Greca diz que vomitou por "cheiro de pobre" e depois pede perdão

Rafael Moro Martins

Colaboração para o UOL, em Curitiba

Líder na mais recente pesquisa de intenção de voto em Curitiba, o ex-prefeito e ex-ministro Rafael Greca (PMN) disse ter vomitado "por causa do cheiro [de uma pessoa pobre]" em sabatina promovida na noite dessa quinta-feira (22) pelo jornal "Bem Paraná" e pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

"Nunca cuidei dos pobres, não sou são Francisco de Assis. Até porque a primeira vez que tentei carregar um pobre 'pra' dentro do meu carro eu vomitei por causa do cheiro", falou o candidato. Ele respondia a pergunta formulada por um professor da instituição sobre moradores de rua em Curitiba.

"Era um homem muito sujo. Quando cheguei no albergue, a freira me disse: 'lavo o doutor primeiro ou ele?'", prosseguiu o político.

Procurado pelo UOL, o candidato "pediu perdão" pelo comentário em texto enviado pela assessoria.

"Peço perdão pelas minhas palavras. Não tive a capacidade de explicar a dificuldade que vivi ao tentar realizar o trabalho de resgate social na minha juventude. Mais uma vez, descontextualizam o que falo para tentar enganar as pessoas", disse Greca.

"Ao exaltar o difícil trabalho dos educadores sociais e das irmãs de caridade, comentei sobre o quão difícil é essa missão. Com sinceridade, disse que não tenho a capacidade desses profissionais para o resgate, mas que acima de tudo, admiro, respeito, faço e farei o possível e impossível para mudar o quadro de abandono nas ruas. Peço que me perdoem pela falta de clareza do discurso. Não me interpretem mal."

O tema é um dos mais discutidos na atual campanha eleitoral em Curitiba. Segundo um estudo da FAS (Fundação de Ação Social, órgão da prefeitura), há 1,7 mil pessoas vivendo na rua em Curitiba. Greca e outros candidatos de oposição questionam o número, considerado subestimado, em entrevistas e debates.

O prefeito Gustavo Fruet (PDT), candidato a reeleição, por sua vez, já atribuiu o problema ao governo do estado, comandado pelo desafeto Beto Richa (PSDB) --que apoia Greca. "Mais da metade dessas pessoas que estão em situação de rua não é de Curitiba, mas vêm para cá pela absoluta falta de política eficiente do Governo do Estado e de outras regiões do Paraná", falou Fruet, em entrevista recente.

A FAS, comandada pela mulher do prefeito, Marcia Fruet, relata que 41,83% dos moradores de rua de Curitiba são nascidos na cidade. No início do ano, a Abrabar, uma associação que representa donos de bares e restaurantes da cidade, defendeu, em redes sociais, que os mendigos fossem retirados "por bem ou por força".

 

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