Se Marina apoiar Aécio vou subir no palanque com ela, diz Richa

Carlos Ohara

Do UOL, em Curitiba

  • Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo

    Governador reeleito do Paraná, Beto Richa (PSDB)

    Governador reeleito do Paraná, Beto Richa (PSDB)

Reeleito para o segundo mandato em primeiro turno --a exemplo de 2010--, com 55% dos votos válidos em disputa contra dois senadores --Roberto Requião (PMDB) e Gleisi Hoffmann (PT)-- o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou diz que sua vitória "só será completa, com a vitória de Aécio [Neves]" e diz que entrou "de cabeça" na campanha do candidato de seu partido.

Convicto da necessidade de apoios, ele não faz qualquer objeção em subir em palanque ao lado de Marina Silva (PSB), que no primeiro turno, não expressou seu apoio ao governador paranaense, mesmo com apoio declarado do PSB estadual e nacional à Richa. "Sem problema algum. Temos um excelente relacionamento", diz ele.

Aos 49 anos, Richa concorda com Marina e também que fim da reeleição, mas defende o aumento no mandato para cinco anos.

O governador do Paraná discorda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que em entrevista aos blogueiros do UOL --Josias de Souza e Mário Magalhães -, disse que o PT cresceu nos grotões do país e que o Partido dos Trabalhadores tem o voto dos "menos informados".

Para ele, houve uma estruturação do PT e de partidos ligado ao governo federal, embasadas na distribuição do Bolsa Família, onde a contrapartida era a "simpatia partidária  e o voto".

No inicio da tarde desta sexta-feira (10), Beto Richa concedeu a seguinte entrevista exclusiva ao UOL.

UOL - No Paraná, os votos pró-Aécio Neves seguiram uma tendência desproporcional em relação ao resto do país, com o resultado de 49,79% dos votos, enquanto Dilma conseguiu 32,54%. Diferença de mais um milhão de votos. Por que isso ocorreu?

Beto Richa - Fizemos uma campanha intensa com o Aécio, uma campanha casada. Muitos políticos tem receio de se associar a outro, mesmo sendo do mesmo partido, para evitar perder votos em determinados setores. Eu acredito que o eleitorado está de olho nisso. Querem candidatos coerentes e que não dissimulam. Para mim é um orgulho apresentar o Aécio. Candidato que acredito muito, exemplo de gestor público, político moderno. A campanha casada, facilitou. Eu tive 55% e ele quase 50%. Votação muito parecida.

Eleições 2014 no Paraná
Eleições 2014 no Paraná

O senhor venceu em 34 das 39 prefeituras administradas pelo PT no Estado.

Fiz um governo municipalista. A discriminação que recebi do governo federal, não reproduzi com os prefeitos. 

Marina Silva se recusou a subir em seu palanque no primeiro turno. O senhor vai subir ao lado dela no palanque de Aécio, caso ele a apoie?

Com maior tranquilidade, sem problema algum. Me contaram que ela teria dito isso, mas o PSB estava no meu palanque, O vice dela (Beto Albuquerque) gravou depoimento para minha campanha. Tenho um excelente relacionamento com a Marina. Não vejo qualquer dificuldade.

Marina apresentou condições para apoiar Aécio, como não redução da maioridade penal e o fim da reeleição . O que o senhor acha disso? É a favor ou contra essas duas questões?

São pautas semelhantes ao programa do Aécio. Sou a favor do fim da reeleição. Disputei no modelo vigente, mas acho que uma ampliação do tempo de mandato seria suficiente. Quatro anos é pouco, mas cinco é suficiente. Quanto a maioridade penal, eu creio que em alguns casos, como em crimes hediondos ou reincidência, deve haver medidas mais duras. Mas isso deve ser amplamente discutido, antes de qualquer mudança. Tenho a mesma posição do governador Geraldo Alckmin e do Aécio.

E sobre denúncias envolvendo membros de seu partido em Minas, com o mensalão mineiro, e em São Paulo, com o cartel do metrô. Como evitar e combater a presença de corruptos no governo?

A melhor maneira de combate é com exemplo. Mostrando que o líder, o governante é intolerante com qualquer desvio de conduta ou ato de corrupção. Havendo qualquer situação, por menor que seja, punição exemplar. Não conheço detalhes das situações em Minas e São Paulo, mas sei que ainda não houve condenações. Mas, se preciso, tem de cortar na carne.

O PSDB teve um mau desempenho nas regiões Norte e Nordeste. Porque esse cenário é diferente das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste?

As informações é que lá [Norte e Nordeste] tem um grande número de pessoas beneficiadas com o Bolsa Família. Não dá para esconder o peso deste programa que mantém a família permanentemente assistida pelo poder público. Não sou contra o programa, mas contra essa dependência o que pode influenciar em uma eleição. Não sou contra pobre, sou contra a pobreza. Temos que combatê-la de todas as formas. Acho que nessas regiões o que têm pesado é essa forma de execução do Bolsa Família.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, afirmou em entrevista que "o PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados". O senhor concorda com essa afirmação?

Não, não concordo. Eu respeito o Fernando Henrique, mas não concordo. Acho que é mais o peso do Bolsa Família, que contribuiu, em eleições anteriores, para estruturação do PT e dos partidos ligados ao governo federal nesses locais. Em eleições e estaduais, a distribuição do Bolsa Família fortaleceu estes partidos nestes Estados. Não sei se era essa a ideia inicial. Mas com o sucesso do programa, eles mantiveram as pessoas dependentes, com a contrapartida da simpatia partidária e o voto.

Campanha presidencial 2014
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