Lula ironiza protestos e diz que ganhou no RS "foguetório" que nunca teve

Bernardo Barbosa

Do UOL, em Cruz Alta (RS)

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ironizou os protestos contra sua viagem pelo Rio Grande do Sul, que se voltaram a se repetir nesta quinta-feira (22) nas cidades de São Miguel das Missões e Cruz Alta.

"Eles estão escrevendo por linhas tortas o foguetório que eu nunca tive na vida", disse em Cruz Alta, cidade governada pelo petista Vilson Roberto, enquanto fogos de artifício eram disparados por manifestantes a cerca de 100 metros do local de seu discurso.

Lula disse que o Rio Grande do Sul não "se curvará a fascistas" e pediu a seus apoiadores que não se preocupassem com ele. "Sofrendo mais que eu, tem 14 milhões de desempregados nesse país", disse.

Pouco depois de Lula terminar sua visita a Cruz Alta, o STF (Supremo Tribunal Federal) iniciou o julgamento de um recurso que tenta evitar a prisão do ex-presidente antes de o caso do tríplex, no qual foi condenado em segundo grau, passe por todas as instâncias da Justiça.

Lula fez uma rápida parada em Cruz Alta, onde foi recebido por centenas de pessoas. Mas se repetiu a cena de militantes pró-Lula de um lado e contra ele de outro, separados por policiais --pouco mais de 100, desta vez, segundo oficiais que trabalhavam no local.

Do outro lado da barreira da Brigada Militar, outras centenas de pessoas exibiam cartazes com trocadilhos como "Lularápio" e "Luladrão", e exigiam a prisão do petista.

A declaração de Lula de que fazendeiros gostam de pegar empréstimos para comprar equipamentos e não pagar, dada há dois dias em Santa Maria (RS), também foi um dos alvos dos manifestantes nas duas cidades visitadas hoje pelo ex-presidente.

Assim que Lula terminou de falar em Cruz Alta e já se encaminhava para um dos ônibus da caravana, militantes que o assistiam denunciaram que uma mulher havia atirado pedras em direção ao ex-presidente. Ela foi contida pelos próprios militantes e depois detida por policiais, que a encaminharam para prestar esclarecimentos.

Em São Miguel das Missões, primeira parada da agenda desta quinta, o prefeito Hilário Casarin (PP) se juntou ao protesto contra Lula e criticou a declaração do petista, dizendo que produtores locais não tinham dinheiro "nem para comprar óleo" para seus tratores.

Casarin afirmou ainda que enviaria uma nota de repúdio ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) pelo fato de Lula ter incluído na agenda da caravana uma visita ao sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo, que reúne ruínas de missões jesuíticas.

"O sítio é patrimônio da Humanidade, todos têm direito de visitar. O que não podemos aceitar é que o sítio sirva de palco político para essa cambada", disse o prefeito.

No local, Lula encontrou-se com índios guaranis e caingangues que vivem na região. O ex-presidente foi presenteado com peças de artesanato indígena, incluindo um arco e flechas.

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