Um em cada cinco vereadores de SP mudou de partido desde a eleição de 2012

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

  • Lucas Lima/UOL

    Dos 55 vereadores eleitos em 2012, 47 estão na Câmara Municipal de São Paulo hoje

    Dos 55 vereadores eleitos em 2012, 47 estão na Câmara Municipal de São Paulo hoje

Dos 55 vereadores eleitos para a Câmara Municipal de São Paulo em 2012, 12 estão em partidos diferentes hoje, às vésperas do pleito de 2016. Essa proporção de um a cada cinco seria ainda maior se considerarmos que são 47 os representantes escolhidos há quatro anos que ainda estão na Câmara. Nesse caso, o "time de futebol" é equivalente a 23,4%.

O número está em patamar parecido com o da eleição anterior. Se compararmos com os eleitos em 2008, 13 vereadores que ainda estavam na Câmara terminaram seus mandatos em partidos diferentes.

Neste ano, o maior beneficiado pelas trocas foi o Democratas, que saltou de dois para quatro vereadores. O PSD perdeu quase meia bancada, caindo de sete para quatro parlamentares.

As mudanças também levaram à Câmara partidos que não tiveram representantes escolhidos nas urnas: Pros, Rede e PDT. Dos três, apenas o PDT existia quando a eleição de 2012 foi realizada. E o PPS, que elegeu dois vereadores há quatro anos, está sem nenhum membro atualmente.

Com o troca-troca, a Câmara Municipal, agora, tem representantes de 17 partidos --existem 35 siglas no Brasil. Nas casas legislativas, a fragmentação acaba por prejudicar o Executivo na tentativa de aprovar projetos.

Os 12 que mudaram de partido

  • Andrea Matarazzo: do PSDB para o PSD
  • Ari Friedenbach: do PPS para o PHS
  • Celso Jatene: do PTB para o PR
  • Conte Lopes: do PTB para o PP
  • Dalton Silvano: do PV para o Democratas
  • David Soares: do PSD para o Democratas
  • Edemilson Chaves: do PP para o PTB
  • Noemi Nonato: do PSB para o PR
  • Ricardo Teixeira: do PV para o Pros
  • Ricardo Young: do PPS para a Rede
  • Rubens Calvo: do PMDB para o PDT
  • Souza Santos: do PSD para o PRB.

Candidatos sabatinados explicam por que querem ser prefeito

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Candidato a vice na chapa da senadora Marta Suplicy (PMDB) à Prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo trocou o PSDB pelo PSD após as prévias tucanas que decidiam a candidatura do partido ao Executivo paulistano - ele afirma que houve fraude no processo. A mudança também tinha como objetivo disputar o cargo de prefeito, o que não irá acontecer após a aliança com Marta. Sua pré-candidatura não aparecia com bons números nas pesquisas de intenção de voto, e o ex-tucano será vice na chapa da candidata do PMDB.

Outro nome envolvido na disputa pela Prefeitura de São Paulo é o do vereador Ricardo Young. Ligado a Marina Silva, o candidato a prefeito deixou o PPS depois que a Rede Sustentabilidade foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em setembro de 2015.

O porquê das trocas

Todos os outros dez vereadores foram questionados pelo UOL sobre o motivo da mudança de partido.

Ari Friedenbach, eleito pelo PPS, trocou duas vezes de partido neste mandato. No final de 2013, ele tornou-se presidente municipal do Pros, que havia obtido registro no TSE na ocasião. "Ele surgiu com a proposta de algo novo, mas fiquei desiludido com o partido", disse o vereador, citando problemas em receber verba do fundo partidário para administrar a sigla na capital. Cerca de dois anos depois, ele se transferiu para o PHS, que "está fora dessa polarização PT-PSDB".

Em nota, Rubens Calvo justificou a troca do PMDB pelo PDT mencionando "o momento político adequado para novos desafios e melhor prestação de serviços para a cidade e seus moradores". A mudança aconteceu em março deste ano.

Tanto Friedenbach quanto Calvo conseguiram suas vagas na Câmara Municipal graças aos votos destinados a seus partidos de 2012 ou à coligação proporcional feita por suas legendas para a eleição. Calvo foi o 60º candidato com mais votos para a Câmara Municipal; Friedenbach, o 67º.

Celso Jatene deixou o PTB pelo PR, "para apoiar o prefeito Fernando Haddad na reeleição". "Afinal, fui secretário de Esportes da cidade por três anos e três meses e contei com todo o seu apoio para requalificar 1 milhão de metros quadrados de áreas públicas do esporte na cidade e implantar programas que atendem mais de 1 milhão de pessoas", afirmou o vereador, que se licenciou do cargo na secretaria em março para concorrer à reeleição.

