"Não somos candidatos contra o PT ou Lula", diz Geraldo Alckmin

Gustavo Maia

Do UOL, em Brasília

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    Observado por Helder Barbalho (MDB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, toma café e cumprimenta participantes do Fórum Mundial da Água, após falar em um seminário sobre crise hídrica em Brasília

    Observado por Helder Barbalho (MDB), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, toma café e cumprimenta participantes do Fórum Mundial da Água, após falar em um seminário sobre crise hídrica em Brasília

O PSDB formalizou nesta terça-feira (20) a pré-candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República. De caráter burocrático, já que a pré-candidatura é a única do partido, o anúncio ocorreu após reunião da Executiva tucana, da qual Alckmin é presidente nacional, em Brasília.

Questionado sobre se a disputa eleitoral ficaria mais fácil caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seja impedido de se candidatar, o tucano desconversou. "Nós não somos candidatos contra o PT, contra o Lula, ou quem quer que seja", afirmou Alckmin.

Alckmin complementou dizendo que "tanto faz" quem disputará as eleições, porque "não se escolhe concorrentes".

"[Queremos] ser instrumento do povo brasileiro na mudança, para o país poder avançar. Nem a violência da ditadura, que não resolveu nada, nem populismo de natureza fiscal. Um Estado moderno, que destrave a economia, que faça reformas", declarou.

Também nesta terça, o presidente Michel Temer (MDB) falou pela primeira vez publicamente sobre a possibilidade de disputar a eleição. Instado a comentar a declaração do emedebista, o tucano disse que o MDB é um partido "grande, importante" e que uma eventual candidatura do presidente seria legítima.

"O fato de termos muitas candidaturas é resultado ainda de termos um quadro pluripartidário muito fragmentado. Eu acho que o tempo vai afunilando", afirmou.

Além do PSDB, outros 11 partidos já lançaram pré-candidaturas: PT (Lula), DEM (Rodrigo Maia), Podemos (Alvaro Dias), PDT (Ciro Gomes), PTC (Fernando Collor), PSOL (Guilherme Boulos), PSL (Jair Bolsonaro), Novo (João Amoêdo), PCdoB (Manuela D'Ávila), Rede (Marina Silva) e PSC (Paulo Rabello de Castro).

A formalização ocorreu quase um mês após a desistência do único adversário interno de governador na disputa, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM). O presidenciável explicou que era o único inscrito ao fim do prazo para a realização de prévias da sigla.

"A Executiva deliberou que seremos o candidato", anunciou o governador, utilizando o plural para falar de si mesmo.

A convenção do partido para o lançamento oficial da candidatura de Alckmin deve ocorrer entre o fim de junho e julho.

O ato com a presença de Alckmin acontece dois dias depois de seu afilhado político, o prefeito de São Paulo, João Doria, vencer as prévias do PSDB para disputar o governo do Estado.

O pré-candidato falou à imprensa rodeado por senadores e deputados do partido. Antecessor de Alckmin no comando da legenda, o senador Tasso Jereissati (CE) sentou ao seu lado.

Palanque duplo

Durante entrevista coletiva, o presidenciável fez questão de elogiar o vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que vai assumir o governo do estado a partir do mês que vem e é pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes contra Doria.

Segundo Alckmin, a candidatura do prefeito "não atrapalha em nada", além de ser "forte, legítima". "E também quero dizer que com o vice-governador Márcio França o Estado estará em ótimas mãos. Ao longo de quatro anos, ele acumulou experiência. [São Paulo vai ficar] em mãos firmes, em mãos honradas e competentes", declarou.

O governador disse não ver problema em receber o apoio de um adversário de Doria e sinalizou que subirá nos dois palanques. "Nós teremos vários candidatos em São Paulo. Ficarei muito honrado com o apoio do Márcio França [...] Qual é o problema? Apoio é ótimo".

Em certo momento, Alckmin se referiu ao prefeito de São Paulo como "o candidato do meu partido".

Aliados

O tucano preferiu não nomear eventuais aliados do PSDB na esfera nacional, limitando-se a dizer que está otimista e que "só se pode fazer coligação com quem não tem candidato".

"Temos vários partidos numa conversa bastante adiantada, mas isso não será nesse momento, vai ser mais à frente. Estamos montando bons palanques estaduais. A eleição não é só federal", comentou.

Segundo Alckmin, o PSDB tem mais de um terço dos estados com candidatura já definida e não disputará o governo em todas as unidades da federação. Onde não houver, explicou, as alianças estaduais precisarão ser referendadas pela Executiva Nacional.

Para ele, a campanha –que vai durar 45 dias, no primeiro turno-- vai ser curta e "de resistência. Alckmin disse que, a partir de agosto, pretende percorrer o Brasil do Monte Roraima ao Chuí (RS).

Segurança pública e outras propostas

O presidenciável defendeu ainda que o governo federal tem o dever de enfrentar a questão da segurança pública. "Ela não é de um estado, ela é de todo o país", afirmou, exaltando a redução dos índices de criminalidade São Paulo desde o ano 2000.

Para Alckmin, o enfrentamento deve se dar nas fronteiras, no tráfico de armas e drogas, e na lavagem de dinheiro, com tecnologia e integração. Ele defendeu ainda a criação de uma "agência nacional de inteligência".

"O crime não tem fronteira. Temos que ter uma ação diplomática com os países vizinhos para poder ter melhor resultado nesse enfrentamento", comentou.

Ele afirmou ainda que, caso eleito, vai propor uma reforma da Previdência no primeiro ano de mandato, assim como tributária e política.

Alckmin resumiu suas propostas citando "crescimento econômico, emprego e renda, abertura comercial, reforma tributária, agenda de competitividade e produtividade, medidas de justiça com os trabalhadores e inclusão".

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