Marina encerra campanha em reduto petista ao lado de Erundina e ex-tucano

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

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    No carro aberto, Marina esteve acompanha de Walter Feldman (à esquerda de Marina) e Luiza Erundina (à direita); também esteve presidente Ricardo Young (PPS), no centro.

    No carro aberto, Marina esteve acompanha de Walter Feldman (à esquerda de Marina) e Luiza Erundina (à direita); também esteve presidente Ricardo Young (PPS), no centro.

A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva (PSB), escolheu o bairro de São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, para encerrar a campanha eleitoral, marcada por uma súbita ascensão, seguida de uma queda contínua nas pesquisas. Marina fez um breve corpo a corpo na praça Padre Aleixo --conhecida como Praça do Forró-- e depois seguiu em carreata pelas ruas centrais do bairro. 

No último ato de campanha, Marina esteve acompanhada, em um carro aberto, por uma ex-petista, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), que é coordenadora da campanha presidencial, e de um ex-tucano, o também deputado federal Walter Feldman (PSB-SP), coordenador geral da campanha e braço-direito de Marina. Também esteve presente o vereador Ricardo Young (PPS). O vice de Marina, Beto Albuquerque, não compareceu e porque estava em campanha no Rio Grande do Sul, seu Estado. 

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Carros fecham ciclovia na avenida Assis Ribeiro, zona leste de São Paulo, durante concentração para carreata de Marina Silva (PSB). O carro em destaque faz campanha para candidatos do PSD, que integra a coligação de Dilma Rousseff (PT), e não de Marina

No coração da periferia da zona leste, São Miguel Paulista é um bairro cuja maioria dos moradores tem origem no Nordeste –tanto é que uma das principais vias chama-se avenida Nordestina. A região é considerada reduto do PT. Nas eleições de 2012, o prefeito Fernando Haddad (PT) obteve cerca de 70% dos votos nas zonas eleitorais daquela área. No segundo turno das eleições de 2010, os petistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva fizeram um grande comício exatamente na Praça do Forró.

A exemplo do que ocorrera ontem no Rio, Marina negou-se a dizer que o ato era uma carreata, apesar de mais de dez carros, sem contar os da imprensa, terem acompanhado a camionete em que estavam a candidata e aliados. "Nós não fazemos carreata", disse. Segundo Marina, tratava-se de uma "caminhada cívica".

Na Praça do Forró, Marina tentou fazer corpo a corpo, mas enfrentou dificuldades por conta do grande número de cinegrafistas, fotógrafos e cabos eleitorais que a cercavam. Ainda assim, a ex-senadora cumprimentou alguns eleitores e tirou fotos.

Em seguida, deu uma entrevista coletiva em que tentou demonstrar confiança que estará no segundo turno, responsabilizou a "artilharia" de PT e PSDB por sua queda e negou que haja desânimo na campanha nesta reta final.  

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Carro com propaganda do candidato a deputado estadual João Caramez (PSDB) participa de carreata de Marina Silva e também fecha ciclovia

"A campanha está animadíssima, estamos vitoriosos, fizemos uma campanha limpa, bela, com o envolvimento da sociedade, a sociedade brasileira sabe da nossa determinação de que para nós não vale ganhar de qualquer jeito, qualquer custo a qualquer preço", disse.

Algumas dezenas de militantes acompanharam a atividade de campanha. Na Praça do Forró, cavaletes de candidatos de partidos que não estão na coligação de Marina foram derrubados. De pé ficaram apenas os cavaletes de aliados da candidata.

Críticas ao PT

Para tentar angariar votos, Marina lembrou a origem humilde e tratou de temas sensíveis à população de baixa renda, como a falta de creches, a inflação, o analfabetismo e suas propostas de implantar educação em tempo integral e o passe livre escolar. A ex-senadora também usou os escândalos de corrupção, e o que chama de "roubo da Petrobras", para atacar os adversários. 

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Caveletes de candidatos de partidos adversários foram derrubados durante ato de campanha de Marina Silva na praça do Forró, em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo

"O povo brasileiro não merece o tempo todo políticos nas páginas policiais. Não merece governantes envolvidos em esquemas de corrupção", disse. 

A candidata afirmou aos eleitores que a população obteve conquistas nos últimoas anos com muito esforço e que agora é necessário melhorar os serviços públicos. Marina disse que o governo federal tenta se apropriar do esforço da população.

"Tudo que voce conquistou com seu esforço não é um favor de governo nenhum. É o seu esforço, é o seu trabalho. Não é favor de governo nenhum como eles muitas vezes querem dizer." No final do ato, prometeu iniciar a campanha em São Miguel Paulista caso consiga ir para o segundo turno. 

Erundina protagonista

Ao longo da campanha, Erundina não teve participação efetiva em atos de campanha. Escolheu, inclusive, adotar o silêncio e não dar entrevistas a jornalistas. Durante a carreata, no entanto, a deputada, que concorre à reeleição, discursou por bem mais tempo do que Marina.

Paraibana, Erundina exaltou a origem dos moradores do bairro. "Cabeça chata e pescoço curto. Isso é cabeça boa!". E lembrou as eleições de 1989 à Prefeitura de São Paulo, em que estava atrás nas pesquisas até a véspera, mas acabou passando Paulo Maluf e se elegendo. ""Ninguém acreditava que eu ia ganhar. Nem o meu partido achava que eu ia ganhar, mas o povo virou no dia, O povo da zona leste virou a mesa", disse. "Amanhã (5) é a verdadeira pesquisa."

Campanha presidencial 2014
Campanha presidencial 2014

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