Reunião com Ciro incomoda PT, mas Haddad ganha aval de Lula para conversas
Bernardo Barbosa
Do UOL, em São Paulo
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Nelson Antoine/UOL
24.jan.2018 - Lula e Haddad participam de ato na Praça da República, no centro de São Paulo
A conversa entre o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e o pré-candidato a presidente da República Ciro Gomes (PDT), na noite de terça-feira (20), causou ruído no comando petista. O encontro ocorreu em meio à incerteza sobre a viabilidade jurídica da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de outubro. Mas se depender do próprio Lula, o ex-prefeito de São Paulo poderá continuar conversando com representantes de outros setores políticos, segundo apurou o UOL.
De acordo com uma fonte ouvida pela reportagem, Haddad, que foi ex-ministro da Educação de Lula e é o coordenador de seu programa de campanha, informou a ele nesta quinta (22) o teor de suas recentes conversas com Ciro e Márcio França, vice-governador de São Paulo e pré-candidato do PSB ao governo paulista. O ex-presidente deu seu aval para que o correligionário continue a buscar o diálogo entre partidos, afirmou a mesma fonte.
A conversa entre Haddad e Ciro girou em torno da formação de uma frente de partidos de esquerda para as eleições deste ano. Esta semana, as fundações de formação política de PT, PCdoB, PDT, PSB e PSOL publicaram um documento comum com propostas para o país, dando um passo na formação da frente.
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Sem uma confirmação oficial sobre se a conversa tratou de um eventual impedimento jurídico de Lula ser candidato, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, disse hoje, em reunião da Executiva Nacional, que conversou com Haddad para saber o que falou com Ciro, contaram participantes do encontro petista.
De acordo com tais relatos, Gleisi mencionou as recentes notícias publicadas na imprensa sobre o encontro entre Ciro e Haddad como exemplo de como a hipótese de um plano B para a candidatura de Lula estaria vindo de "fora para dentro" do PT.
Condenado em segunda instância no caso do tríplex, da Operação Lava Jato, Lula está inelegível, em tese, pelos critérios da Lei da Ficha Limpa. Além disso, segundo o entendimento em vigor no STF (Supremo Tribunal Federal), pode ser preso depois da análise de seus recursos na própria segunda instância.
Os advogados de Lula aguardam o julgamento pelo Supremo de um habeas corpus que busca evitar a prisão do ex-presidente antes de que ele possa recorrer a todas as instâncias da Justiça. Para a defesa, a prisão após a segunda instância viola o princípio constitucional da presunção de inocência. O caso não tem data para ser julgado.
Os principais dirigentes do PT dizem que o partido não tem um plano B para a eleição presidencial. Vários nomes, porém, foram cogitados pela imprensa e pelo próprio Lula em entrevistas no ano passado e já chegaram a ser testados em pesquisas de opinião. Haddad apareceu no Datafolha de setembro de 2017, oscilando entre 2% e 3% das intenções de voto. Já o ex-governador da Bahia Jaques Wagner foi citado no Datafolha de janeiro deste ano e ficou com 2% das intenções nos quatro cenários em que apareceu.
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