Roseana passa faixa a opositor com MA mais violento e com caos prisional

Carlos Madeiro

Do UOL, em São Luís

  • Beto Macario/UOL

    A governadora do Estado do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), no dia da votação

    A governadora do Estado do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), no dia da votação

Prestes a concluir seu quarto mandato como governadora do Maranhão, Roseana Sarney vai entregar a faixa ao novo governador para administrar o Estado em meio ao aumento da violência e com tensão explosiva no Complexo Prisional de Pedrinhas, em São Luís.

Neste domingo (5), o opositor dos Sarney Flávio Dino (PC do B) foi eleito com 63,5% dos votos, derrotando Edison Lobão Filho (PMDB)

Nos últimos anos, o Maranhão deixou de ser um Estado tranquilo para viver uma explosão de violência. Entre 2002 e 2012, a taxa de homicídios cresceu 162%, chegando a 26 por cada 100 mil habitantes –ainda menor que a média nacional, que é de 29 por 100 mil--, segundo dados do Mapa da Violência 2014.

Nessa década, o Maranhão foi o terceiro Estado com maior crescimento período, atrás apenas de Rio Grande do Norte e Bahia.

Dados atuais da Secretaria de Segurança Pública mostram que a violência segue crescendo em velocidade ainda maior. O mês de agosto de 2014 foi o mais violento da história na região metropolitana da capital, com 91 assassinatos. Neste ano, até o sábado (4), foram 672 mortes na Grande São Luís. O número já é maior que o total de 2012, quando foram 635 homicídios.

Em Pedrinhas, apesar da repercussão internacional da crise no início do ano, a situação ainda é de caos completo. Este ano foram registradas 19 mortes, mesmo com a ocupação da Polícia Militar e Força Nacional. Em 2013, pelo menos 60 presos foram mortos nas unidades do complexo.

Além disso, fugas, rebeliões e denúncias de corrupção de diretores resultaram no pedido de demissão do secretário de Justiça, Sebastião Uchôa.

Nos últimos dias, de dentro de Pedrinhas, presos ordenaram incêndio a ônibus em São Luís. Pelo menos 19 foram atacados nas duas últimas semanas, uma das razões que determinaram o envio da Força Nacional de Segurança para o Estado. Para conter os ataques, a polícia passou a fazer blitz e abordagens a ônibus em São Luís

Roseana se defende

Apesar dos números que contabilizam os homicídios mostrarem um grande salto, governadora disse que a taxa "aumentou muito pouco". "Ainda somos o 6º estado menos violento do país", disse.

Para Roseana, a violência no Estado pode ser explicada por três motivos.

"Primeiro, as drogas são um fator. E o Estado está desenvolvendo, crescendo a 15% ao ano. Isso é um chamativo também para as pessoas. E a gente precisa ter um pouco mais de estrutura, mas isso não é só no Maranhão, é um problema do país", afirmou.

"Temos avançado, mas nós temos esses percalços, não posso negar. Estamos todos, não só a governadora do Maranhão, mas os demais governadores, a presidente, para acharmos uma solução para esse caso", alegou Roseana.

Sobre a crise do sistema prisional, ela disse que vai deixar uma situação mais cômoda até o fim do ano. "Estamos fazendo um laboratório muito interessante. Estamos entregando quatro presídios com mais de 1.000 novas vagas, em parceria com Ministério da Justiça, com o judiciaário, com o MP e com a defensoria".

Fora a segurança, Roseana é só elogios aos seus últimos dois governos.

"Vou deixar um Estado muito melhor do que quando peguei. Tenho tranquilidade de dizer que avançamos muito em infraestrutura, educação, combate à pobreza. Na saúde, desafio alguém ter um programa tão avançado", disse após votar neste domingo", afirmou.

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