Ninguém é dono do eleitor, diz Dilma sobre apoio de Marina

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília

A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), seguiu a linha adotada por dirigentes de seu partido e minimizou o possível impacto de um apoio da candidata Marina Silva (PSB) ao candidato Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições.

"Eu fico muito feliz quando me apoiam, mas sei também até por uma questão de ter noção de que ninguém manda no eleitor", disse a candidata. A declaração foi feita durante entrevista coletiva realizada em Brasília nesta terça-feira (7) após reunião com governadores e senadores de sua base aliada eleitos no primeiro turno.

Em nota, Marina disse que deve se pronunciar sobre um eventual apoio no segundo turno apenas na quinta-feira (9).

A reunião, que também contou com a presença de coordenadores da campanha da petista à reeleição, durou pouco mais de três horas. Durante a entrevista, Dilma evitou criticar Marina e centrou seus ataques à gestão do PSDB entre 1995 e 2002, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso.

Dilma chamou de mentirosa a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dada logo após apuração dos votos do primeiro turno, de que os eleitores do PT são 'menos informados' e vivem em "grotões". "O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados", afirmou o ex-presidente, na última segunda-feira (6).

"Essa história de que o povo não sabe votar porque não se formou em uma universidade é uma falácia. É uma mentira", disse a presidente. 

Campanha presidencial 2014
Campanha presidencial 2014

Governo de "pobres x ricos"

Em discurso claramente voltado para a classe média, Dilma disse que associação do PT com um 'governo dos pobres' e do PSDB com um 'governo dos ricos' é 'parcialmente verdadeira'. Dilma disse que, durante os governos do PT, 'todos ganharam'. "Tiramos 36 milhões da pobreza e levamos 42 milhões para a classe média. Mas aí começa uma outra história. Nós fizemos uma política no Brasil em que todos ganharam", disse a candidata.

"O Brasil não tem uma política só. O Brasil tem que ter política pra classe média, para os mais pobres e também aqueles que aumentaram de renda tem que ser considerado cidadão brasileiro", afirmou a candidata.

A presidente disse ainda que o os próximos governos terão o desafio de melhorar a qualidade do emprego da classe média e citou programas com o Pronatec e Ciência Sem Fronteiras como exemplo de medidas com esse intuito.

"Quando a gente faz um programa como o Pronatec ou o Ciência Sem Fronteiras nós estamos fazendo porque o nível de exigência é outro. Não é possível, nesse país, não ter ensino técnico de qualidade. Não é possível que os estudantes deste país não tenham acesso ao que há de melhor em educação no mundo", disse a presidente.

Enquanto coordenadores de campanha do PT, governadores e senadores eleitos da base aliada em primeiro turno se reuniam, Executiva nacional do PPS anunciou apoio à candidatura de Aécio no segundo turno. No primeiro turno, o PPS apoiou a candidatura de Marina, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, com 21,3% dos votos.

Diante das indicações de que Marina Silva deverá anunciar seu apoio ao PSDB, líderes petistas tentaram, nesta terça, minimizar o impacto que o anúncio deverá ter no resultado do segundo turno.

"Não trabalho com a ideia de que apoios sejam o único fator relevante pra enfrentar no segundo turno", disse o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini. 
 

Nordeste e Sul

A candidata começa, nesta quarta-feira (7), uma "maratona" de viagens pelo Nordeste que deverá incluir cinco Estados. Nesta quarta-feira (7), Dilma vai a Teresina, no Piauí, e a João Pessoa, na Paraíba. O Piauí foi o Estado que deu a maior votação proporcional a Dilma Rousseff (PT) no primeiro turno, com 70,6% dos votos.

Na Paraíba, onde Dilma teve 55% dos votos, Dilma deverá aproveitar a viagem para estreitar laços com o candidato ao governo do PSB, Ricardo Coutinho, que disputa o segundo turno com o tucano Cássio Cunha Lima.

Na quinta-feira (8), Dilma estará em Salvador, na Bahia, onde Dilma obteve 61,4% dos votos. Lá, a candidata deverá participar de dois eventos capitaneados pelo atual governador Jaques Wagner (PT) , que conseguiu eleger seu sucessor, Rui Costa (PT), no primeiro turno. 

Ainda há a possibilidade de, até o final da semana, Dilma ir a Sergipe e a Alagoas. No final de semana, a candidata deverá viajar para o Sul, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, Dilma tentará reverter a derrota que teve no Estado, onde conseguiu apenas 30,7% dos votos, enquanto Aécio Neves (PSDB) obteve 52,89%.

Já no Rio Grande do Sul, onde Dilma venceu com 43,2% dos votos, Dilma tentará ampliar pequena vantagem dela sobre o rival Aécio Neves (PSDB), que obteve 41,42% dos votos. A visita também tentará ´turbinar' a candidatura do candidato à reeleição Tarso Genro (PT), que disputa o segundo turno no Rio Grande do Sul, mas que está atrás do candidato do PMDB José Ivo Sartori.

Segundo o ministro das Relações Institucionais e integrante da coordenação da campanha da petista, a ideia é conquistar parte dos votos de Marina e fidelizar os votos de Dilma. "O segundo turno é uma eleição diferente. Vamos em busca de todos os votos possíveis. Dos da Marina, alguns do Aécio e também dos nossos", disse.
 

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