Paulista tem ato contra Lula esvaziado e procura por camisetas de Bolsonaro
Aiuri Rebello
Do UOL, em São Paulo
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Aiuri Rebello/UOL
24.jan.2018 - O ambulante Djalma Rocha lucrou com a venda de camisetas do Bolsonaro
Organizada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e Revoltados Online, a manifestação a favor da condenação de Lula chegou a ter no máximo 300 participantes no seu melhor momento, de acordo com o capitão Mario, responsável pela operação da PM no local. A avaliação foi feita por volta das 18h30, e o protesto havia começado às 10h.
Após quase duas horas e meia bloqueada pela PM, a Paulista começou a ser liberada com o encerramento do ato pouco antes das 20h30.
Os manifestantes foram autorizados a fechar a avenida no sentido Consolação - a PM informou que não iria desobstruir a via e deixaria os manifestantes comemorarem a condenação com a avenida fechada.
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Sobre dois carros de som, organizadores do protesto tentavam manter a mobilização no local --tocaram pagode, marchinhas de Carnaval sobre o Geddel (Vieria Lima, ex-ministro dos governos Temer, Dilma e Lula) e o Hino Nacional (várias vezes), além de discursos dos líderes dos movimentos.
"Pessoal, os petistas estão no centro e estão falando que vão ocupar aqui, se não tiver ninguém. Temos que manter essa vigília o dia todo de qualquer jeito", afirmava Carla Zambelli, do Vem pra Rua, de cima de um dos carros de som.
Os que estavam lá ficaram firmes, mas o apelo, transmitido ao vivo pela internet, não resultou em mais gente presente no protesto.
"Aê galera, to passando aqui pra contar que está um a zero para a gente", gritou um organizador de cima de um dos caminhões de som contratados para animar o evento, pouco antes das 13h. "Lula na cadeia!", devolveram os manifestantes em coro.
Às 16h20, o mesmo animador interrompeu o som e gritou para o público no microfone: "É dois a zero para a gente galera", disse, ao contar o voto do revisor do processo no TRF-4 contra o ex-presidente.
Nessa altura, o boneco gigante Pixuleco, uma caricatura que representa o ex-presidente em roupas de presidiário, já estava inflado fazia tempo.
Alguns transeuntes não gostavam e, ao reclamar com manifestantes, ouviam gritos de guerra como "Fora PT" e "Lula na cadeia!". "Isso é que é democracia, a gente tentar conversar e só ouve grito", ironizou um pedestre antes de ir embora, muito irritado, sem se identificar.
Após isso, um cordão de isolamento foi feito por manifestantes para proteger o boneco de eventuais ataques.
Apesar de eventuais provocações a favor de Lula vindas de carros que passavam em frente ao local --quase sempre rebatidas com buzinas de outros motoristas em apoio à manifestação--, o clima foi bastante tranquilo ao longo de todo o dia.
Pouco antes das 18h, veio a confirmação de um dos carros de som: "É três a zero galera, ganhamos de goleada", disse o organizador sem se identificar. Mais aplausos. Entre os manifestantes, diversas pessoas pediam intervenção militar.
Camisetas para apoiadores de Bolsonaro
Em meio ao ato, quem comemorava bastante era o vendedor ambulante Djalma Rocha, 46. Ele vendia, com o auxílio de um ajudante, camisetas do deputado federal e presidenciável Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
"Já vendi umas 60 camisetas hoje", afirmava ele animado, por volta das 16h. "Mesmo fraco desse jeito, devo vender mais de cem."
Rocha cobra R$ 30 em cada uma, mas, enquanto a reportagem conversava com ele, o ambulante vendeu uma camiseta por R$ 11 para um manifestante sem recursos. "Não venho aqui pelo dinheiro. Peguei tanto amor no Bolsonaro que se precisar tenho prejuízo na venda, quero espalhar as ideias dele por aí", afirmou. Ele diz pagar R$ 19 em cada uma.
"Venho pelo prazer de vender camiseta do Bolsonaro, acho que só ele pra consertar esse país", disse o ambulante, que afirma não precisar trabalhar. "Hoje vivo de renda."
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