Sartori (PMDB) vence e mantém tradição de "cemitério de governadores" do RS

Do UOL, em São Paulo

  • Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

    José Ivo Sartori, governador eleito do RS, faz pronunciamento em hotel, em Porto Alegre

    José Ivo Sartori, governador eleito do RS, faz pronunciamento em hotel, em Porto Alegre

Em uma disputa marcada por reviravoltas, o ex-prefeito de Caxias do Sul (a 150 km de Porto Alegre) José Ivo Sartori (PMDB), 66, foi eleito governador do Rio Grande do Sul, superando o atual mandatário Tarso Genro (PT). Com a vitória, o PMDB retoma o poder no Estado após oito anos, e os gaúchos mantêm a tradição de nunca reeleger seu governante.

Com 100% das urnas apuradas, Sartori obteve 61,2% dos votos válidos contra 38,8% de Tarso.

Fonte: TSE

A eleição do peemedebista, que aparecia com 7% das intenções de voto nas pesquisas no começo da campanha, era tratada como improvável, com Ana Amélia (PP) e o próprio Tarso como favoritos. Na reta final do primeiro turno, Sartori conseguiu uma arrancada surpreendente: somente a dois dias do pleito, alcançou 20% nas pesquisas e terminou a disputa no primeiro lugar, com 40,4% dos votos válidos contra 32,6% de Tarso e 21,8% de Ana Amélia.

"Ainda não caiu a ficha. A gente tem que olhar diferente para essa realidade, eu nunca tinha visto isso na minha vida", disse Sartori após a vitória.

"Essa campanha teve momentos de muitas alegrias, mas também enfrentamos enormes adversidades. A maior de todas foi a morte de Eduardo Campos", lembrou, referindo-se à trágica morte do então candidato à Presidência pelo PSB.

No segundo turno, com apoio da maioria dos partidos derrotados no primeiro turno, entre eles o PP de Ana Amélia, o ex-prefeito de Caxias do Sul se manteve à frente de Tarso desde as primeiras pesquisas até o dia do pleito.

José Ivo Sartori
  • Partido: PMDB
  • Nascimento: 25/02/1948, em Farroupilha (RS)
  • Ocupação: professor
  • Vice: José Paulo Cairoli (PSD)
  • Coligação: O novo caminho para o Rio Grande (PMDB / PSD / PPS / PSB / PHS / PT do B / PSL / PSDC)

Professor de filosofia e ex-seminarista, Sartori sempre foi ligado à política da serra gaúcha. Além de prefeito de Caxias por duas vezes (2005-2012), foi deputado estadual por cinco mandatos (1983-2002) e também deputado federal (2003-2004).

Até então desconhecido por boa parte do eleitorado gaúcho, o governador eleito foi apresentado como uma figura distante do político tradicional. Durante a campanha, foi tratado pelo marketing como "o gringo", apelido dado aos descendentes italianos da serra gaúcha.

Azarão

No segundo turno, Tarso tentou desconstruir a imagem de Sartori, acusando-o de ser despreparado e de não apresentar propostas concretas para o Estado. Ao longo da campanha, o peemedebista foi questionado por apresentar ideias genéricas sobre assuntos importantes, evitando se comprometer com propostas concretas.

Em resposta, Sartori evocou os protestos de junho de 2013. "A promessa gera uma frustração. É isso que a sociedade colocou nas ruas no ano que passou. A gente não pode prometer aquilo que não pode realizar", disse, em debate do UOL, Folha e SBT no último dia 17.

Na última semana de campanha, uma declaração do peemedebista, fazendo piada sobre o piso salarial dos professores, ganhou destaque em todo o país. "O piso, eu vou lá na Tumelero [loja de material de construção] e eles te dão um piso melhor... Ali tem piso bom", disse Sartori, durante uma entrevista ao vivo. A propaganda petista usou o trecho no horário eleitoral gratuito, e a repercussão obrigou o candidato do PMDB a pedir desculpas.

PMDB de volta

A vitória de Sartori recoloca o PMDB no comando do Estado depois de oito anos. Desde o retorno das eleições diretas para governador, em 1982, o partido esteve à frente do Rio Grande do Sul por três mandatos, com Pedro Simon/Sinval Guazelli (1987-91), Antônio Britto (1995-98) e Germano Rigotto (2003-2006). Neste período, o PMDB intercalou gestões com PDS (Jair Soares, 1983-1987), PDT (Alceu Collares, 1991-1994), PT (Olívio Dutra, 1999-2002, e Tarso, 2011-2014) e PSDB (Yeda Crusius, 2007-2010).

Durante a campanha, Sartori recebeu o apoio do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), que visitou o Estado para fazer campanha. Ainda assim, Sartori declarou apoio a Aécio Neves (PSDB) na disputa para presidente com Dilma Rousseff (PT).

Além do PMDB, a coligação que elegeu Sartori é composta por PSD, PPS, PSB, PHS, PT do B, PSL e PSDC. O vice do novo governador é José Paulo Cairoli (PSD). Sartori deverá ter apoio de pelo menos 30 dos 55 deputados estaduais eleitos na futura gestão.

Dados econômicos do Estado

O Rio Grande do Sul possui o quarto maior PIB (R$ 263,6 milhões) entre os Estados, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. No entanto, sofre com a estagnação econômica e tem tido dificuldade em manter o seu status na economia nacional. Entre os seus principais problemas estão os fatores climáticos, a dependência do campo e a crise nas contas públicas.

O Estado possui mais de 10 milhões de habitantes, taxa de analfabetismo de 4,24% (a quinta mais baixa entre os Estados brasileiros) e 19,3 homicídios por cem mil habitantes (5º melhor índice). O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Estado é 0,746, em uma escala que vai de 0 a 1 -- quanto maior o valor, melhor o índice.

Esperançômetro

Na opinião dos internautas do UOL, a segurança pública é um dos principais aspectos que precisam ser melhorados no Estado, seguida pelo atendimento de saúde e pela qualidade do ensino. As impressões foram colhidas por meio de uma ferramenta de avaliação contínua dos Estados, o Esperançômetro.

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