Crime organizado não se apaga com flores e social, diz Pezão em sabatina

Do UOL, no Rio

O atual governador do Rio de Janeiro e concorrente à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB), defendeu a política de segurança implantada na sua gestão ao lado do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) e afirmou que o crime organizado no Estado "não se apaga com flores, com social", em sabatina promovida pelo UOL e pelo SBT, nesta quarta-feira (15).

"Claro que a gente não tem a utopia de que resolveu todos os problemas. O tráfico ainda permanece lá. Você não apaga em quatro, cinco anos, em comunidades que foram ocupadas, uma ocupação de 30 anos [do crime organizado]. A gente tem que enfrentar", declarou, depois de ressaltar a importância do projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Pezão substituiu Cabral e tomou posse no dia 4 de abril deste ano. Ele foi vice nos dois mandatos.

Quando questionado sobre o paradeiro do corpo do ajudante de pedreiro Amarildo de Sousa --morador da favela da Rocinha, na zona sul do Rio, morto sob tortura por PMs da UPP local em julho do ano passado, de acordo com denúncia oferecida pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio)--, Pezão afirmou que "a polícia está investigando".

"Antes, se sumiam diversos Amarildos por dia. A Delegacia de Homicídios saiu de 4,5% de elucidação para 27,5%. Não é o ideal. Mas o aumento é significativo. Nós vamos continuar a investir em segurança pública", afirmou. Ele lembrou ainda que o processo está na Justiça e que os policiais militares envolvidos serão julgados. No total, 25 PMs foram processados. Todos foram denunciados por tortura seguida de morte, 17 por ocultação de cadáver, 13 por formação de quadrilha e quatro por fraude processual.

Eleições 2014 no Rio de Janeiro
Eleições 2014 no Rio de Janeiro

Durante o último debate entre os candidatos ao governo fluminense, realizado pela TV Globo, Pezão foi perguntado pelo candidato do PSOL, Tarcísio Motta, sobre o paradeiro do corpo de Amarildo e sorriu, reação que causou repercussão negativa nas redes sociais. Em entrevista após o debate, o governador se justificou dizendo que o jeito como o Tarcísio fez a pergunta foi estranho e que sabia o quanto esse assunto é serio.

Tema recorrente nas propagandas eleitorias do atual governador e nos debates realizados no segundo turno, a ligação do adversário, o senador Marcelo Crivella (PRB), à Igreja Universal do Reino de Deus, da qual ele é bispo licenciado, foi chamada de "um risco para o Rio de Janeiro" por Pezão.

"Eu não tenho nada contra nenhuma denominação evangélica e muito menos contra os fiéis da Igreja Universal. Mas passei o primeiro turno inteiro apanhando de quatro. A minha coligação foi amplamente debatida pelos outros candidatos. Temos que discutir quem está por trás do bispo Crivella", afirmou. "Eu só estou debatendo a organização e a cúpula da Universal. O projeto de poder que está aí. O Estado é laico. É um risco, com a visão que tem, a cúpula da Universal assumir o Estado do Rio de Janeiro", completou. Crivella é sobrinho do líder da Universal, Edir Macedo.

Fonte: TSE

Pezão atacou ainda um projeto social promovido por Crivella. "Ele fala sempre do Cimento Social. Mas no morro da Providência, [para receber] as primeiras 150 casas tinha que ser membro da igreja. Você tem que fazer o bem sem perguntar a quem. Ser governador pra todos. Por que quando você tem a chance de fazer, você só faz para os seus?", declarou.

O atual governador disse ainda que frequenta "todas as religiões", citando a Igreja Messiância e cultos do pastor Abner Ferreira, da Assembleia de Deus, e que não gostava de misturar o tema com política. "Onde me sinto bem, recebo as energias. Não vou ficar ali profetizando, misturando a religião com política".

Questionado sobre o fato de sua campanha ter recebido doações de empreiteiras e construtoras envolvidas com obras públicas do Estado, Pezão disse seguir "estritamente o que manda a lei". "Nos meus 32 anos de vida pública, nunca tive problema nenhum com prestação de contas. Essas empresas doaram para todos os partidos do Brasil. Recebemos doações de empresas que podem doar", afirmou.

Cabral em pauta

Durante a sabatina, Pezão falou ainda sobre o relacionamento com o antecessor, que ficou restrito aos bastidores durante quase toda a campanha e apareceu apenas no primeiro programa eleitoral do atual governador na TV. "Sempre tive um relacionamento extraordinário com Cabral. Somos amigos há mais de 30 anos. Ele foi o primeiro governador que enfrentou a criminalidade de frente. Temos muitas conquistas", declarou.

Quando questionado se considerava injustas as manifestações que pediam a saída de Cabral do governo, em junho do ano passado, o candidato disse que não julgaria os atos, mas sugeriu que opositores estavam por trás dos protestos. "A gente viu o que apareceu depois, quem patrocinou, quem estava por trás. Eu respeito muito as primeiras manifestações. Depois, os acampamentos, quem financiou, ficou muito claro", afirmou.

Sabatinas

Pezão foi o primeiro dos dois candidatos ao governo no segundo turno a ser sabatinado pelo UOL e pelo SBT. O senador Marcelo Crivella (PRB) será entrevistado nesta sexta-feira (17), também às 18h45. As datas das sabatinas, ambas com 30 minutos de duração, foram definidas por sorteio na presença de representantes das respectivas campanhas.

O jornalistas Mário Magalhães, blogueiro do UOL, Humberto Nascimento, editor-chefe do "SBT Rio", e Kennedy Alencar, do "SBT São Paulo", sabatinam os candidatos. Isabele Benito, do "SBT Rio", apresenta os programas.

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