Após derrota inédita, grupo Sarney tem racha e futuro incerto no Maranhão

Carlos Madeiro

Do UOL, em São Luís

  • Pedro Ladeira/Folhapress

    O senador José Sarney (PMDB-AP) em comissão do Senado

    O senador José Sarney (PMDB-AP) em comissão do Senado

A queda inédita do poder na disputa para governo e Senado do grupo Sarney deixou o cenário indefinido para quem comanda o Maranhão há 49 anos. Hoje, não há um nome forte despontando entre os aliados, que ainda tentam entender o recado das urnas no último domingo (5). Fora isso, há sinais de desentendimentos entre os integrantes do grupo.

Além da derrota do governo do Estado do senador Edison Lobão Filho (PMDB) para Flávio Dino (PC do B), o deputado federal Gastão Vieira (PMDB) também perdeu o Senado para Roberto Rocha (PSB). Foi a primeira vez desde 1965 –quando José Sarney (PMDB) foi governador-- que o grupo não conseguiu eleger um nome para o governo ou para o Senado.

Em 2006, o grupo chegou a perder o governo para Jackson Lago (PDT), morto em abril de 2011, mas conseguiu eleger o senador Epitácio Cafeteira (PTB). Em 2009, após decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Lago foi cassado, e a segunda colocada, Roseana Sarney (PMDB), assumiu o cargo, sendo reeleita em 2010.

Com a aposentadoria do senador José Sarney (PMDB-AP) e de Roseana a partir de 2015, o grupo também fica órfão de um nome forte, já que o desempenho de Lobão Filho (PMDB) nas eleições de domingo foi considerado muito aquém do esperado –ele teve apenas 33% dos votos válidos.

Eleições 2014 no Maranhão
Eleições 2014 no Maranhão

"Sem ideia"

Diante de um quadro inédito, o grupo ainda não tem claro o panorama daqui por diante. "Eu não tenho a menor ideia de qual será o futuro do grupo. Depois de cinco mandatos de deputado federal, vou pensar o que fazer. Está muito cedo, estou digerindo um pouco. Cada um de nós [do grupo] que ganhou e que perdeu deve estar fazendo o planejamento", disse Gastão Vieira, considerado um dos principais analistas políticos do grupo.

No último domingo, também foi uma prova de desunião quando Lobão Filho, Roseana e Gastão votaram separados, em horários diferentes. "Não sou representante dos Sarney, mas de um grupo político com inúmeros participantes, inúmeras ideologias", disse Lobão Filho, ao tentar justificar a ausência de Roseana no domingo.

Para o deputado federal Sarney Filho (PV), reeleito pela nona vez no domingo (5), a família não tem, hoje, um nome para suceder Roseana Sarney.

Seu filho, Adriano Sarney (PV), foi eleito pela primeira vez deputado estadual, mas ainda é muito cedo para saber o futuro político. Sobre 2016 e 2018, Sarney Filho minimizou a importância de ter um integrante da família disputando a eleição majoritária.

"Isso é besteira. Família é família como qualquer outra. Se alguém se destacar, bem. Mas não há nenhum projeto de poder. O projeto é viver bem e ajudar o Maranhão da melhor maneira possível", afirmou, citando que não tem "ambição" de concorrer a eleição majoritária.

A sentença sobre o futuro, porém, pode estar no desempenho do próximo governador. "Flávio Dino é uma mudança que precisa ser comprovada. Embora não precisasse, ele se uniu ao que há de mais exemplar da oligarquia. O Flávio se uniu com quem apareceu na frente. Como ele vai se desunir no exercício do governo para revolucionário, romper paradigmas?", afirmou Gastão Vieira.

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