória de Lula - protestaram em frente ao tribunal com um pixuleco assediado para fotos e provocações mútuas entre manifestantes.

A estimativa da Polícia Militar do Distrito Federal é que aproximadamente 250 pessoas estiveram na Praça dos Três Poderes nesta tarde. A segurança no local foi reforçada com a Polícia Militar e o grupo de policiamento especializado. Homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais) ficaram de prontidão no estacionamento do ginásio Nilson Nelson, a cerca de 5 km do STF.

Os grupos foram divididos em espaços pré-determinados para que não houvesse conflito. No entanto, houve provocações de ambos os lados.

Manifestantes contra a liberdade preventiva de Lula tentaram inflar um pixuleco (boneco) com a imagem do ex-presidente e outro com a figura do ministro do STF Gilmar Mendes. De acordo com a PM, a proibição da instalação dos bonecos infláveis tinha sido acordada entre a equipe de segurança e os manifestantes.

Em um princípio de confusão, os participantes contra Lula fizeram um círculo para tentar proteger os balões, mas a polícia lançou gás lacrimogêneo para dispersar parte do grupo e recolher os bonecos. Eles serão devolvidos ao final do julgamento, segundo a polícia.

Mais tarde, para contornar a situação, os manifestantes anti-Lula apresentaram uma fantasia de pixuleco de corpo inteiro, lembrando bonecos de parque de diversões. Quando chegou perto do protesto, o boneco rebolou e dançou em direção ao STF, em referência a não se importar com o resultado do julgamento. O pixuleco foi ainda assediado para fotos e levantado nos braços por um dos presentes. Outro, ao microfone, fazia a voz de Lula fingindo oferecer cestas básicas, criticando a corrupção no país e gritando "Lula ladrão, seu lugar é na prisão".

Faixas do grupo contra Lula tinham os escritos "STF, não se apequene", "Aqui jaz a Suprema Corte", "Gilmar vendido aos corruptos" e "Ministro Gilmar, queremos corruptos na cadeia". Havia também uma bandeira do Império.

Ambos os grupos levaram caixas de sons e disputavam entre si quem falava mais alto. Em um momento, para tentar abafar o som dos manifestantes anti-Lula, um grupo começou a tocar uma música em ritmo de pagode exaltando o PT.

O grupo a favor do Lula também levou bonecos para o protesto. No caso, patos amarelos com cifrões de Real, máscara de ladrão nos olhos e referências ao governo de Michel Temer apunhalando uma carteira de trabalho com a frase "Tchau, querida". A frase foi muito usada pelos opositores ao PT na época do impeachment de Dilma Rousseff.

As faixas desse grupo tinham os escritos "Lula livre", "Lula inocente" e "Direitos trabalhistas: Lula garantiu. Temer destruiu". Eles gritavam "Bate-panelas, pode bater. Quem tirou o Brasil da miséria foi o PT" e "Olê, olê olê olá, Lula! Lula!".

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