Propostas, mulheres e conservadorismo

Souza Santos, que deixou o PSD, informou que é "um dos fundadores do PRB". "No PRB, tenho melhores condições de expor minhas ideias e opiniões", comentou o parlamentar. Por meio de sua assessoria, o vereador Ricardo Teixeira disse que trocou o PV pelo Pros por "opção pessoal". É ao menos a segunda vez que os dois trocam de partido. Em 2008, Santos foi eleito pelo PSDB e terminou o mandato no PSD. Já Teixeira apareceu para o eleitor na urna como filiado ao PSDB e chegou a 2012 no PV.

Dalton Silvano foi eleito pelo PSDB em 2008 e terminou o mandato pelo PV, partido pelo qual disputou o pleito de 2012. Hoje, ele está no Democratas.

Em nota, a assessoria do parlamentear disse que a mudança do partido ocorreu "pelas propostas liberais de administração que o Democratas defende no âmbito da administração de São Paulo". "Além [disso], o apoio também à construção de casas populares, uma das grandes defesas de Silvano em sua trajetória política. Dessa maneira a identificação e a escolha pelo Democratas."

Conte Lopes, ex-PTB, esclarece que o PP é o partido no qual iniciou sua carreira política e que representa "o vasto contingente de eleitores de centro e conservadores, que compõe a maioria da opinião pública brasileira". "Então, na verdade, eu não mudei de partido, apenas estou voltando ao partido em que sempre estive no maior tempo dos meus sete mandatos parlamentares".

Noemi Nonato afirmou que a troca do PSB pelo PR deve-se ao seu partido atual "ter metas de ampliação do papel da mulher na política". "O PR se encaixa bem com meus objetivos na Câmara Municipal, ou seja, defender as pessoas mais desprotegidas e discriminadas na sociedade. Por isso sempre priorizei nos meus mandatos a defesa das crianças, idosos e mulheres", comentou.

Por nota, a assessoria de imprensa do vereador Edemilson Chaves (PTB) disse que a troca foi motivada pela "nova direção do PP e posterior mudança de postura interna".

David Soares, filho do pastor R.R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, foi procurado, diariamente --por telefone e e-mail--, desde 27 de julho, mas não se manifestou até o momento. Ele trocou o PSD pelo Democratas.

Dos oito vereadores que não estão envolvidos com a eleição majoritária e que conversaram com o UOL, sete tentarão, em outubro, a reeleição para um novo mandato. A exceção é Edemilson Chaves.

Onde estão?

Dos 55 eleitos de 2012, oito não estão mais na Câmara Municipal. Desses, seis têm outros cargos legislativos atualmente: dois na Câmara Federal e quatro na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Floriano Pesaro (PSDB) e Goulart (PSD) tornaram-se deputados federais após a eleição de 2014. Já Roberto Trípoli (PV) --o mais votado em 2012--, Coronel Telhada (PSDB) e Marta Costa (PSD) viraram deputados estaduais.

José Américo (PT), que foi presidente da Câmara em 2013, deixou o cargo, primeiro, por ter sido eleito deputado estadual em 2014. Hoje, porém, ele é secretário de Relações Governamentais da Prefeitura de São Paulo, comandada por Fernando Haddad (PT).

Conhecido por ter pertencido à diretoria do São Paulo Futebol Clube antes de chegar à Câmara, Marco Aurélio Cunha (PSD) renunciou ao cargo para ser diretor na CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Netinho de Paula, eleito pelo PCdoB, teve seu mandato cassado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo por infidelidade partidária --ele havia se filiado ao PDT. O PCdoB foi o autor do pedido de cassação após a desfiliação do cantor e apresentador de TV, em abril de 2015.

Representação na Câmara

  • PT: 10 (elegeu 11)
  • PSDB: 9
  • PSD: 4 (elegeu 7)
  • Democratas: 4 (elegeu 2)
  • PR: 4 (elegeu 3)
  • PTB: 3 (elegeu 4)
  • PV: 3 (elegeu 4)
  • PRB: 3 (elegeu 2)
  • PMDB: 3 (elegeu 4)
  • PSB: 2 (elegeu 3)
  • PP: 2 (elegeu 1)
  • PHS: 2 (elegeu 1)
  • PSOL: 1 (elegeu 1)
  • PCdoB: 1 (elegeu 1)
  • Pros: 1 (não existia)
  • Rede: 1 (não existia)
  • PDT: 1 (não elegeu vereador)
  • PPS: 0 (elegeu 2).

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