Não é bem assim: veja as imprecisões dos candidatos no debate da 'TV Globo'

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

No último debate na TV antes do primeiro turno das eleições, os candidatos à Presidência se encontraram na "TV Globo" sob um um clima de enfrentamento. Muitas foram as acusações, discussões e frases ríspidas. 

Em determinados momentos, os concorrentes ao cargo máximo da República lançaram mão de dados que não correspondem fielmente à realidade. Veja, abaixo, deslizes dos três candidatos mais bem colocados nas pesquisas eleitorais até agora.

1 - DILMA ROUSSEFF (PT)

"Hoje o Brasil pratica a menor taxa de juros de toda a sua história" 
Antonio Lacerda/EFE

A atual taxa básica de juros do Brasil não é a menor da história do país. Entre os meses de outubro de 2012 e março de 2013, a taxa básica de juros brasileira (Selic) estava em 7,25%. 

De lá para cá, com a deterioração dos principais índices econômicos do país (queda do crescimento e alta da inflação), o Banco Central imprimiu uma alta acumulada da Selic de 51,7%, fazendo com que o a taxa atingisse o índice atual, de 11%.

2 - MARINA SILVA (PSB)

"A senhora (Dilma Rousseff) tem feito uma série de acusações em relação a autonomia do Banco Central, que aliás a senhora defendeu em 2010. Agora, você diz que é contra também a autonomia do Banco Central" 
Yasuyoshi Chiba/AFP

Na realidade, Dilma Rousseff sempre defendeu e defende até hoje a autonomia do Banco Central, conforme reafirmou no debate da última quinta-feira a candidata à reeleição.

Em 2010, a posição de Dilma Rousseff, então candidata à Presidência, era a de defesa da autonomia do BC, nos moldes em que era praticada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

À época, José Serra, candidato do PSDB à presidência, criticava o excesso de autonomia do Banco Central para definir a taxa de juros, dizendo que o "BC não é a Santa Sé". Dilma, então, saiu em defesa da política de seu companheiro de partido: "Defendo a autonomia operacional do Banco Central. Acho que relações institucionais têm se pautar pela maior tranquilidade possível".

O que, na verdade, a presidente e candidata Dilma Rousseff agora critica, é a proposta de independência institucional do Banco Central, que é quando a presidência e a diretoria da instituição ficam no cargo por um mandato de período fixo, e sem responder à autoridade do Poder Executivo ou do Ministério da Fazenda.

É isso que defende Marina Silva, que, em seu programa de governo, prevê: "Assegurar a independência do Banco Central o mais rapidamente possível, de forma institucional, para que ele possa praticar a política monetária necessária ao controle da inflação.  

3 - AÉCIO NEVES

"O Brasil tem um problema grave na Previdência, até porque aquilo que se esperava para 2026, que era um déficit em torno de 1% do PIB, infelizmente já foi alcançado este ano" 

Antonio Lacerda/EFE

O déficit atual do sistema previdenciário brasileiro não atingiu a marca projetada para 2026. Na realidade, a projeção de déficit para 2026, é de 1,53%, ou 53% maior do que o informado por Aécio. 

De acordo com as mais recentes "Projeções Atuariais para o Regime Geral de Previdência Social", documento publicado anualmente pelo Ministério da Previdência Social,  o Regime Geral de Previdência Social do Brasil deverá ter um déficit de R$ 198 bilhões, ou 1,53% do PIB (Produto Interno Bruto) projetado para o mesmo ano. 

CONFIRA TRECHOS DO ÚLTIMO DEBATE ENTRE OS PRESIDENCIÁVEIS

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