Para especialistas, governos tucanos fracos levaram Aécio à derrota em MG

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

  • Divulgação/Twitter

    Aécio Neves (PSDB) faz carreata ao lado do então candidato de seu partido ao governo mineiro, Pimenta da Veiga (à esq.), e do senador eleito Antonio Anastasia (à dir.)

    Aécio Neves (PSDB) faz carreata ao lado do então candidato de seu partido ao governo mineiro, Pimenta da Veiga (à esq.), e do senador eleito Antonio Anastasia (à dir.)

Do total de 11.408.243 votos válidos apurados em Minas Gerais, no segundo turno, Dilma Rousseff (PT) ficou com 52,41%, contra 47,59% de Aécio Neves (PSDB).

Na avaliação de especialistas, a derrota de Aécio no Estado que governou por oito anos pode ser explicada por dois fatores: um nome fraco (Pimenta da Veiga) para disputar as eleições estaduais e o desgaste do segundo governo de Antônio Anastasia (PSDB).

"Não houve em Minas Gerais uma divisão entre regiões ricas e pobres como se deu no país. A derrota do Aécio pode ser explicada de outra forma", diz o cientista político Carlos Ranulfo, professor do Departamento de Ciências Políticas da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).

Para Ranulfo, embora Aécio Neves tenha deixado o governo de Minas Gerais há quatro anos bem avaliado pela população (92% de ótimo e bom, de acordo com institutos de pesquisas) e obtido 77% dos votos para o Senado, as políticas implementadas pelo tucano no Estado não foram mantidas por seu sucessor.

"Houve uma má gestão no segundo governo [de Anastasia, entre 2011 e 2014) e os tucanos foram perdendo fôlego político entre prefeitos, vereadores e lideranças intermediárias, principal base de sustentação política de Aécio no Estado", afirma o especialista.

Além disso, avalia o professor da UFMG, a escolha de Pimenta da Veiga, nome que estava afastado há mais de uma década da política estadual, acabou sendo desaprovada pela base política aecista em Minas Gerais, que não arregaçou as mangas para eleger o correligionário.

Governo ruim

"A questão foi um governo tucano ruim mesmo. Com dívidas acumuladas, sem dinheiro em caixa, sem programas e políticas públicas. E o PT soube utilizar no segundo turno, a derrota do candidato tucano no primeiro turno. A diferença entre Dilma e Aécio no primeiro e segundo turno (cerca de 400 mil e 500 mil votos) foi mais ou menos a mesma", diz Ranulfo.

O petista Fernando Pimentel venceu as eleições no primeiro turno com 53% diante de 42% do tucano Pimenta da Veiga.

A cientista política Helcimara Telles, também professora do Departamento de Ciências Políticas da UFMG, faz a mesma avaliação de Ranulfo.

"Escolheram um candidato muito fraco. Pimenta da Veiga estava afastado da política estadual e eles (os tucanos) se esqueceram que 600 novos prefeitos (em 853 municípios mineiros) foram eleitos em 2012. Aécio ficou sem palanque em Minas Gerais", afirma a professora.

Dilma vence também em regiões ricas de MG

Ranulfo e Helcimara lembram ainda que, ao contrário do que ocorreu no país, em Minas Gerais não houve a polarização entre os votos de áreas mais ricas (Sul) e áreas menos desenvolvidas (Sul). A petista venceu o tucano em áreas industriais e com forte presença do agronegócio em Minas Gerais.

"Aécio foi derrotado em regiões ricas e desenvolvidas do Estado, que lhe impediram de recuperar a diferença entre ele e Dilma no país, o que acabou fazendo com que perdesse a eleição", disse a professora.

No Triângulo Mineiro, Dilma obteve 59,21% dos votos frente aos 40,79% de Aécio. Em Uberlândia, maior cidade da região e segundo colégio eleitoral do Estado, com 460 mil eleitores, a petista teve 56,49% dos votos diante de 43,49% do tucano. Em Uberaba, a situação se repetiu: 57,60% (Dilma) frente a 42,40% (Aécio).

Na Zona da Mata, a petista foi a mais votada, com 64,17% dos votos. Em Juiz de Fora, a petista teve 63,45% dos votos.

No Alto Paranaíba, por sua vez, a diferença ficou em 51,32% (Dilma) a 42,40% (Aécio). Situação que se repetiu em municípios industriais da região metropolitana da capital mineira, como Betim, onde 56,2% dos eleitores optaram pela reeleição.

Campanha presidencial 2014
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