PMDB e PRB lideram doações em campanha bancada por fundo partidário

Ana Rita Cunha

Do "Aos Fatos", no Rio

  • Fernando Remor/ Mafalda Press/ Estadão Conteúdo

    Gean Loureiro (PMDB) foi eleito prefeito de Florianópolis sem ter tido, até agora, dinheiro doado por seu partido

    Gean Loureiro (PMDB) foi eleito prefeito de Florianópolis sem ter tido, até agora, dinheiro doado por seu partido

Sem a possibilidade de doação de empresas, os partidos políticos se tornaram a principal fonte de renda das campanhas eleitorais nas capitais brasileiras. A doação dos partidos correspondeu a 52,3% das campanhas a prefeituras nas 26 capitais, segundo levantamento realizado por "Aos Fatos", a partir de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O STF (Supremo Tribunal Federal) considerou inconstitucional o financiamento empresarial de campanhas em setembro de 2015. Dessa forma, doações privadas só poderiam ser feitas por pessoa física. Segundo o TSE, os candidatos que disputaram as eleições municipais em 2016 arrecadaram R$ 2,9 bilhões --queda considerável em relação aos mais de R$ 6 bilhões arrecadados em 2012.

As eleições deste ano reuniram 199 candidatos a prefeitos em 26 capitais, de 32 partidos. Desse total, 24 ainda não tinham apresentado nenhuma informação sobre despesas ou receitas ou ambos ao TSE, por isso foram desconsiderados nas análises da reportagem.

Os candidatos a prefeitos nas capitais arrecadaram R$ 197,3 milhões. Dessa receita total, 52,3% é de origem dos partidos, 32,9% de doação de pessoas físicas, 14,5% são recursos do próprio candidato e 0,3% vem de doação de candidatos a vereadores ou doação sem fonte identificada.

O PMDB e o PRB foram os maiores doadores de campanha. O PMDB doou R$ 14 milhões para 16 candidatos que estavam concorrendo a eleições em capitais e R$ 1,2 milhão para candidatos de partidos aliados nas capitais. O PRB doou R$ 15 milhões para seus seis candidatos em capitais e R$ 100 mil para aliados.

Por região, o PSD foi o maior financiador de campanhas da região Norte, o DEM, no Nordeste, o PR no Centro-Oeste, o PRB no Sudeste e o PP no Sul. Destes, apenas o DEM e o PRB conseguiram eleger prefeitos: ACM Neto (DEM), em Salvador, e Marcelo Crivella (PRB), no Rio de Janeiro.

Com partido e sem dinheiro

Apesar de ser a principal fonte de receita, 12% dos candidatos que concorreram a prefeito nas capitais não registraram até o momento nenhum apoio do partido. O único vencedor nessa situação é Gean Loureiro (PMDB), que ganhou a Prefeitura de Florianópolis no segundo turno, neste domingo (30). Cerca de 96% da campanha de Loureiro foi financiada por pessoas físicas, tendo como maior doador o empresário do setor de tecnologia Jorge Luiz Savi de Freitas.

Na ponta oposta, dez candidatos tiveram a campanha financiada praticamente apenas pelos partidos. Dois deles foram eleitos, Geraldo Julio (PSB), no Recife, no segundo turno, e Teresa Surita (PMDB), reeleita em Boa Vista no primeiro turno.

A segunda fonte de receita das campanhas foram os doadores individuais. O perfil mais comum é de poucos doadores doando quantias altas. Na campanha de 79 candidatos a prefeito, o doador principal concentrou mais de 25% do montante doado.

A maior doação de pessoa física foi para a campanha de Délio Malheiros (PSD), candidato derrotado na campanha para prefeito de Belo Horizonte. Ele recebeu R$ 680 mil de Maria Regina Lacerda, mulher do atual prefeito da cidade, Márcio Lacerda (PSB).

Internet

As doações pela internet foram minoritárias. Apenas 12 dos 175 candidatos receberam doações pela internet. Elas totalizaram, até o momento, pouco mais de R$ 1 milhão, ou seja, 0,53% do total arrecadado nas campanhas.

Os dados usados nessa matéria se referem a última atualização do site do TSE na segunda-feira (31). Esses dados, no entanto, não são definitivos, pois os candidatos têm até dia 19 de novembro para concluírem a prestação de contas com a Justiça Eleitoral.

Autofinanciamento

O financiamento com recursos do próprio candidato foi importante para algumas da candidaturas. Dentre os prefeitos eleitos, quatro investiram mais de R$ 1 milhão do próprio bolso na campanha. João Doria Jr. (PSDB), prefeito eleito em São Paulo, no primeiro turno, financiou 40%, ou R$ 3,9 milhões, da própria campanha.

Os prefeitos eleitos no segundo turno, Alexandre Kalil (PHS), em Belo Horizonte, e Dr. Hildon Chaves, em Porto Velho, doaram R$ 2,2 milhões e R$ 1,6 milhão, respectivamente, para as próprias campanhas.

Cerca de 90%, R$ 3,8 milhões, da campanha vencedora de Carlos Amastha (PSB), em Palmas, foi financiada pelo próprio candidato. A cidade chama a atenção pelo alto nível de autofinanciamento, sendo a única capital em que a grande maioria das campanhas foi financiada com recursos dos próprios candidatos.

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