Aécio chama governo de "mar de lama"; Dilma o acusa de empregar parentes

Do UOL, em São Paulo

  • Paulo Whitaker/Reuters

    Dilma Rousseff e Aécio Neves durante debate Band nesta terça-feira (14)

    Dilma Rousseff e Aécio Neves durante debate Band nesta terça-feira (14)

No primeiro debate entre os candidatos à Presidência no segundo turno, realizado nesta terça-feira (14) pela Band, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) trocaram provocações o tempo todo, acusaram um ao outro de mentir e usaram supostos casos de corrupção para se atacarem. A inflação e os programas sociais do governo federal pautaram os embates entre os concorrentes. Dados e referências à gestão de Aécio em Minas Gerais também permearam os confrontos.

O clima esquentou no segundo bloco, quando o tucano citou o escândalo da Petrobras para atacar Dilma e afirmou que a adversária chegou a elogiar o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa. Na resposta, a petista lembrou do caso do aeroporto construído por Aécio no município de Cláudio (MG), perto de propriedades da família dele, a acusou o adversário de praticar nepotismo.

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"Todos nós brasileiros acordamos com novas denúncias todos os dias. Sobre a Petrobras é absolutamente inacreditável o que aconteceu. Vi somente um momento de indignação da candidata com os vazamentos. Esse diretor que desviou e devolveu R$ 70 milhões aos cofres públicos, que assume que roubou, disse que distribuía esse dinheiro aos partidos. Quais foram os bons serviços prestados por esse diretor a que a senhora se referiu na carta?", indagou Aécio.

"Candidato, a minha indignação em relação a tudo que acontece inclusive no caso da Petrobras é a mesma de todos os brasileiros. A minha determinação de punir os culpados é total. O que eu considero é que nós saibamos tudo sobre esse processo. Considero ainda que é fundamental que o país pare de ter impunidade", respondeu Dilma, que até então centrava as críticas à divulgação das denúncias de Costa na reta final das eleições.

Confira trechos do debate entre Dilma e Aécio

Em seguida, Dilma afirmou que os escândalos ocorridos durante o governo de Fernando Henrique Cardoso não foram investigados. "Onde estão os envolvidos com o caso Sivam? Todos soltos. Os envolvidos com a compra de votos da reeleição? Todos soltos. Os envolvidos na Pasta Rosa? Todos soltos. Os envolvidos no caso do mensalão tucano mineiro? Todos soltos. O que eu não quero é isso, candidato. Eu quero todos aqueles culpados presos."

Na réplica, Aécio disse que Dilma "compara coisas muito diferentes". "O que acontece na Petrobras é algo extremamente grave. Estou aqui com a ata em que Paulo Roberto renuncia. Ao contrário do que a senhora disse, a senhora não o demitiu. Ele renunciou. Está aqui 'agradeço pelos serviços relevantes'. Que serviços são esses? A senhora não tem tomado a atitude que o Brasil espera sobre esse caso."

Dilma respondeu a Aécio que o caso Petrobras está sendo investigado graças ao seu governo e citou o aeroporto construído pelo tucano. "[Queria que] o senhor explicasse o que aconteceu em Cláudio, onde o senhor construiu um aeroporto em terreno particular de um familiar e entregou a chave a ele."

A presidente subiu o tom contra o tucano quando o acusou de praticar nepotismo ao nomear parentes para cargos públicos em Minas Gerais. "Hoje, no Brasil, é proibido o nepotismo. O senhor tem uma irmã, um tio, três primos e três primas no governo."

Na resposta, Aécio afirmou que a adversária mente.

"A senhora tem a obrigação agora de dizer onde minha irmã trabalha. (...) Sua propaganda é uma mentira. A senhora mente aos brasileiros para ficar no governo. Numa campanha faz-se o diabo. Eleve o nível desse debate. Eu terminei meu mandato sem qualquer denúncia. Não respondo a nenhum processo. A senhora deixou o governo num mar de lama. Sabe qual palavra que mais tenho ouvido nestas minhas andanças pelo Brasil? Libertação. Nos liberte deste governo do PT." 

Bolsa Família

Durante boa parte do debate, os candidatos disputaram a paternidade do Bolsa Família.O tucano disse que o programa foi gestado no governo FHC a partir de outros programas sociais, como o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação. "Mas se formos olhar o Bolsa Família, o pai é o presidente Fernando Henrique e a mãe, Ruth Cardoso", disse Aécio.

Dilma o rebateu com o argumento de que, na gestão tucana, os programas sociais alcançavam apenas cinco milhões de pessoas e hoje atinge 50 milhões. "Agora, você me dizer que o pai do Bolsa Família (é o Fernando Henrique)...  É algo completamente distorcido. Vocês jamais aplicaram nenhum recurso em qualquer programa social de grandes proporções", disse a petista.

Economia

A política econômica também foi objeto de discussão entre os concorrentes. Aécio afirmou que a inflação está fora do controle, mas a adversária não admite. "A dona de casa que aí está, a senhora indo no mercado compra hoje a mesma coisa que comprava há seis meses atrás com o mesmo dinheiro? É claro que não compra." 

O candidato do PSDB citou a declaração do secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, "de que as pessoas deveriam parar de comer carne e passar a comer ovo."

Dilma disse que a inflação ficará dentro da meta de 6,5% ao ano, atribuiu os problemas da economia à crise econômica e afirmou que as dificuldades são momentâneas. Em seguida, afirmou que na gestão FHC a inflação chegou a ficar bem acima da atual.

"Acredito que o senhor esqueceu o que ocorria no governo Fernando Henrique Cardoso. O senhor indicou um ministro da Fazenda que por duas vezes deixou a inflação superar o limite superior da meta, no primeiro ano foi 7,7%. No segundo ano foi 12,5%." 

Campanha presidencial 2014
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