Homofobia, drogas e aborto geram bate-boca entre Luciana, Eduardo e Levy

Do UOL, em São Paulo

A homofobia voltou a ser tema de um debate entre presidenciáveis, na "TV Globo", nesta quinta-feira (2). Os candidatos Luciana Genro (PSOL) e Eduardo Jorge (PV) criticaram o candidato Levy Fidelix (PRTB) por suas declarações contra a comunidade LGBT no debate realizado no último domingo (28) pela "TV Record".

O primeiro a criticar Levy foi Eduardo Jorge. "Proponho que você peça perdão pela sua fala no debate passado", disse Eduardo Jorge.

Levy Fidelix respondeu atacando Eduardo, dizendo que ele não tinha "moral" para criticá-lo por fazer apologia às drogas.

"Candidato, você não tem moral nenhuma. Você acima de tudo, propõe que o jovem consuma maconha. Faz apologia ao crime, está lá no Código Penal. Eu apenas, seguindo o que segue a Constituição, fiz com que as pessoas pensassem. A família tradicional, homem e mulher. Você não vai colocar o povo brasileiro para ir contra o que diz a Constituição que é o homem e a mulher", disse Fidelix.

"O SENHOR ENVERGONHOU O BRASIL"; VEJA TRECHOS DA DISCUSSÃO

Eduardo voltou a carga e disse que os dois iriam "se encontrar" na Justiça. "Vamos nos encontrar na Justiça, eu como testemunha. Se você quer me processar por minhas teses, faça. Quero aproveitar para reiterar que o senhor envergonhou o Brasil com sua atitude", disse Eduardo Jorge.

Luciana também atacou Levy.

Ao ser questionada se "teria palavra" para ser presidente, Luciana voltou ao tema da homofobia.

"Tu apavorou [sic], chocou, ofendeu e humilhou milhares de pessoas, com aquele discurso de ódio, de uma suposta maioria enfrentar uma suposta minoria. Isso no passado já aconteceu, e resultou no holocausto e na escravidão. Esse teu discurso de ódio é o mesmo que os racistas fazem contra os negros e os nazistas contra os judeus", disse Luciana.

Ela disse que o país carece de lei específica que combata a homofobia. "Para que pessoas que fazem um discurso como o seu saiam algemadas", disse. "É assim que você deveria ter saído daquele debate."

Em sua réplica, Levy tentou se defender. "Eu tenho direito de expressar minha posição católica cristã. Não estimulei nada. Você que turbinou no Twitter o tempo todo para me incriminar", disse Levy. 

Homofobia

Em debate realizado na noite de domingo (28) pela "TV Record", Levy associou a homossexualidade com pedofilia e afirmou que gays precisam de atendimento psicológico "bem longe daqui".

As declarações foram dadas após pergunta de Luciana Genro, que citou a violência a que a população LGBT é submetida e indagou Levy sobre os motivos pelos quais os que "defendem a família se recusam a reconhecer como família um casal do mesmo sexo".

"Aparelho excretor não reproduz (...) Como é que pode um pai de família, um avô ficar aqui escorado porque tem medo de perder voto? Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô que tem vergonha na cara, que instrua seu filho, que instrua seu neto. Vamos acabar com essa historinha. Eu vi agora o santo padre, o papa, expurgar, fez muito bem, do Vaticano, um pedófilo. Está certo! Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar", afirmou.

Na réplica, Luciana defendeu o casamento igualitário como forma de reduzir a violência contra a população LGBT. Na tréplica, entretanto, Levy subiu o tom e deu a entender que caso fossem dados direitos ao grupo, metade da população sairia do armário.

Por conta do episódio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, instaurou procedimento preparatório eleitoral (PPE) nesta quarta-feira (1º) para apurar as declarações homofóbicas do candidato à presidência pelo PRTB. De acordo com nota divulgada pela procuradoria, Fidelix tem 24 horas para prestar esclarecimentos sobre o caso.

Pesquisas

Este é o último debate entre presidenciáveis do primeiro turno das eleições. Ao todo, os principais candidatos à Presidência se enfrentaram cinco vezes desde o início das eleições. O primeiro turno das eleições será realizado no próximo domingo (5).

De acordo com a última pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta quinta-feira (02), Dilma lidera a corrida presidencial com 40% das intenções de voto. Marina Silva (PSB) tem 24%, e Aécio Neves (PSDB) aparece com 21%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa do Ibope, também divulgada nesta quinta-feira (2), mostra um cenário também acirrado entre Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB). Dilma lidera com 40% enquanto Marina aparece com 24% e Aécio Neves (PSDB), com 19%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. 

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