No Rio, candidatos prometem cirurgias na madrugada e municipalizar saúde

Alfredo Mergulhão

Colaboração para o UOL, no Rio

  • Antonio Scorza/ Agência O Globo

    Homem fantasiado de Batman protesta contra o sucateamento da saúde pública do Rio

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A crise na rede estadual de saúde do Rio de Janeiro, que teve emergências de hospitais fechadas e UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) com atendimento interrompido devido à falta de medicamentos e profissionais com salários atrasados em janeiro deste ano, tornou o tema uma das preocupações cariocas na eleição municipal deste ano.

Tanto Marcelo Freixo (PSOL) quanto Marcelo Crivella (PRB) prometem resolver os problemas enfrentados pelos usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) mas por caminhos diferentes.

Candidato de esquerda, Freixo pretende ampliar a atenção básica e a Estratégia de Saúde da Família a partir da municipalização da rede de saúde, com a gestão a cargo da prefeitura. Parte das unidades hoje são administradas por OSs (Organizações Sociais), entidades de caráter social, com repasses de verbas do município.

As OSs foram alvos de críticas dos especialistas ouvidos pelo UOL, devido aos casos de corrupção e por não terem cumprido com eficiência a prestação dos serviços. "As OSs não são uma discussão secundária. Elas fragmentam o SUS, ampliam a privatização de um serviço que deve ser público e anos depois de chegar com a promessa de resolver os problemas, as pessoas continuam sem ser bem atendidas", afirmou a professora Helena Eri Shimizu, do Departamento de Saúde Coletiva da UnB (Universidade de Brasília).

Com o fim deste modelo de gestão, Freixo afirma que vai contratar mais profissionais (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem) e aumentar os salários daqueles que já compõem os quadros da rede municipal.

Essas contratações serão por meio de concursos públicos, caso o socialista seja eleito, "em gradual substituição dos trabalhadores terceirizados". Freixo também promete criar um Plano de Cargos, Carreiras e Salários para os profissionais e ampliar os recursos destinados à saúde.

Freixo também diz que vai regionalizar as ações da Secretaria Municipal de Saúde com a criação de pólos nas 33 regiões administrativas da cidade e que vai montar um laboratório público para aumentar a oferta de exames e aperfeiçoar a capacidade de diagnóstico da rede do município.

Já o candidato do PRB quer trazer para o município a administração das UPAs, que hoje estão nas mãos do governo estadual. Mas um eventual governo Crivella manterá as OSs na gestão das unidades de saúde, após "fazer uma ampla auditoria referente aos critérios de seleção e aos gastos de cada uma delas".

Outro compromisso firmado por Crivella é a realização de mutirões de cirurgias a partir de 2017 para acabar com a fila de espera, inclusive durante as madrugadas. Ele também promete realizar ajustes no sistema de regulação de vagas da rede pública, assim como Freixo pretende reestruturar esse mecanismo de gestão para "ampliar a sua agilidade e eficácia".

Crivella também promete criar 20 clínicas de especialistas até o fim do mandato. Nestas unidades, seriam feitos atendimentos de especialidades (como otorrinolaringologia, oftalmologia, dermatologia e ortopedia) e exames como ultrassom e tomografia. O candidato afirma ainda que vai aumentar em até 20% o número de leitos nos hospitais municipais até o fim de 2018.

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