Após aliado vencer, Richa diz que voltará subsídio a transporte de Curitiba

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

  • Douglas Pereira/UOL

    O governador do Paraná, Beto Richa

    O governador do Paraná, Beto Richa

Um dia após ver seu aliado Rafael Greca (PMN) vencer a eleição para prefeito de Curitiba, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), anunciou que está disposto a voltar "rapidamente" a subsidiar o transporte público da capital em R$ 5 milhões mensais.

Por conta da falta desse dinheiro, no início de 2015, o atual prefeito, Gustavo Fruet, adversário político de Richa, repassou ao Estado a gestão das linhas metropolitanas [que passa por outras cidades] -- que estava a cargo do município desde a década de 1990. Com isso, terminais e linhas de cidades vizinhas deixaram de aceitar o pagamento com o cartão de Curitiba e ficou mais difícil vir à capital pagando uma só passagem.

"Já estamos subsidiando a região metropolitana e podemos passar esse subsídio para a integração [com o sistema de Curitiba]", falou o tucano em entrevista ao telejornal PR TV, da RPC, afiliada local da TV Globo.

"[A reintegração dos sistemas municipal e metropolitano] acontece rapidamente. Houve uma desintegração do sistema de transporte unilateral, pedido da prefeitura municipal, e agora, havendo interesse da prefeitura, o estado é parceiro para reintegrar o sistema", garantiu o governador.

Entenda o caso

RODRIGO FÉLIX LEAL/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Rafael Greca (PMN) é o novo prefeito de Curitiba (PR)
O sistema de transporte de Curitiba e região metropolitana nunca foi subsidiado até 2012, quando Richa estabeleceu um acordo com a prefeitura de Curitiba para repassar R$ 64 milhões ao ano.

A prefeitura acusa Richa, prefeito da capital por dois mandatos, de "quebrar o equilíbrio econômico do sistema com a redução do valor da passagem pelo usuário, sem a devida redução de custo operacional."

Eleito prefeito em 2005, Richa só concederia um aumento na passagem quatro anos depois, já no segundo mandato. Antes, em 2004, era vice-prefeito e cassou um reajuste concedido pelo titular do cargo, o que lhe valeu popularidade suficiente para disputar -- e levar -- a prefeitura.

O subsídio criado em 2012 tinha o evidente objetivo de cacifar o então prefeito Luciano Ducci (PSB), ex-vice prefeito de Richa e afilhado político, na disputa pela reeleição. Ducci enfrentaria, nas urnas, justamente o atual prefeito Gustavo Fruet.

Com a vitória de Fruet, o discurso do tucano mudou. "Na história do transporte público do Paraná, nunca houve subsídio de tarifa por parte do governo do Estado. Auxiliamos por um determinado momento, mas o governo não pode ser sobrecarregado com mais essa despesa", falou, em março de 2013, ao jornal "Tribuna do Paraná".

"Não é retaliação", diz Richa

Desde então, Richa e Fruet trocam acusações sobre o assunto. Procurada nesta terça-feira, a assessoria de imprensa do governador informou que "não há qualquer retaliação [política a Fruet na retomada do subsídio], pois quem o descartou foi a Prefeitura de Curitiba".

A gestão Fruet, por sua vez, reagiu de forma contundente ao anúncio de Richa. "A prefeitura de Curitiba informa que a verdade é justamente o contrário do que diz o governador Beto Richa. Foi o governo do estado que cortou o subsídio para o transporte metropolitano (isso depois de reduzir o valor e atrasar repasses) e decidiu não renovar o convênio que autorizava a Urbs a gerenciar o sistema, o que levou à desintegração financeira desse sistema", diz nota emitida pelo muncípio.

Greca, enquanto isso, disse pretender assinar o retorno do subsídio já em 1º de janeiro, dia em que tomará posse do cargo de prefeito.

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