Não é bem assim: Veja imprecisões dos candidatos no 4º debate presidencial

Vinícius Segalla

Do UOL, em São Paulo

Os candidatos à Presidência da República que participaram de debate no último domingo (28) na TV Record cometeram algumas imprecisões e deslizes em suas perguntas, respostas e comentários. Veja, abaixo, algumas das principais afirmações dos presidenciáveis que não correspondem à verdade dos fatos.

1 - DILMA ROUSSEFF

Pedro ladeira/Folhapress

"Candidata Marina, a senhora mudou de partido quatro vezes nesses três anos"

Na verdade, Marina Silva trocou apenas uma vez de partido nos últimos três anos.

A candidata Marina Silva é filiada ao PSB. Este é o terceiro partido ao qual ela já pertenceu ao longo de sua carreira política, que teve início em 1984, quando assumiu um posto de vice-coordenadora da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no Acre. Em 1985, Marina se filiou ao PT, legenda que defendeu até 2009, quando migrou para o PV.

Em 2011, Marina deixou o PV para criar um novo partido, a Rede de Sustentabilidade. A intenção da candidata, porém, se viu frustrada, visto que não foi possível criar a nova legenda a tempo para as eleições de 2014. Assim, no ano passado, ela filiou-se ao PSB.  

"Eu dei autonomia à Polícia Federal para prender o senhor Paulo Roberto Costa" 

Na realidade, quem confere autonomia de investigação à PF - inclusive sobre instituições e pessoas ligadas a órgãos governamentais - é a Constituição Federal, conforme se lê em seu artigo 144, que descreve as atribuições do Departamento

"Apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme" (Parágrafo 1º)

2 - MARINA SILVA

(Xinhua/Rahel Patrasso)

"Dilma, o setor de álcool combustível tem pago um alto preço no seu governo. Cerca de 70 usinas fechadas, 40 estão em recuperação judicial e cerca de 60 mil empregos foram perdidos"

Marina Silva estava citando números compilados pela Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) e presentes em relatório fornecido à candidata em agosto do ano passado.

O documento, porém, afirma que "desde a crise financeira mundial, em 2008, até 2013, mais de 70 usinas já fecharam as portas no Brasil".

Ou seja, os dados a que Marina se referia são de 2008 a 2013, e não de 2011 para cá, que é o tempo que dura o governo Dilma.

"Votei favorável, sim" (à criação da CPMF - Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras)

Marina Silva nunca votou a favor da CPMF.

Segundo consta nos anais do Senado Federal, Marina Silva nunca votou favoravelmente à criação do tributo.

Em 1995 e em 1999, quando estava no PT e fazia oposição ao então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ela votou contra a proposta governista de instaurar a nova contribuição, conforme mostrou edição do dia 9 deste mês do jornal "O Globo".

Já em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva e o PT já haviam assumido o governo federal, os petistas mudaram de posição, e passaram a defender a prorrogação da cobrança do tributo. Marina Silva, à época, não registrou nenhum voto sobre o tema.

3 - AÉCIO NEVES

Danilo Verpa/Folhapress

"As últimas pesquisas, sem exceção, mostram que a única candidatura que só cresce em todo o Brasil é a nossa candidatura"

A candidatura Aécio Neves não cresceu em todo Brasil nas últimas pesquisas.

Em levantamento do Datafolha apurado nos dias 17 e 18 deste mês, o candidato tucano figurava com 8% das intenções de voto na região Nordeste. Já em pesquisa posta em prática pelo mesmo instituto nos dias 25 e 26 de setembro, Aécio Neves aparece com os mesmos 8% no Nordeste - ou seja, sem crescimento algum.

Além disso, na comparação entre os mesmos levantamentos, em outras duas regiões (Sul e Sudeste), a oscilação do tucano ficou dentro da margem de erro, ou seja, não pode ser considerada tecnicamente como um crescimento de fato.

Veja alguns dos embates entre candidatos no debate da Record

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