Levy Fidelix passa a ser responsável por morte de gays, dizem militantes

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

Após associar homossexualidade à pedofilia e afirmar que gays precisam de atendimento psicológico "bem longe daqui", durante realizado na noite de domingo (28) pela TV Record, o candidato à Presidência Levy Fidelix (PRTB) passa a ser "responsável" por gays mortos em crimes de homofobia, dizem militantes dos direitos LGBTTS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Simpatizantes).

"A partir de ontem, a mão dele está manchada com o sangue da comunidade LGBTT que é morta", disse Fernando Quaresma de Azevedo, presidente da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo). Segundo ele, uma pessoa LGBTT é morta a cada 26 horas no país.

Para Quaresma, ao fazer estes comentários o candidato deixa claro que é "uma pessoa totalmente despreparada. Ele procura temas polêmicos para ter visibilidade, porque ele não tem significado nenhum no cenário político".

Luiz Mott, fundador do GGB (Grupo Gay da Bahia), afirma que "com certeza ele passa a ter uma parcela de culpa pelos crimes homofóbicos que virão. Ao vomitar tanta intolerância ele passa a ter responsabilidade por esses crimes".

O presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), Carlos Magno, lamenta a ausência de uma legislação que penaliza comportamentos como o do candidato.

"Ele cometeu vários crimes no discurso. Lamentavelmente não temos uma lei que penalize a homofobia, porque, se tivesse, ele teria saído do debate algemado direto para a cadeia", afirmou.

As declarações repercutiram negativamente para o candidato nas redes sociais. Usando a hashtag #LevyVocêÉNojento no microblog Twitter, internautas mostraram indignação quanto às posições de Fidelix. O assunto era o segundo mais comentado na rede social no início da tarde desta segunda.

De acordo com a última pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto Datafolha e divulgada dia 26 deste mês, Fidelix não pontuou.

A reportagem entrou em contato com a campanha do candidato, mas a assessoria de imprensa não respondeu aos questionamentos feitos por email e telefone.

Medidas judiciais

Os representantes da ABGLT, do GGB e da APOGLBT disseram que pretendem entrar com ações na Justiça contra Levy Fidelix pelas declarações.

Mott disse que o GGB já "enviou representação ao MP e ao Conselho Nacional de Direitos Humanos solicitando a abertura de inquérito policial contra o candidato por instigar o ódio e a discriminação contra os homossexuais".

Abaixo-assinado

Um abaixo-assinado que pede a impugnação da candidatura de Fidelix por "violar os direitos humanos com um discurso preconceituoso, homotransfóbico, opressor e constrangedor" circula na internet.

Até o fechamento da reportagem a iniciativa já contava com centenas de assinaturas.

Em nota, a Rede Sustentabilidade, criada pela presidenciável Marina Silva (PSB), afirmou que "manifestamos publicamente o repúdio diante das declarações homofóbicas, segregacionistas e pseudo-científicas do candidato Levy Fidelix no debate da TV Record na noite de ontem. Sua narrativa anti-LGBT causou espanto, pois assume com linguagem agressiva os valores mais atrasados sobre sexualidade humana e cidadania, ao mesmo tempo em que explicita a todos sua profunda ignorância sobre o assunto."
 

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos