Tarso diz que não disputará outra eleição e que PT deve se reestruturar

Do UOL, em Porto Alegre

  • Donaldo Hadlich/Frame/Estadão Conteúdo

    "A minha cota de participação eleitoral está esgotada", disse Tarso

    "A minha cota de participação eleitoral está esgotada", disse Tarso

Candidato derrotado na corrida pelo governo do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), que tentava a reeleição, afirmou que não vai mais disputar cargos públicos nas urnas.

"A minha cota de participação eleitoral está esgotada", disse em entrevista publicada nesta sexta-feira (31) no jornal "Zero Hora".

Ex-ministro da Educação e da Justiça no governo Lula, o advogado de 67 anos especialista em direito trabalhista disse que atuará, a partir de agora, na reconstrução do PT.

Ele disse quer se dedicar ao partido, militando em sua ala minoritária, a Mensagem ao Partido, em prol do que chama de restruturação da sigla.

"Temos de pensar o futuro da nossa identidade, para que recuperemos aquela capacidade que levou o Lula, por exemplo, à Presidência. Vou procurar conectar a minha atividade política com a academia, com pensadores democráticos de esquerda para incidir de 'fora para dentro'. Para que a gente possa, daqui a dois ou três anos, dizer: 'aqui está o programa para unificar os partidos da esquerda e da centro-esquerda, para um novo projeto para o Brasil'", explicou. 

O ainda titular do Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, descartou um retorno a Brasília. De acordo com Tarso, não há interesse do governo federal "em levar para o ministério um governador que perdeu as eleições".

Tarso não conseguiu modificar a "regra das urnas" no Estado, a de que nenhum governador é reeleito. Perdeu de 61,21% a 38,79% para José Ivo Sartori (PMDB), que iniciou a campanha em terceiro nas pesquisas, deixou para trás a então favorita, Ana Amélia Lemos (PP) e, no segundo turno, esmagou o petista.

Fonte: TSE

Tarso reconheceu também os erros do PT, especialmente depois da crise do mensalão. Segundo ele, a maior falha do partido foi não ter dado consequência a um movimento de reorganização partidário. "Não significa descartar suas raízes, mas reorganizar seus alicerces, suas fundações. O partido se renovou muito pouco de lá para cá."

Sobre a derrota nas urnas, ele disse não crer que tenha sido por rejeição. "O sentimento de mudança aqui no Rio Grande do Sul se expressou de forma muito intensa. Atribuo a derrota principalmente a nossa visão equivocada de que bastaria fazer um bom governo que isso seria reconhecido."

No Estado que leva a sério a polarização, assim como Grêmio e Inter, o pleito no Rio Grande do Sul geralmente se divide entre PT e anti-PT. Entretanto, para explicar a vitória do PMDB, Tarso usou o descrédito da população à política.

"O sentimento mais anti-PT vem da classe média alta, não é popular. O que existe no sentimento popular é uma rejeição à política, aos partidos em geral. Não ao PT em particular. A causa mais importante da nossa derrota foi que tivemos o candidato [Sartori] mais adequado para a conjuntura política e que soube capitalizar todo esse imaginário antipolítica e antipartidos", declarou.

Ao mesmo tempo, ele reconheceu erros em sua campanha. "Acho que foi uma confiança demasiada na capacidade dos nossos projetos servirem por eles mesmos, e não nos dedicamos a fazer uma expansão política. O antipetismo não foi responsável pela nossa derrota. O principal fator é a falta de capacidade política de demonstrarmos à sociedade que nosso projeto devia continuar", admitiu.

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