Em MG, Dilma diz que fazer aeroporto em fazenda de tio é imoral

Leandro Prazeres

Do UOL, em Contagem (MG)

  • Willian Augusto/Futura Press/Estadão Conteúdo

    Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, participa de caminhada com lideranças políticas em Contagem (MG)

    Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, participa de caminhada com lideranças políticas em Contagem (MG)

A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), criticou neste sábado (11) durante visita a Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (Minas Gerais), o vazamento de áudios do depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras e réu em processo que investiga o desvio de recursos da empresa, Paulo Roberto Costa, e atacou o adversário Aécio Neves (PSDB) ao comentar as denúncias envolvendo o tucano.

"Eu não faço mau uso do dinheiro público. Eu jamais desapropriei um pedaço da fazenda de algum familiar meu. Jamais construí um aeroporto nessa fazenda e jamais peguei a chave desse aeroporto e entreguei pra ser gerido por um familiar meu", disse a candidata, sobre o aeroporto construído em uma fazenda que pertence a um tio de Aécio Neves, no município de Cláudio, no interior de Minas Gerais, quando o tucano era governador do Estado.

"Não é só uma questão de ser legal ou ilegal, mas não é moral", afirmou.

Ela também questionou a competência do tucano para assumir cargos públicos. "Eu nunca virei vice-presidente da Caixa Econômica aos 25 anos de idade. Todos os cargos que tive foram pelos meus méritos e não por indicação de ninguém", disse Dilma, referindo-se ao período em que Aécio ocupou a diretoria de loterias da Caixa Econômica Federal, nos anos 1980, por indicação de um tio.

Em nota divulgada após as declarações da presidente, a campanha de Aécio disse que ele "foi nomeado para a diretoria da Caixa Econômica em 1985, de maneira transparente para todo o pais. Desempenhou o cargo por cerca de um ano com a mesma competência e integridade que marcaram sua passagem por outros cargos públicos. Ao contrário dos indicados no governo Dilma".

"Demito quem tem culpa"

Dilma disse que a divulgação dos áudios com o depoimento de Costa mostra que o processo que investiga o suposto esquema não está sendo bem conduzido pelo Judiciário. Segundo ela, o que acontece é que as pessoas envolvidas na denúncia estão sendo expostas agora, na véspera da eleição, para logo depois do pleito elas não serem denunciadas.

"As denúncias não estão sendo encaminhadas direito nessa fase. Se é para se divulgar, divulgue-se tudo", disse. "Que se faça uma divulgação ampla, geral e irrestrita", disse ela. 

O vazamento dos depoimentos do ex-diretor da Petrobras e do doleiro Alberto Youssef, divulgados na última quinta-feira (9), é ilegal, de acordo com três juristas ouvidos pelo UOL. A publicação dos áudios, captados na última quarta, foi autorizada pela Justiça Federal do Paraná.

A presidente disse que não irá demitir nenhum suspeito de envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobras sem ter provas. "Eu não posso condenar ninguém sem prova e não farei, não tomarei esse tipo de medida demagógica e eleitoral. Eu demito quem tem culpa, eu não posso demitir quem não tem", disse.

Dilma afirmou que pediu acesso aos processos que investigam o caso, mas que teve seus pedidos rejeitados e que, diante disso, não pode tomar nenhuma medida contra os suspeitos.

"Os que foram nomeados (pela Petrobras) serão chamados a dar explicação. Agora, porque você acha que eu pedi para o Ministério Público, para a Polícia Federal e para o Supremo me dar os nomes? Porque um presidente tem de ter uma responsabilidade, além de investigar e punir, que é a de respeitar um dos direitos constitucionais fundamentais, que é o direito à presunção de inocência", disse.

Dilma disse que não acredita que os vazamentos dos áudios de depoimentos de Costa e do doleiro Alberto Yousseff, preso durante a Operação Lava-Jato tenha sido feito pela Polícia Federal. "Claro que não foi a Polícia Federal que está fazendo vazamento. Inclusive, queria até dizer o seguinte, porque, dependendo do vazamento, de como você o faça, você compromete a prova e portanto, compromete a punição", afirmou.

A petista também tentou desmontar a imagem de bom gestor de Aécio Neves ao citar uma ação do TCE-MG (Tribunal de Contas de Minas Gerais) que detectou que o Governo do Estado não investiu, durante a gestão tucana, R$ 7,8 bilhões em saúde, contrariando a Constituição Federal.

"Qual é a credibilidade do meu adversário ao dizer que vai, de fato, investir em saúde se quando pôde, não o fez? A pergunta é: por que faria?", indagou Dilma.

Ela também criticou a baixa adesão dos municípios de Minas Gerais ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), programa do Governo Federal. Segundo ela, apenas 28% dos municípios mineiros têm acesso ao programa, relançado há 12 anos, por culpa dos governos tucanos de Aécio Neves e Antônio Anastasia.

"Eu deixo aqui meu estarrecimento com o fato de que um programa que o Governo Federal financia, que é o Samu, que é parceria do Governo Federal com os Estados e os municípios, que o Estado de Minas Gerais tenha deixado os municípios sem parceria e sem Samu", disse.

Ao final de sua visita a Contagem, Dilma recebeu um manifesto de apoio de militantes do PSB, Rede, de dissidentes do PMDB, do PRTB e do PPL. 

Campanha presidencial 2014
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