Marina sinaliza apoio a Aécio, mas deixa decisão ao PSB e Rede

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

  • Reprodução/Globo News

Em declarações após a derrota na disputa pela Presidência da República, Marina Silva (PSB) deu sinais de que pode apoiar Aécio Neves (PSDB) no segundo turno, mas afirmou que a decisão caberá a PSB, Rede e demais partidos da coligação que sustentou sua candidatura. A presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, e Aécio disputarão o segundo turno em 26 de outubro

Marina afirmou que sua candidatura está comprometida com mudança, pois esta é uma demanda da sociedade. "Sabemos que o Brasil sinalizou claramente que não concorda com o que aí está", disse. Quando questionada sobre se estava descartado apoio a Dilma, Marina tergiversou, mas afirmou que "70% [do eleitorado] fez esse movimento [a favor da mudança]."

Em 2010, quando era candidata pelo PV, Marina adotou a neutralidade diante da disputa de Dilma e José Serra (PSDB). Desta vez, no entanto, ela sinalizou que a tendência é tomar uma posição e citou como exemplo a união com Eduardo Campos após o fracasso no registro da Rede Sustentabilidade. 

"Minha postura, quando não foi feito o registro da Rede, de não me recolher a uma anticandidatura [ficar de fora da disputa], pode ser uma tendência. Eu assumi um compromisso com a mudança e em apoiar o Eduardo Campos", disse.

Para Marina, "o programa é a base de qualquer diálogo". "O que determinou o apoio a Eduardo Campos foi o compromisso com o programa. Mas não é um compromisso que tem que ser vão, tem que ser coerente. Coerente não só com o discurso, mas com as trajetórias", disse.

Ao longo desta semana, PSB, Rede e outros partidos da coligação irão definir suas posições no segundo turno. No discurso, lideranças dos partidos dizem que irão trabalhar por um posicionamento unitário das legendas. 

"Nossos partidos haverão de se reunir individualmente, depois nos reuniremos coletivamente, e queremos que o nosso processo se mantenha unido", disse. "Eu faço parte de um partido, ainda que seja um partido clandestino, mas é um partido. Temos uma aliança com vários partidos e o que decidimos é que queremos tomar uma posição conjunta, mantendo aquilo que nos uniu que é o nosso programa", declarou.

Ataques dos adversários

Após crescer nas pesquisas, Marina foi alvo de ataques de seus adversários, principalmente de Dilma. A ex-senadora não foi assertiva quando perguntada sobre qual campanha foi mais agressiva contra ela. "Puxa vida, vou ter que fazer agora um agressômetro [risos]. Eu acho que estou mais pelo sustentômetro", brincou.

"Eu tive, obviamente, uma postura por parte da candidatura oficial [de Dilma], uma postura de nos encarar como sendo a que ela mais temia de enfrentar, tanto é que todas as baterias foram viradas para nós", disse Marina, que chamou os ataques do PT de "marketing selvagem".

Marina não quis apontar algum erro cometido pela campanha. "Se não der para ganhar ganhando, eu prefiro perder ganhando. Neste momento estou aqui não como derrotada, mas alguém que sabe que continua de pé porque não teve que abrir mão dos princípios para ganhar a eleição."

O discurso de Marina foi dado em um espaço na zona oeste de São Paulo onde a campanha realizou vários eventos e gravou programas eleitorais. O pronunciamento de Marina durou cerca de dez minutos.

A candidata chegou a ficar com os olhos marejados quando abraçou seu vice, Beto Albuquerque, ao término do discurso. Em seguida, respondeu a perguntas de jornalistas.

Dezenas de militantes da Rede, dirigentes do PSB, como Roberto Amaral e Luiza Erundina, e integrantes da cúpula de campanha, como Neca Setúbal e João Paulo Capobianco, estiveram presentes. O marido e os quatro filhos de Marina também compareceram.

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